A cada mês, o índice de aporte em empresas vem aumentando. Em janeiro de 2022, as startups receberam mais de R$ 1,9 bilhão de investimentos. No ano passado, a quantidade de rodadas bateu recorde, e as companhias brasileiras receberam US$ 9,43 bilhões, segundo relatório do Distrito, plataforma de inovação aberta e transformação digital da América Latina.
Mesmo que os números sejam positivos, muitos empreendedores ainda têm dúvidas sobre os processos de captação, o que fazer para atrair investidores e preparar um pitch matador para ter o merecido destaque no mercado.
Para ajudá-los nesse processo, demos início a uma série de matérias com dicas práticas de importantes investidores do mercado.
O segundo convidado é João Appolinário, CEO e fundador da Polishop, empresa varejista omnichannel brasileira, e um dos jurados do Shark Tank Brasil exibido pelo Sony Channel, programa onde o empreendedor apresenta seu negócio para um grupo de investidores, conhecidos como “tubarões”, que decidem se querem ou não investir na empresa.
Por onde começar?
João Appolinário explica que antes de buscar por captação, o empresário deve ter certeza de que sua startup tem uma estrutura sólida em cima da solução ideal e do propósito que quer levar para o mercado. “É importante que as ideias sejam testadas, validadas e executadas. Os investidores precisam ter certeza de que estão à frente de uma startup com oportunidades de crescimento, aceleração e capacidade de escala”, afirma.
Depois do conhecimento da sua resistência e durabilidade, o empreendedor deve buscar o recurso financeiro para que sua ideia de negócio saia do papel. Em um segundo momento, o CEO cita a busca pelo Smart Money, ou em português, dinheiro inteligente.
Normalmente, os investidores dessa categoria investem o capital, mas também trazem a educação para alavancar o negócio. Com as suas experiências, eles contribuem com insights importantes sobre o setor de atuação da startup, trazem alternativas para o modelo de negócio e completam o time com conhecimento em uma área crucial para a empresa. Eles apresentam uma combinação de vários desses fatores em menor escala, mas que são fortes o suficiente para acelerar o projeto. “Muito mais ajuda para fazer com que aquela ideia seja escalável e possa crescer”, explica João.
Por fim, ele deve de fato buscar capital de giro para que aquele negócio decole no mercado. Também conhecido como capital circular, é todo investimento que serve para manter a empresa em pleno funcionamento e todo valor está em forma de reserva. Ele é essencial para manter a saúde financeira de uma companhia.
Trajetória
A história de João Appolinário como empreendedor começou em 1995, quando teve a oportunidade de viajar para Miami, nos Estados Unidos. Além de aprender as técnicas de venda e marketing dos norte-americanos, ele conheceu produtos que auxiliavam no emagrecimento, algo inovador para a época.
Ao voltar para o Brasil, criou um plano de negócios com os alimentos para emagrecer e apresentou para especialistas, mas nenhum apoiou a ideia. Apesar da dificuldade inicial, ele seguiu com seu intuito e fundou a Seven Diet – futuramente Polishop. Seu primeiro produto foi uma sopa emagrecedora que era vendida através de comerciais na televisão e telefone. Na época, contou com o apoio financeiro do ex-piloto Emerson Fittipaldi, que também virou rosto do produto.
Em 2000 o negócio já era um sucesso, tinham mais de 30 produtos e João havia acabado de mudar o nome para Polishop. A estratégia do empresário era explicar o produto de forma detalhada ao consumidor, fazendo com que ele sentisse a necessidade e o desejo de comprar. Para isso, no início comprava espaço em canais da televisão menores e sem programação. Appolinário trouxe uma nova tendência para o mercado brasileiro, o infomercial, que seria a junção da informação do produto com o marketing do comercial.
Com práticas inovadoras, o CEO construiu o seu negócio. As primeiras lojas físicas da Polishop foram inauguradas em 2003, em shoppings de São Paulo. No ano seguinte, a empresa já tinha o seu próprio canal de TV, a Polishop TV. Em 2007, a companhia iniciou uma expansão internacional distribuindo produtos em toda América do Sul, Estados Unidos, Ásia e alguns países europeus. E não parou por aí, a empresa hoje lança anualmente mais de 150 produtos de beleza, saúde e casa.
Pitch matador
Da mesma forma que toca seu negócio, João busca empreendedores que tenham profundo conhecimento do segmento em que estão entrando e do negócio proposto ao mercado. No pitch, ele avalia o conhecimento do empreendedor em relação aos números internos da sua empresa e o conhecimento da necessidade do aporte para alcançar suas metas.
“O empreendedor precisa conhecer muito bem os seus números, a sua atividade e as dores do seu consumidor. Todas essas informações são importantes aparecerem no pitch para que os aportes sejam feitos”, reforça.
O que um investidor busca
O CEO afirma que busca um empreendedor com perfil ativo, que seja motivado e competente para coordenar um negócio próprio. “Também vou atrás de negócios que tragam algum aspecto novo para atender o consumidor. O cliente precisa de algo diferente, de uma forma nova ou renovada”.
Agora avaliando para além do conhecimento e das características do empreendedor, João analisa o segmento daquele negócio, o tamanho daquele mercado e as oportunidades que a área tem para oferecer. “É muito importante que o empreendedor saiba o tamanho do mercado em que está apostando. Ele também precisa estar ciente do quanto ele pode crescer, quais são as suas oportunidades, conquistas e desenvolvimento, e achar o seu espaço como startup, porque não basta ter uma boa ideia se você tem um mercado muito limitado”, completou.
Para conferir a primeira matéria desta série do Startupi, clique aqui! O último entrevistado foi o CEO da Chilli Beans, Caito Maia.
* Foto destaque: João Appolinário, CEO e fundador da Polishop. Crédito: Renato Pizzuto.
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