* Por Paulo Justino
Em um cenário de aceleração digital, a inovação precisa ser encarada como requisito obrigatório para empresas de qualquer setor que desejam crescer e se estabelecer no país. Entretanto, é preciso reconhecer que não se trata de uma missão fácil. Apesar de todas as lições trazidas (e até incorporadas pela pandemia de covid-19), as organizações brasileiras ainda estão aquém do que realmente podem entregar.
Para se ter uma ideia, no Índice Global de Inovação (IGI) de 2021, compilado pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (WIPO, na sigla inglesa), mostra que o Brasil ocupa a 57ª colocação num total de 132 países – dez posições atrás de seu melhor desempenho no longínquo ano de 2011. Entretanto, há alguns setores que se destacam justamente pela presença de startups e o desenvolvimento de novos modelos de negócios. São eles que podem servir de exemplo para as demais áreas. Confira:
1 – Fintechs e as instituições financeiras
A primeira posição da lista, evidentemente, fica com as fintechs, isto é, startups que utilizam a tecnologia para resolver problemas relacionados ao mercado financeiro. Esse setor demonstrou nos últimos anos uma performance, valorização e oportunidades gigantescas e conta com exemplos como a Nubank e outros gigantes. A evolução foi tão grande que está promovendo uma verdadeira desburocratização na área, estimulando soluções digitais para diferentes serviços.
2 – Healthtechs e o setor de saúde
Outro nicho que passou por um profundo processo de inovação foi o de saúde. A pandemia de covid-19 foi o empurrão que faltava para que médicos, hospitais e consultórios investissem em soluções digitais. As healthtechs contribuem tanto com questões administrativas como prontuário eletrônico e o uso de dados, até no diagnóstico e no auxílio de cirurgias. Evidentemente, isso ocorre não só no Brasil mas em todo o mundo – o que faz com que seja uma grande oportunidade de investimento por ainda ter margem de crescimento nos próximos anos.
3 – Agrotechs e a inovação no campo
Independentemente da crise econômica e do cenário de incerteza no Brasil, um setor específico sempre se coloca como destaque no PIB nacional. Não é exagero dizer que o agronegócio sustenta o país: logo no primeiro mês de 2022 a balança comercial da área registrou superávit de US$ 7,7 bilhões, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Assim, especificamente em nosso país, as agrotechs, que oferecem soluções tecnológicas para o campo e a lavoura, são excelentes espaços de inovação – e de negócio.
4 – Varejo e seus canais digitais
Estudo da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) mostra que o setor, no Brasil, cresceu 19% em 2021, e a expectativa é que apenas em 2022 cerca de quatro milhões de pessoas deverão fazer suas primeiras compras on-line. A movimentação dos canais digitais de venda no varejo segue em alta após dois anos de pandemia de covid-19. O setor se destacou por avançar a passos largos e permitir que as empresas pudessem manter suas operações mesmo com a suspensão do atendimento presencial nos pontos de venda físicos entre 2020 e 2021.
5 – Edtechs e a educação
Por fim, as edtechs, startups que combinam tecnologia no setor de educação, despontam como importantes centros de inovação no país. Não apenas pela necessidade de educação remota a partir da pandemia de covid-19 e a própria mudança no comportamento dos jovens estudantes em relação às aulas mas, sobretudo, pela expansão do metaverso e a criação de ambientes digitais que podem proporcionar a mesma experiência (ou até melhor) do que a sala de aula tradicional. É uma área com grande potencial no ecossistema de inovação brasileiro.
Paulo Justino é Fundador e CEO da FCJ Venture Builder, investidor e mentor de startups. Possui 36 anos de experiência na área de tecnologia. Atuou como CIO no Triângulo Mineiro e como diretor comercial por 15 anos. É formado em Administração pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e em Marketing pela Estácio de Sá.