Desde sua fundação há quase quatro décadas, o Banco BV se consolidou como um dos principais players no financiamento de veículos no Brasil. No entanto, foi a partir de 2017 que a instituição iniciou uma transformação significativa para se posicionar como líder em inovação no mercado financeiro. Esse movimento estratégico começou com a criação do BVx, um ecossistema dedicado à inovação e startups.
Há seis anos, fintech Neon enfrentou um desafio: o Banco Neon, banco convencional, teve as operações encerradas pelo Banco Central por “violações graves”, o que comprometeu as operações da Neon Pagamentos. Em tempo recorde, a fintech e o Banco Votorantim firmaram uma parceria que permitiu que o Neon retomasse as operações sem ônus aos correntistas e se tornasse em pouco tempo uma das maiores fintechs do Brasil. A partir dali, o banco percebeu que havia espaço para apoiar startups e inovar no setor financeiro brasileiro.
BV e startups
Ricardo Sanfelice, Chief Customer, Products & Innovation Officer do Banco, conta que a primeira incursão do BV no universo da inovação ocorreu de maneira quase acidental, quando surgiu a oportunidade de criar o Banking as a Service (BaaS) após a crise do Neon. A partir desse ponto, o BV estruturou o BVx, um ecossistema que concentra todas as iniciativas de inovação e parcerias digitais do banco, focando em um processo de aculturamento interno que permitiu aos colaboradores entenderem e se integrarem ao ecossistema de startups.
“A tendência de uma organização que está se transformando é voltar para o status quo. Por isso, dedicamos um esforço significativo para mudar a cultura interna,” destaca Sanfelice. Parte desse esforço envolveu a redução drástica do tempo necessário para fechar contratos com startups, de 200 dias para apenas 15. Além disso, o BV passou a adotar uma relação multifacetada com as startups: como fornecedores, oferecendo produtos e serviços inovadores aos clientes, e como investidor, com 11 startups investidas até o momento, mais de 250 startups conectadas e 40 contratos ativos com startups.
Essa mudança estratégica já refletiu no portfólio de negócios do BV. Até sete anos atrás, 80% da receita do banco vinha do financiamento de automóveis (realizados pela BV Financeira) e 20% do mercado de atacado (pelo Banco Votorantim). Hoje, 50% ainda provém do financiamento, mas 30% vem do atacado e 20% de novos negócios originados da parceria com startups.
O BV também lançou o Programa de Inovação Aberta (PIA), que este ano tem como tese “além do banco”. A iniciativa visa evoluir as instituições financeiras para oferecerem soluções que transcendam o conceito tradicional de banco, complementando os serviços existentes e criando valor adicional para os clientes.
Próximos passos do Banco BV
Para o curto prazo, o BV estabeleceu três objetivos principais. O primeiro é agregar valor ao banco digital, reforçando a transformação digital da instituição. O segundo é avançar na agenda do “dinheiro do futuro”, com grande participação no DREX e no open finance, vistos como alavancas para o empoderamento financeiro dos clientes. O terceiro é a inteligência artificial, que Sanfelice destaca como um pilar enorme para o banco. “Temos um centro de competência enorme em IA e vemos muitas oportunidades de capturar eficiências no curto e médio prazo,” afirma.
Mesmo diante de um cenário desafiador para investimentos em startups nos últimos anos, o BV continua a explorar o mercado, buscando alavancar seu atual portfólio. Em 2024, o foco está em maximizar essas sinergias, impulsionando ainda mais a inovação dentro da instituição. “As instituições financeiras estão evoluindo para serem mais que um banco. E precisamos complementar as soluções para sermos mais que um banco”, completa.
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