O alerta do G7 sobre os riscos da computação quântica para a segurança cibernética das instituições financeiras ressoa em todo o mundo, inclusive no Brasil. Os computadores quânticos, com sua capacidade de quebrar a criptografia atual, representam uma ameaça real e iminente para os sistemas financeiros globais.
O Grupo de Especialistas em Cibersegurança do G7 (CEG), liderado pelo Tesouro dos EUA e pelo Banco da Inglaterra, emitiu um comunicado público alertando as instituições financeiras sobre os riscos de cibersegurança relacionados à computação quântica. O comunicado enfatiza a necessidade de ações imediatas para mitigar essas potenciais ameaças.
Computadores quânticos, previstos para surgir em uma década, podem quebrar os métodos criptográficos atuais utilizados para proteger dados financeiros. O CEG recomenda que as entidades financeiras desenvolvam agora estratégias de resiliência quântica, incluindo:
• A adoção de novos padrões de criptografia quântica;
• A avaliação dos riscos;
• A criação de planos para mitigar as ameaças quânticas.
O comunicado do G7 CEG destaca que, embora os computadores quânticos com capacidade de quebrar a criptografia atual ainda não existam, eles podem surgir em uma década. Isso significa que dados transmitidos anteriormente, que podem ter sido interceptados por cibercriminosos, também estariam em risco. (Fonte: The Quantum Insider)
Mas o Brasil não está parado no tempo!
O país, consciente da crescente importância da cibersegurança em um mundo digitalizado, tem investido no desenvolvimento de tecnologias quânticas por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). O programa brasileiro, que já destina R$66 milhões para a pesquisa em comunicação, computação e sensores quânticos, demonstra uma postura proativa e estratégica frente à corrida tecnológica global.
O QuIIN, primeiro Centro de Competência em Tecnologias Quânticas do Brasil, é um exemplo concreto desse avanço. Com investimento de R$ 60 milhões, o centro atua em diversas frentes:
- Educação e Capacitação: Formação de profissionais e pesquisadores na área de tecnologias quânticas.
- Pesquisa: Desenvolvimento de projetos e pesquisas em diversas áreas das tecnologias quânticas.
- Fomento à Inovação: Fomento a startups e a interação entre empresas, universidades e fundações de PD&I.
E na área de cibersegurança, o SENAI CIMATEC, por meio do Centro de Competência EMBRAPII em Tecnologias Quânticas, tem se destacado com o desenvolvimento de sistemas de comunicação quântica segura.
Cibersegurança e o impacto da computação quântica: um futuro mais seguro?
A computação quântica está rapidamente se consolidando como uma revolução tecnológica, com o potencial de resolver problemas complexos que os computadores clássicos não conseguem. No entanto, essa evolução também traz uma ameaça significativa: a vulnerabilidade das chaves criptográficas atualmente consideradas seguras. Essas chaves são fundamentais para garantir a proteção de informações confidenciais e a segurança na comunicação de infraestruturas críticas.
As técnicas de criptografia atuais são baseadas na dificuldade de se quebrar as chaves utilizando computadores clássicos. Entretanto, com o avanço da computação quântica, essa barreira pode ser superada. Para mitigar essa ameaça, a criptografia quântica surge como uma solução promissora. Diferentemente dos métodos tradicionais, sua segurança está fundamentada em princípios da mecânica quântica, impossibilitando sua quebra mesmo com computadores quânticos.
Embora essa tecnologia seja alvo de pesquisa há mais de 30 anos, foi o recente desenvolvimento dos computadores quânticos que impulsionou significativamente seu avanço. O Brasil, apesar de contar com uma comunidade científica ativa na área de ciências quânticas, ainda enfrenta desafios na aplicação prática dessa tecnologia. Faltam iniciativas empresariais nacionais que desenvolvam ou ofereçam soluções no campo da criptografia quântica, além de haver uma carência de profissionais capacitados para implementar e avaliar soluções de segurança adaptadas ao cenário quântico iminente.
Para a professora Valéria Loureiro da Silva, coordenadora do QuIIN e líder do Laboratório de Engenharia Óptica e Fotônica, esse panorama reforça a importância de fomentar o desenvolvimento da tecnologia quântica no país. “O Brasil precisa avançar não apenas na pesquisa, mas também na criação de um ecossistema sustentável que una a academia, empresas e o governo na busca por soluções seguras para o futuro da computação quântica”, destaca.
Iniciativas como a do QuIIN visam acelerar o desenvolvimento e a inovação nesse setor, especialmente no que se refere à segurança da informação. Por meio de pesquisa, capacitação de recursos humanos, apoio ao empreendedorismo e à criação de uma Associação Tecnológica, o objetivo é garantir que o Brasil acompanhe o ritmo global dos investimentos em tecnologias quânticas, posicionando-se como um player estratégico na garantia da segurança e soberania nacionais diante da nova era tecnológica.
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