* Por Ricardo Pinho
Temas envolvendo tecnologia estão no radar da imprensa, e em 2021, o que tomou conta da cena no Brasil durante o segundo semestre foi a questão da implementação do 5G. O que se sabe até agora é que, de acordo com a Anatel, todas as capitais e o Distrito Federal terão acesso ao 5G em julho de 2022. Espera-se que a taxa de transmissão da tecnologia seja de 50 a 100 vezes mais rápida que o atual 4G. Para a sociedade no geral, só esse fator já é capaz de gerar altas expectativas. Mas pensando em negócios, especificamente no varejo, o que vai mudar? Existe alguma forma de se preparar para o que está por vir? Os questionamentos são muitos, mas o fato é que as empresas que não buscarem constante atualização quando se trata de ser digital, se tornarão ultrapassadas para o consumidor.
Tomando como exemplo os processos logísticos do varejo, os Centros de Distribuição serão otimizados com o avanço do 5G, uma vez que alguns desses negócios ainda carecem de conectividade adequada, impactando no desempenho operacional e financeiro das empresas. Esses locais geralmente ficam afastados, e não possuem acesso à internet eficiente como nos principais centros urbanos. Com o avanço do 5G nessas áreas, será possível ter mais controle em tempo real sobre cada etapa logística, acelerando ainda mais os processos da cadeia de produção e, consequentemente, beneficiando também o cliente, com entregas agilizadas e altamente rastreáveis.
Ainda não se sabe qual será o limite das possibilidades do 5G. Porém, não será “fora da caixa” pensar na utilização de recursos que parecem estar muito distantes do varejista, como a criação de ambientes de realidade virtual ou aumentada para a realização de compras, até mesmo com a integração dessas possibilidades com a loja física. Anos atrás, a popularização da internet banda larga nas residências possibilitou a aproximação das pessoas, ainda mais com a explosão das redes sociais. Já com o 5G, a ideia é trazer a “IoT” (Internet of things, ou Internet das coisas, em tradução livre) para o dia a dia, conectando pessoas com serviços, objetos, ações, lojas e uma infinidade de opções.
A chamada “experiência” de compra está ganhando mais destaque nos últimos tempos, até mesmo com certa prioridade frente ao próprio produto ou serviço. De acordo com a pesquisa “Global Marketing Trends 2022”, da Deloitte, feita com cerca de 1000 executivos ao redor do mundo, 75% das companhias irão aumentar o investimento em experiências híbridas, que misturam o físico e o digital. E o 5G apenas ampliará esse cenário, onde será possível que o cliente interaja com as marcas do varejo de maneira livre e personalizada, seja no ambiente físico como no online. Por exemplo, ao entrar em certa loja, automaticamente o celular se conectaria ao sistema daquela marca, sem necessidade de login a cada acesso, permitindo que todos os processos sejam feitos pelo aparelho, desde comparação de preços até a finalização do pagamento. Já existem diversos modelos que atuam nesse sentido, como a Amazon Go, nos EUA, mas o 5G permitirá uma evolução sem precedentes aqui no Brasil.
Para quem quer se preparar para a chegada dessa tecnologia de maneira ampla, é o momento de colocar o elemento “inovação” como prioridade número um. O 5G já está presente em cerca de 65 países, segundo um relatório da Viavi Solutions. Acompanhar as tendências que já são uma realidade nesses lugares é uma forma de planejar o que trazer de melhor para o consumidor quando a tecnologia estiver aqui, a partir desses exemplos. Deixar para pensar no que fazer de última hora será uma desvantagem diante de tanta concorrência – pois certamente, diversos varejistas já definiram pelo menos o que pretendem implantar com o uso da tecnologia 5G. Quem aproveitar o timing ideal sem dúvidas chamará a atenção dos clientes que se tornam mais digitais e exigentes a cada ano, e arriscar perder essa clientela pode ser um grande passo em falso para 2022.
* Ricardo Pinho é diretor da Linx Bridge, líder em tecnologia para o varejo.