A Boston Scientific Brasil apresentou a HoloTable, equipamento que flerta com o metaverso e promete otimizar os treinamentos da área da saúde. A empresa já está utilizando o produto em seus workshops e pretende ampliar o uso para garantir que mais profissionais de saúde passem pelo treinamento.
Enquanto o equipamento projeta um holograma sobre sua superfície, os usuários usando óculos específicos que utilizam a tecnologia HoloLens, da Microsoft, interagem em uma realidade virtual mista e multiplayer. Isso significa que uma equipe multidisciplinar composta por cirurgiões, médicos auxiliares e enfermeiros, por exemplo, consegue simular em alta qualidade procedimentos complexos em pacientes avatares.
“Poderemos, por exemplo, ter dois professores especialistas instalados em dois locais diferentes do mundo interagindo em um mesmo ambiente virtual e explicando o procedimento para outras dezenas de pessoas também espalhadas pelo globo. Isso porque os devices se conectam à internet e ainda contam com uma câmera que permite a transmissão do mundo real”, comenta Flávio Toledo, diretor da unidade de negócios Peripheral Interventions, responsável pelo desenvolvimento do projeto em parceria com especialistas em realidade virtual.
Com essa tecnologia, a empresa afirma que os os ganhos são diversos. O primeiro deles está no acesso à educação de alta qualidade. Em países continentais, como o Brasil, nem sempre é possível garantir o mesmo nível de instrução a toda a classe médica nacional, com essa tecnologia, será possível. “Em um curto prazo, por meio da tecnologia, conseguiremos igualar o conhecimento em saúde”, detalha o diretor.
“A pandemia ajudou a acelerar muitos processos e tecnologias. As aulas virtuais são um exemplo. Acredito, agora, que teremos para sempre um modelo híbrido, que mescla os dois cenários”, diz Eduardo Verges, presidente da Boston Scientific Brasil. “A ideia é sempre melhorarmos nosso serviço apoiando médicos e pacientes, trazendo mais eficiência ao sistema e encontrando soluções”, diz.
O que dizem os especialistas?
Para Arno Von Ristow, cirurgião vascular, endovascular e especialista em angiorradiologia e em radiologia intervencionista, a HoloTable será muito relevante para o treinamento da medicina. “Com essa solução, os médicos conseguem manusear os equipamentos, podem ir e voltar no procedimento, sem de fato intervir no paciente. A solução muda a relação do médico com as tecnologias que utiliza no dia a dia. E, ainda mais incrível, é que nem mesmo precisam estar presentes juntos no mesmo local. Eu gostei muito”, comenta.
Também com ampla expertise em treinamento de residentes, Cristina Riguetti, especialista em cirurgia endovascular, acredita que a gameficação é uma excelente forma de estímulo ao aprendizado. “O metaverso chega com tudo e permite que o treinamento seja simulado sem a intervenção direta no paciente. E isso é realmente muito legal”.
Reforçando a importância da educação nos processos de saúde, Edward Kim, diretor de oncologia intervencionista do Mount Sinai Medical Center, em Nova Iorque (EUA), também destacou as vantagens da HoloTable. “Esse é um tipo de processo que impacta 100% a segurança do paciente. Sabemos da colaboração entre a indústria e os profissionais de saúde para o desenvolvimento de tecnologias que melhorem a assistência. Porém, com a tecnologia pronta, os médicos precisam ser bem treinados e plataformas como a HoloTable proporcionam esse aprendizado”.