Marília Diniz é fortalezense, torcedora do Ceará, mãe de pet, bissexual, autodeclarada parda, pisciana, ciclista amadora, filha de dona Eliane e neta de dona Edinir. Acima de tudo isso, Marília é uma mulher de luta. E todas as suas características e qualidades contribuem para sua trajetória marcante no ecossistema empreendedor de sua região.
“Sou filha de pais separados. Passei boa parte da infância sem a presença do meu pai. Então, fui criada pela minha mãe, eu e meu irmão mais velho. Não tivemos uma infância muito abastada. Nunca faltou o básico, mas não sobrava muito. E minha mãe sempre batalhou muito para criar os filhos com dignidade. Posso dizer que vencemos”, lembra.
Quando terminou o ensino médio, prestou vestibular para um curso que, na época, ainda nem se entendia direito o que era: engenharia de teleinformática. “Cheguei na sala para fazer a prova e só tinham homens lá. Eu fiquei desconfortável. Aí, decidi por estudar Administração, porque achei que me daria mais oportunidades”. E acertou em cheio na escolha.
Marília Diniz começou a trabalhar cedo, aos 16 anos. Até hoje, prestes a completar 35 anos, nunca mais parou de trabalhar. Já trabalhou vendendo pesquisa, cartões de crédito, títulos de capitalização… E, em 2012, chegou ao Sebrae, instituição da qual fez parte até 2021.
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Lá, trabalhou em uma série de áreas de negócios tradicionais, como agronegócio, indústria, academias, moda e até funerárias, até que finalmente chegou à economia criativa. “Comecei a trabalhar com design, moda, gastronomia, tatuagem e games, por exemplo. Foi aí que começamos a entender melhor o movimento de startups”, conta.
Em 2017, o Sebrae-CE começou a estruturar seu primeiro programa de pré-aceleração de startups, e foi neste ecossistema que Marília se encontrou. “Eu me apaixonei pela dinâmica, pela forma como os indivíduos que compõem o ecossistema são próximos uns dos outros, como as pessoas colocam a mão na massa para criar e fazer acontecer”.
Atuação de Marília Diniz na Rapadura Valley
Quanto mais os participantes se engajavam com as atividades do Sebrae-CE e cresciam seus negócios, mais Marília se envolvia. “Eu acreditava muito que nossa ação poderia fazer a diferença na vida dessas pessoas. Nessa época, o ‘sudestecentrismo’ ainda não estava olhando tão fortemente para o nordeste como berço de oportunidades”, diz.
Hoje, felizmente, esse cenário está mudando de forma exponencial. A Rapadura Valley, comunidade da qual Marília Diniz é uma das lideranças, já foi premiada duas vezes como “Startup do Ano” no Startup Awards, premiação anual que celebra os maiores destaques do cenário de inovação no país. A comunidade, que já tem cerca de uma década de existência, conta ainda com dezenas de espaços e hubs de inovação, e milhões de reais anualmente sendo aportados em suas startups, fazendo com que Fortaleza seja um dos mais relevantes polos de inovação e empreendedorismo do Brasil atualmente.
“Em 2020 o pessoal começou a olhar com mais atenção para o nordeste. Até 2018, o resto do Brasil não olhava para a gente com os olhos de hoje, então a gente precisava fazer esse intercâmbio, de levar gente do sudeste para o Ceará, ou levar os empreendedores cearenses para os eventos no sudeste. Era importante mostrar para essas pessoas quão bacana era o movimento que estava sendo criado em Fortaleza”, conta.
Com as atividades de capacitação e fomento dos negócios de inovação em Fortaleza, a comunidade também foi se fortalecendo. Em setores tradicionais, era comum que o Sebrae precisasse fazer campanhas e campanhas para que as pessoas participassem de iniciativas. Não foi o caso da comunidade de inovação: “A comunidade de Fortaleza sempre engajou nas atividades, o pessoal ama ver as coisas acontecendo e fazer parte delas.”
Acontece que nem a faculdade de Administração, nem os anos de experiência em setores tradicionais prepararam a Marília para trabalhar, necessariamente, com startups. Há seis anos, poucas pessoas conheciam tão a fundo esse universo. Para aprender sobre ele, Marília se cercou de quem sabia. “Precisei me relacionar, trocar experiências com quem já sabia, como o Amure Pinho, Felipe Matos e o Mackeenzy, por exemplo. Eles iam lá trocar experiências com o pessoal da comunidade, e eu estava lá, aprendendo junto.”
Ao todo, Marília Diniz já ajudou a realizar mais de 70 eventos para a comunidade da qual faz parte, participou da organização de 6 programas de pré-aceleração e mentorou cerca de 500 startups – muitas delas participantes da Inovenow, edtech cearense de educação empreendedora. Ela conhece, na teoria, tudo o que se tem para conhecer sobre negócios de sucesso. E agora também conhece na prática: durante a pandemia, Marília e Laura, sua esposa, decidiram empreender. “Foi bom para eu poder colocar as metodologias e técnicas em prática, principalmente porque na época eu estava fazendo uma pós-graduação em gestão estratégica de marketing”, comenta.
Agora, Marília Diniz e Laura moram em São Paulo, segundo ela, para “experimentar como é morar aqui”. Mas seu propósito – e seu coração – são e sempre serão cearenses. “O que eu sei é que eu quero continuar trabalhando em prol da comunidade, que meu trabalho tenha um aspecto positivo para as pessoas. Isso que eu busco. E melhorar como ser humano, para melhorar e evoluir, para fazer o bem. Que a minha passagem seja positiva.”
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