Por Fabiany Lima*
Fim de ano, hora de fazer um balanço de tudo bom e ruim que aconteceu nos últimos 12 meses. No cenário de startups não poderíamos deixar essa tradição passar, com a diferença de que o ritmo é de quem vive 36 meses em 12!
No meu ponto de vista, o ano começou ainda com um pouco da euforia por terem acontecido bons investimentos em ideias e negócios em 2012, e então empreendedorismo entrou na moda; mais do que uma profissão, ser empreendedor virou status social (ou desculpa pra não procurar emprego), e começaram a enxurrada de novas ideias que valiam 1 milhão, porque por padrão, todo Powerpoint de startup (modelo de negócios = só uma ideia), tem esse valor.
Do lado dos investidores começou o que se poderia chamar de ressaca, os resultados de investimentos sobre Valuations inflados feitos nos anos anteriores começaram a não aparecer, o que gerou uma suspensão temporária de novos investimentos, muitos investidores ficaram com dinheiro engessado em startups que não chegaram nem perto das projeções mirabolantes que apresentaram na negociação, e na sequência, um novo nível de exigência, sobre contrato, estágio do produto, tração, time, participação, passou a ser exigido nas novas negociações.
Dois fatos importantes mantiveram o ecossistema funcionando, permitindo que as ideias começassem a caminhar para outro estágio: Aceleradoras e governo.
As aceleradoras, cada uma com seu modelo, proliferaram no Brasil, com diferenças grandes de tempo do processo, método de aceleração (algumas com aulas outras somente com estrutura e mentoria), elas iniciaram um processo de formação de empreendedores, formatação de modelos de negócio, e peneirando projetos da moda, time e possibilidade real de sobrevivência, injetaram o dinheiro necessário para que algumas startups pudessem ao menos testar seu modelo de negócios.
O governo, apesar de ter há alguns anos programas de incentivo que poucos conheciam ou já utilizaram em suas empresas, começou uma iniciativa real de fomentar empreendedorismo no País, claro que tendo algumas falhas, adaptações, e muitas críticas; mas programas como o Startup Brasil, Seed Minas e Startup Rio, forçaram os empreendedores a pensar em editais, contratos, documentos e especialmente modelos de negócio viáveis.
Passamos da ilusão de que negócios escaláveis no powerpoint eram suficientes para receber aportes milionários, para a necessidade de aprender a fazer empresas que parem em pé e sobreviver até lá. Então se fosse resumir em uma palavra todo o ano seria: Amadurecimento.
Iniciou-se um ciclo de educação de empreendedores e investidores, com eventos em todo o país, apoio de grandes empresas, aplicação de várias metodologias e ideologias, que permitiu inclusive a descoberta de talentos fora dos grandes centros. Uma chama de inovação tecnológica, não exatamente disruptiva, mas necessária ao processos, produtos e ao momento que vivemos.
É cedo pra dizer se isso vai funcionar, se é o melhor formato, se teremos um facebook tupiniquim, mas foi um bom começo, uma boa forma de gerarmos valor e estimularmos a evolução das ideias e das pessoas, de pensar em criar empresas de verdade, e não eternas startups. Para fechar 2013 só faltou o grande case de sucesso, mas tenho certeza de que ele virá em 2014.
* Fabiany Lima é fundadora e CEO da Timolico.