Em 2021, dois jovens pensaram em formas de impactar positivamente os pais, médicos e pacientes do Hospital de Amor, e criaram a Yellow, uma holding de comunicação, que lançou a rede social, Connect, para conectar esse público e facilitar as conversas durante o tratamento.
Os adolescentes se uniram na escola para doar brinquedos e ovos de Páscoa para crianças do Hospital de Amor Infantojuvenil, em Barretos. Em uma visita à clínica, Bruno Giangrande e Henrique Hotz, perceberam que os itens doados há anos ainda estavam sendo utilizados pelos pacientes e identificaram uma oportunidade de fazer a diferença para aquela comunidade.
“Pensamos fazer um projeto que teria um impacto mais longevo no hospital, e com isso a gente teve a ideia de desenvolver o Connect, que é o canal de comunicação entre os pais enlutados do hospital. Os pais se comunicavam no grupo de WhatsApp, que só era aberto um dia da semana, para que o hospital conseguisse organizar essa comunicação lá dentro”, explica Henrique, CFO da Yellow.
A holding já impactou quase 350 pessoas e doou 500 itens e a meta é, na primeira fase do Connect, que a plataforma atenda 250 pais, com uma projeção de alcançar até 1,5 milhão de usuários até 2025.
Connect funciona com sistema da Salesforce
A interface da rede social, funciona como o Slack, rede de conversas focada em empresas, com a administração da Yellow e moderação das interações pelo Hospital. A ideia dos fundadores é aperfeiçoar a plataforma dentro da comunidade de Barretos, para então expandir a atuação para outros hospitais e impactar mais pessoas.
A principal ideia do Connect é unir pais enlutados, que perderam crianças para a luta contra o câncer, dando um respiro e propósito a esse momento de solidão. “O hospital nos apresentou a ideia de fazer o projeto com os pais enlutados, o que gera uma comunidade bem ativa, e com isso a gente foi desenvolvendo o canal, que foi lançado no evento anual Acolher, que é destinado para esse público. Nesse dia, ajudamos os pais a entrarem no canal e a conhecerem um pouco sobre como ele funciona”, conta Hotz.
Holding recebeu investimento de grandes empresas
A healthtech iniciou suas atividades no dia 13 de julho, e recebeu um investimento de R$ 55 mil, fruto da parceria entre Minerva Foods, BN (Bueno Netto) e Noad. Segundo o CFO, parte desse aporte foi destinado para o desenvolvimento e funcionamento da rede social, que foi criada em parceria com amigos dos estudantes.
De acordo com Henrique, a conexão com as empresas aconteceu através de eventos do Hospital, que já contavam com o patrocínio das marcas. Os jovens viram ali uma oportunidade de conseguir um financiamento para iniciar a atuação da plataforma, e decidiram se apresentar para representantes das companhias e apresentar seus pitches.
Ideia da healthtech surgiu de situações vividas pelos fundadores
“A gente tem familiares que passaram por uma situação parecida, lidando com o câncer, e sabemos como isso é difícil para as famílias. É uma dor inimaginável, especialmente para um pai que perde um filho. Não tem como medir isso. Quando você vê essa dor de perto, você sente a necessidade de ajudar de alguma forma. Por isso, pensamos em criar um espaço onde essas pessoas possam encontrar apoio psicológico e construir uma comunidade de quem já passou por essa experiência”, detalha o CFO sobre a ideia por trás da criação do projeto.
Um estudo do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) revelou que apenas 33% das pessoas acima de 55 anos falam sobre a morte, e 82% dos entrevistados afirmam que não há nada mais doloroso que a dor da perda. Para os criadores da rede social, falar sobre o tema, especialmente durante o luto, pode tornar o processo menos doloroso.
“Ter um grupo onde você pode compartilhar esses sentimentos não vai fazer a dor desaparecer, porque ela nunca vai embora, mas ajuda a diminuir o peso. Isso torna tudo um pouco menos difícil. Além disso, ter esse conforto emocional, com uma comunidade de pessoas que entendem o que você está passando, faz toda a diferença”, afirma Henrique.
Inspiração para jovens além do hospital
Os fundadores da plataforma sempre sonharam em empreender e acreditam que a história do desenvolvimento do negócio pode servir de impulso para outros adolescentes e adultos a darem o primeiro passo em suas empresas. “Não existe uma hora certa para começar a empreender. Se você tem uma ideia em que acredita, vá até o final com ela. As dificuldades virão, mas você precisa persistir e fazer acontecer. Sempre acredite no seu sonho, mas mantenha os pés no chão, criando metas alcançáveis e sendo realista sobre os desafios. Não deixe que as pessoas digam que você não pode realizar algo—acredite em si mesmo e siga em frente”, finaliza Hotz.
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