A colaboração é o conceito fundamental para avaliar as competências indispensáveis das equipes de TI nas mais ágeis organizações. As aptidões são necessárias, mas insuficientes. Para brilhar, a equipe de tecnologia precisa de novas habilidades que contemplem o trabalho colaborativo. Com a revolução digital, mudanças foram demandadas nos velhos departamentos de TI, pressionando-os a ir além das funções de gerenciar infraestrutura e serviços básicos, como mostra o estudo exclusivo publicado na nova edição da revista MIT Sloan Review Brasil.
De acordo com relatório recente do Fórum Econômico Mundial, a falta de competências em TI e a necessidade de treinamentos são as responsáveis pelo atraso na transformação digital. Segundo a reportagem, a escassez de talentos em TI não está relacionada à falta de qualificação específica em aspectos tecnológicos, mas, sim, à falta de habilidade para solucionar problemas e identificar oportunidades.
Após entrevistas com lideres de TI de diversos setores e do estudo de caso de uma empresa de telecomunicações europeia, a publicação identificou quatro competências comportamentais exigidas nos negócios digitais. São qualidades que transcendem a proficiência técnica e incluem habilidades interpessoais e motivação para o aprendizado contínuo, fazendo com que os talentos de TI consigam atender às demandas de negócio atuais e futuras. São elas:
Saber gerenciar a complexidade da função: Os departamentos de TI são, cada vez mais, vistos como parceiros de negócios e facilitadores estratégicos. Com isso, as equipes de TI precisam assumir de forma mais direta o papel de criar valor, por exemplo, participando das decisões que afetam a experiência do cliente. As funções de TI também estão se tornando mais complexas, porque requerem pessoas capazes de colaborar com colegas com diferentes especializações. As empresas estão buscando pessoas com experiência em diferentes áreas para formar equipes. Elas também estão em busca de profissionais com perfil T (T-shaped), aqueles que, além de experiência profunda em uma área, têm conhecimento adicional suficiente para trabalhar em conjunto com especialistas de outras áreas a fim de atender a demandas complexas.
Conectar, colaborar e integrar conhecimento rapidamente: Progressivamente, as organizações afetadas pela disrupção digital estão substituindo o modelo tradicional de gestão hierárquica por modelos de colaboração ágil, com equipes capacitadas a tomar as decisões e a executá-las. Segundo os líderes entrevistados, times com autonomia geralmente desenvolvem, testam e lançam soluções mais rapidamente do que aqueles que seguem modelos hierarquizados. Outro apontamento dos dirigentes foi que ao delegar a tomada de decisão para os especialistas – os profissionais de TI – as empresas estão capacitando vários níveis de profissionais ao mesmo tempo.
Abraçar e gerenciar demandas conflitantes: A era digital requer que as áreas de TI gerenciem demandas conflitantes. Primeiro, os departamentos precisam se destacar no papel tradicional de fornecer infraestrutura, serviço de alta qualidade e segurança, melhores e com menos custos. Ao mesmo tempo, seus profissionais têm de atuar como facilitadores de negócios, ajudando a empresa a identificar e aproveitar as oportunidades criadas pelas tecnologias emergentes. Isso exige mudar de uma postura de reagir a demandas para uma atitude proativa. Os novos profissionais de TI são ambidestros: têm as competências técnicas tradicionais e a capacidade de integrar equipes colaborativas.
Dominar as necessidades de aprendizado e adaptação contínuos: A era digital acelerou o ritmo das mudanças, deixando mais difícil prever as habilidades específicas que serão necessárias, mesmo no curto prazo. Isso faz com que a educação contínua, no trabalho e fora dele, seja um aspecto crítico para profissionais de TI e para as empresas. Tanto os profissionais quanto seus empregadores concordam que a capacidade de aprendizado contínuo, aproveitando as próprias experiências e as dos demais, é fundamental para desempenhar melhor as atuais funções e se preparar para as que serão necessárias no futuro.
As competências citadas são as capacitações que os profissionais de TI podem e devem aprender para ter um bom desempenho em suas novas funções e redefinir os papéis em suas empresas. Além disso, elas proporcionam a chance para que os colaboradores atualizem continuamente suas habilidades técnicas em tarefas específicas e, ao mesmo tempo, desenvolvam habilidades interpessoais e o hábito de aprender ao longo da vida – o lifelong learning -, o que vai ajudá-los a construir carreiras duradouras em áreas de negócios dinâmicas.