Almocei com Mike Mosberg, presidente da empresa Mobli, sediada em Nova York. Entre um drink e outro, falando de celebridades (que não apenas adotaram a tecnologia da Mobli em massa como também chegaram a investir em ações), ele me revelou uma série de números.
Sim, escreve-se mesmo com i no final, não com y como seria de se esperar em inglês (o que deixaria o nome igual ao daquela startup brasileira, investida pela alemã Rocket, que vende móveis online). Lançado em 2010, o aplicativo Mobli foi criado em Israel por 4 israelenses. É lá na “Nação Startup” que trabalham 26 desenvolvedores da Mobli, enquanto outros 14 colaboradores trabalham com asuntos mais corporativos em Nova York – desde a abertura do escritório em 2011. Perguntei “por que Nova York?” e ele me disse que é uma cidade importantíssima para startups por causa da disponibilidade de capital e talento. “Mas, além disso, Nova York é uma cidade importante por tantos motivos. É um centro financeiro e econômico, mas também cultural, turístico e em diversas áreas”, pontuou o Presidente.
Estes foram os números básicos. O segundo tipo de número, 100 mil dólares, foi só um aperitivo provocante. Afinal, este número estampa um banner na página inicial da companhia e anuncia o valor do prêmio a ser entregue para a melhor foto postada no Instagram com a tag #mylastinstagram. Isto mesmo! Bem, ao menos a empresa não se finge de Teletubbies usa frases como “don’t do evil”. Por que isso, você deve se perguntar? Isto não teve uma resposta direta, mas Mosberg manteve-se dizendo que a companhia segue focada especificamente em entregar a melhor experiência ao usuário – sem se importar com o lado de negócios.
Receita não é algo que eles sintam falta no momento. A empresa recebeu duas rodadinhas bem no início da operação, somando 1,6 milhão de dólares, do próprio co-fundador Moshe Hogeg e da Morrix Holdings. Mais tarde, o sócio de Hogeg na Genesis Angels, o investidor Kenges Rakishev, sediado no Cazaquistão, injetou mais 20 milhões de dólares na empresa. Mas o que mais chama atenção são as celebridades que investiram na Mobli: Leonardo DiCaprio, Serena Williams, Lance Armstrong, Tobey Maguire – e especula-se que também Lukas Haas (ator que atuou ao lado de DiCaprio em Inception).
Outros números interessantes: eles já tinham 700 mil usuários brasileiros antes mesmo de terem uma versão em português. Foi só há 6 semanas que lançaram em português para iOS e há 1 semana para Android, mas isso já fez o número de usuários subir para 1,8 milhão.
Ok, mas o que o Mobli faz mesmo? Por que já foi aclamado por colunistas do Techcrunch como uma das melhores coisas já vindas da Terra Santa e o app que venceu os outros similares?
- O app deixa você criar um perfil (inclusive a partir de login com Twitter ou Facebook) e publicar fotos e vídeos;
- o app te dá uma série de filtos para as fotos, com o diferencial de o processamento acontecer todo no servidor, não localmente no seu celular (é assim que acontece em outros apps, o que faz com que o aparelho faça bastante processamento e gaste muito mais bateria). Os vídeos também ganham filtros;
- além de geolocalizar suas fotos e vídeos, o app ainda fornece alguns filtros especiais disponibilizados apenas para quem fizer as fotos em determinado local ou em determinadas ocasiões (como em uma final de campeonato, por exemplo). Perguntei ao Mike se é desta forma que a empresa pretende ter faturamento, vendendo este serviço para marcas, mas ele disse que a empresa não está pensando em formas de faturamento;
- o Mobli deixa alternar facilmente entre a câmera frontal e traseira do iPhone, mesmo quando já está em gravação de um vídeo;
- os vídeos não precisam ser contínuos (você pode pausar a gravação e mirar em outra direção, por exemplo) e não tem limite de tamanho (como o Vine, que só permite 6 segundos);
- o app deixa você seguir pessoas – e pessoas seguirem você – e deixa você seguir comunidades (na verdade, você segue uma hashtag, que msotra quantas pessoas estão seguindo e quantas fotos estão postadas). O bacana é que, da mesma forma que sua homepage mostra atualizações das pessoas que você segue, também mostra das comunidades/hashtags;
- o app sugere tags baseado no local e no horário em que você está publicando algo;
- suas publicações podem ser vistas no link do seu perfil, em qualquer computador e seus vídeos podem ser “embedados” (o sistema entrega códigos para incorporação dos vídeos em outros sites/blogs);
- o app permite troca de mensagens entre as pessoas;
- desenvolvedores podem utilizar a API do Mobli para criarem ou adaptarem funcionalidades.
Ao meu ver, trata-se de muito mais do que um “Instagram que também permite vídeos” ou um “Vine que não tem limite de duração dos vídeos e também permite fotos”. Dá um passo além no conceito de “rede social no bolso”. Considerando que tem claros diferenciais competitivos com relação aos apps móveis de redes sociais e com relação a apps de fotografia e vídeo, especialmente porque integra tudo, dá pra entender por que tanta gente botou tanto dinheiro na Mobli e por que tanta gente está aderindo.