* Por Cátia Pereira
Podemos dizer que startups são empresas jovens que nascem de ideias, conceitos ou oportunidades, de conhecimento ou nicho específico impulsada por inovação e construída através de tecnologia, que pode ser disruptiva ou não, mas trazendo como característica a agilidade de resposta a uma demanda, capaz de ser replicável e escalável.
Isso significa que, com o mesmo modelo econômico, a empresa pode alcançar muitos clientes e gerar lucros em pouco tempo, sem um aumento significativo dos seus custos. Numa tradução mais simples, startup é um modelo ágil de negócio com crescimento acelerado e soluções inovadoras.
Este fator de inovação permite à startup atuar em um mercado incerto, ou seja, onde ainda não exista público-alvo totalmente definido, ou até que o mesmo esteja satisfeito com as soluções existentes, quer sejam desenvolvidas internamente pelas Organizações ou oferecidas pelo mercado, como produto de prateleira.
Diante desse cenário desafiador, se torna muito importante identificar rapidamente as oportunidades, sendo específico com o que se propõe atender e entregar como produto, serviço e valor aos clientes, o que permitirá acelerar seu crescimento e consequentemente seus resultados.
Para isso, é necessário estar antenado às inovações, movimentos de Transformação Digital, às tendências do mercado, ter clareza sobre seu campo de atuação / público-alvo e investir no seu principal ativo, uma equipe diversa, com forte skill tecnológico, versátil e ágil para que consiga se diferenciar
Os Centros de Serviços Compartilhados (CSC) por seu papel nas Organizações, tem liderado o processo de transformação que passa por três Pilares:
- Processo – Padronização e melhoria contínua, com foco na racionalização de recursos, produtividade e custo;
- Pessoas – Desenvolvimento e capacitação para torná-los agentes de transformação.
- Tecnologia/Inovação – Meio de Transformação.
O resultado combinado dos pilares acima, adicionam valor para além do que seria o “core” dos CSC´s, aportando insights a partir da transformação de dados em informação e abrindo espaço para a criação de Centros de Expertise para a Organização.
É justamente no Pilar Tecnologia e Inovação, que muitas empresas identificaram como oportunidade para acelerar o processo de transformação, avaliar soluções oferecidas por startups ou mesmo agir propriamente como incubadora, colocando demanda e trazendo recursos com habilidade e conhecimento capaz de transformar demanda em solução.
O grande benefício desta estratégia é justamente encurtar tempo e reduzir custo de desenvolvimento interno e usar agilidade, flexibilidade e habilidade de lidar com tecnologia das startups para criar uma solução nova ou mesmo adaptá-la segundo necessidade de um cliente ou mesmo do mercado.
Pelo seu próprio modelo de negócio, os produtos oferecidos pelas startups, ou melhor dizendo, soluções, tem escopo bem definidos por processo, área de atuação, é escalável e, por isto, tem um custo competitivo.
Tive a oportunidade de ver o nascimento de uma startup durante o Processo de Estruturação do Global Business Center da Ball na América do Sul. Durante o processo de mapeamento para Centralização, identificamos oportunidades de automação de atividades, desenvolvimento de relatórios, dashboards de controle, tudo alinhado à estratégia de transformação definida no Planejamento, onde otimização de estrutura, gestão ágil e experiência do cliente eram compromisso do Centro.
Os recursos que anteriormente eram mão de obra contratada, com a demanda gerada pelo Centro em construção, se organizou em uma empresa prestadora de serviço de RPA e aí, nasceu a startup, que ganhou rapidamente escala oferecendo serviço de automação/solução no Mercado. Na Ball, o case de automação e resultados obtidos, permitiram ir além, com a criação de um Centro de Expertise em RPA no GBS da América do Sul para o desenvolvimento e aceleração do processo de Transformação à nível Global. Para isto, a empresa seguiu contando com a startup enquanto recurso especializado para atendimento escalável, através de um modelo híbrido. E, iniciou aí também o processo de internacionalização da startup.
Tal experiência me leva a afirmar que independentemente do tamanho da empresa, ela pode ser um ambiente favorável para a incubação e aceleração de startups e normalmente os Centros de Serviços Compartilhados são o berço para este movimento, onde produtividade, controle, efetividade, agilidade e experiência do cliente, estão embutidos nos serviços entregue.
Os CSC’s vem ganhando protagonismo nas Organizações por impulsionar a transformação digital a partir de suas entregas e principalmente por agregar novos serviços tais como RPA, soluções de Business Intelligence, Analytics e Inteligência Artificial, além de servir de inspiração para as mesmas.
Para as startups que já estão na estrada, a dica é não perder a sua essência, olhar para a solução, ouvir o cliente, ser ágil e estar conectado com as novas tecnologias e com o mercado. E, para quem está iniciando agora, o conselho é saber buscar o parceiro certo que oferecerá um ambiente adequado para seu crescimento e fortalecimento do seu campo de atuação.
* Cátia Pereira possui mais de 26 anos de experiência no setor de serviços financeiro, com passagens por grandes empresas nacionais e multinacionais. Cátia possui experiência em Operações de Trade Finance, Operações Estruturadas, Captação de Recursos, Cash Management, Reestruturação Financeira, Planejamento Financeiro e Criação de Centro de Compartilhamento de Serviço (Estrutura Global). Gerenciou duas implantações de ERP – SAP na Tesouraria e a implantação de sistema de gerenciamento de risco financeiro.