* Por Henrique Volpi
Depois de termos carros e motos, por que não pensar em uma bicicleta voadora? Agora no início de novembro uma startup japonesa colocou essa ideia em prática e demonstrou uma bike voadora motorizada.
Considerada um grande avanço da engenharia pelas técnicas e tecnologias utilizadas, a Xturismo (nome da magrela que se parece mais uma hoverbike), se for lançada poderá custar quase R$ 4 milhões. Bom, nem Marty McFly, protagonista do filme De Volta para o Futuro, poderia ter pensado nesse projeto.
E as ideias ‘mirabolantes’ não param por aí. Recentemente a Hot Wheels, famosa por seus carrinhos em miniatura, também ingressou no mercado de bicicletas. A marca de brinquedos, em parceria com a fabricante de bicicletas elétricas Super73, lançou um modelo em tamanho real limitado a 24 unidades – rapidamente esgotadas nos Estados Unidos.
A bike elétrica se diferencia por uma pintura preta com detalhes em azul e laranja, assento personalizado, farol amarelo e guidão almofadado. O modelo exclusivo atraiu colecionadores de modelos da marca, que pagaram o equivalente a R$ 26 mil.
E se novidades, no mínimo, ‘diferentes’ estão agitando o mercado das magrelas é porque algo de muito importante está acontecendo em todo o mundo. Seja em busca de uma melhor qualidade de vida ao praticar exercícios, deslocar-se de uma maneira mais sustentável ou mesmo fugir das aglomerações nos transportes públicos, cada vez mais pessoas estão optando por esse modal de transporte.
Coisa de criança? Não mesmo. É cada vez mais comum ver pais com seus filhos, grupos ou mesmo pessoas sozinhas pedalando nos parques e em outros locais. Nunca o ditado que ‘não se esquece como andar de bicicleta’ foi tão verdadeiro.
E quem não teve a oportunidade de aprender quando criança pode contar com a ajuda de grupos especializados como o Bike Anjo ou mesmo de amigos solidários. O mais importante é não ter vergonha de tentar!
E as prefeituras de muitas cidades brasileiras estão fazendo sua parte, investindo em ciclovias, ciclorrotas e ciclofaixas. São Paulo já está chegando perto de quase 700 km de malha cicloviária, com destaque também para São José dos Campos (SP), Joinville (SC) e Blumenau (SC), com 155, 150 e 133 kms.
O Brasil tem mais bicicletas do que carros. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), são 50 milhões de bikes contra 41 milhões de automóveis. E os números só tendem a crescer.
Apenas no primeiro semestre de 2021 foram vendidas 34,17% a mais de bikes do que no mesmo período do ano passado. E, durante os primeiros seis meses, a fabricação nacional também aumentou: 355 mil unidades em comparação às 249.494 produzidas em 2020. Os dados são da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares).
Bikes voadoras, brinquedos transformados em magrelas reais e exclusivas, vendas crescentes de todos os tipos de modelos. É bem fácil perceber o quanto o mercado de bikes está aquecido.
Informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelaram que, apenas em 2020, foram abertas mais de 5 mil empresas do setor. E no varejo foram criados 1.119 empregos formais. Já esse ano, até julho, foram 1.259 vagas com carteira assinada. E somente em São Paulo as vagas no comércio varejista de bicicletas subiram 18%. Ao contrário do que aconteceu em outros setores, quem trabalha com bicicletas começou a contratar – o que é excelente para a economia brasileira. Quem compra uma bike começa a fazer parte de uma comunidade e alimentar um ecossistema composto por diversos tipos de fornecedores.
Roupas e calçados para tornar o trajeto mais confortável e estiloso. Acessórios que diferenciam e melhoram a performance. Oficinas que fazem manutenção, upgrades, consertos e instalam as novidades compradas. Seguros específicos ajudam a proteger esse bem preciso.
Para quem pensa em empreender pode ser um excelente nicho! E não precisa ser necessariamente um negócio físico de portas abertas. O início pode ser em casa mesmo, comercializando os produtos escolhidos em um site próprio, marketplaces ou mesmo pelas redes sociais.
Muito ainda precisa ser feito, principalmente quanto à redução de impostos e fortalecimento da indústria nacional. Afinal, se carros e motos podem ser beneficiados, por que não pensar nas bikes também? Mas, sem dúvida, quando se trata de bicicletas, estamos no caminho certo.
Henrique Volpi é sócio-fundador da Kakau Seguros, formado em Administração pela PUC-SP, com especializações em fintech pelo MIT e em liderança do futuro pela Singularity University. Trabalhou em empresas como BMC, EMC Dell e Servicenow. Foi co-autor do livro “The INSURTECH Book: The Insurance Technology Handbook for Investors, Entrepreneurs and FinTECH Visionaries”.