O Sistema de Pagamentos Instantâneos revolucionará o mercado, trazendo novas formas de pagar qualquer tipo de produto ou serviço. Por meio do PIX, nome escolhido pelo Banco Central para a funcionalidade que estará disponível ao público a partir de novembro, não somente as empresas e órgãos públicos serão impactados, mas toda a população, inclusive os desbancarizados.
Na China, por exemplo, é raríssimo encontrar maquininhas de cartões: as transações ocorrem livremente por meio de QR Codes e smartphones. “A China é o país mais avançado nesse novo sistema, mas o grande problema por lá é que duas empresas dominam o mercado e o dinheiro não transita entre elas. No Brasil não será assim. O que diferencia o projeto brasileiro é justamente a capacidade de abranger todos estes modelos atuais de pagamentos, garantindo de forma democrática o acesso e a interoperabilidade entre os diversos participantes”, afirma Bruno Samora, gerente da B.U. de Retail da Matera, empresa que desenvolve produtos para core bancário, meios de pagamentos e gestão de riscos e atende empresas do mercado financeiro, varejo e fintechs.
Quando questionado sobre quem serão os maiores beneficiados no Brasil, Samora é enfático ao dizer que o pagamento instantâneo será para todos. “O projeto que se desenha servirá desde o pagamento do churrasco do fim de semana com os amigos até o pagamento daquele imposto que hoje depende de uma guia específica de recolhimento. No futuro, será possível fazer um pagamento que efetive algum tipo de contrato ou documento. Que tal comprar o carro e junto com o pagamento já fazer a transferência num passo só? É esse tipo de conveniência que teremos”, analisa o especialista.
A primeira grande mudança vai ocorrer nos custos das transações. Por exemplo, um pagamento com cartão, ao custo de R$ 100 dentro de uma loja, passa por diversos intermediários que participam dessa cadeia: banco, maquininha, bandeira, etc. Por isso, o varejista ou comerciante não recebe os R$ 100, mas sim uma parte deles, que ainda levará dias para cair. Todos esses custos são embutidos nos produtos, encarecendo para o cliente final. Com o pagamento instantâneo, além do dinheiro cair na hora, os custos serão baixíssimos – menos de um centavo por compra – pois não existirão adquirentes, bandeiras e emissores de cartão, por exemplo, o que reduz os valores das mercadorias.
Mas como será a recepção de toda essa nova tecnologia para a terceira idade, por exemplo? Algumas dessas pessoas ainda estão acostumadas a pagar contas de água e luz em dinheiro nas lotéricas e podem exigir um pouco mais de adaptação, mas nada que não seja gradativo. Samora conta que já existem muitas pessoas da terceira idade que são usuários de soluções de fintechs, o que já garante maior proximidade. Além disso, existe uma preocupação com relação à experiência do usuário final, de forma que seja mais simples e efetiva para todos. “Toda tecnologia nova traz consigo uma mudança que pode gerar dificuldade, mas de qualquer forma, deverá haver um grande incentivo na busca de melhores soluções que possam incluir um público cada vez maior”, afirma.
Para ele, uma das principais limitações para a tecnologia no Brasil pode ser o costume do brasileiro em usar o cartão físico, porém será uma barreira vencida pelo cansaço, ou melhor, pela praticidade e agilidade que o pagamento instantâneo vai oferecer a todos. “A boa notícia é que, em última instância, o beneficiado será o consumidor. Com a pandemia da covid-19 e as orientações para se evitar pagamento com dinheiro, as pessoas estão começando a entender melhor os benefícios que a tecnologia traz”, finaliza.