Por Carmelo Queiroz*
Esse ano foi, em minha concepção (diferente do que a maioria dos membros do Ecossistema de Startups acham), excepcional. Não pelo que foi, mas pela consequência dele, poderia dizer que foi o melhor desde que comecei a degustar nosso mercado e a empreender!
Como empreendedores, temos que enxergar em crises e em momentos de dificuldades uma oportunidade de melhora, de crescimento, de real validação. Podemos fazer comparação a de uma dor. Quando ela não nos incomoda de forma latente, deixamos de lado, esquecemos! Quando a dor incomoda, paramos o que estamos fazendo, focamos em resolvê-la, pois temos medo do pior, logo, tratamos.
Nosso ecossistema passou por um hype, um momento de euforia e hoje estamos com um pouco de ressaca, pois vivíamos baseados em uma projeção do Silicon Valley. Hoje, vemos que o nosso mercado é completamente diferente em absolutamente todos os pontos. Logo, temos um desafio gigantesco em 2014!
Um desafio que o Logovia aprendeu com muita dor e acho que, se pudéssemos contar quantos “nãos”, “é impossível”, “será difícil“, “vocês são loucos” e “não acredito” que tivemos, poderíamos escrever uma trilogia de um romance trágico estilo Romeu e Julieta. Talvez, hoje, estamos virando um pouco sadomasoquistas, mas, quando um problema surge, ele tem, lá no fundo, um sabor de oportunidade.
O ponto é que aprendemos porque a dor era muito forte e conseguimos esse ano crescer mais de 5x em faturamento, mais que triplicamos a equipe, mudamos para São Paulo, evoluímos em basicamente todos nossas métricas e, apesar de tudo, sabemos que ainda estamos no começo. Brincamos essa semana que, agora, vamos sair no nível very easy, pois um simples resfriado para uma pequena empresa pode matar. Com isso, queríamos dividir com vocês o que aprendemos:
Se você está em sua primeira jornada e nunca criou algo representativo, sua empresa não vale milhões, você não é o Zuckerberg e muito menos o Jobs ou você não tem o conhecimento necessário, será extremamente difícil fazer sua empresa dar certo. E um fator importante é que toda crítica que você receber não tome como pessoal. Receba, engula, tenha humildade e resiliência, pois assim esse mercado lhe trará um retorno imenso. E se você não concorda, você tem 0,00006% de chance de ser o grande novo boom!
Tropicalizem os seus negócios agora! Coloquem aquela “pitada” de Brasil! Resolvam um problema daqui, sintam a dor do cliente brasileiro, neste quesito esqueça o maior player que existe no mundo e execute com maestria, mas gere valor para o seu negócio. Foquem, primeiramente, em ter um grande negócio. Tenha muita sede e vontade, que o restante será o processo evolutivo. Execução sempre vai ser o fator decisivo para seu crescimento ou falência.
Não tenha medo de dar um grande passo e muito menos de arriscar, possivelmente hoje ele é pequeno dentro do seu plano. Se avaliar nesse mindset, verá que muitas vezes estamos preocupados e perdemos tempo com coisas irrelevantes. Temos como regra interna que nunca vamos falhar por omissão e se falharmos fazendo o necessário, essa dor será bem menor do que se falharmos por omissão.
Antecipe os seus conhecimentos para os passos que sua empresa dará e se prepare como empreendedor, profissionalize sua empresa aos poucos, mas saiba exatamente quais são seus pontos fracos e, se forem estratégicos, traga alguém forte agora! Faça um time classe A e de pessoas muito melhores que você. Isso fará uma grande diferença na execução.
Por último, não lance uma empresa para pegar investimento, esse é o maior mal que existe para você e para o seu negócio. Não torne um investimento um fator de sobrevivência, mas um fator de alavancagem e escala. Entretanto, primeiro prove que você tem um grande negócio e prove, com números, o histórico do seu negócio.
Espero que, de fato, 2014 seja um primeiro grande passo de amadurecimento nosso (devido a ressaca) e fico entusiasmado com vários movimentos que vêm acontecendo, mas temos muito trabalho pela frente e precisamos começar nos provando como ecossistema em todas as pontas.
Queria apenas dar uma sugestão, caso meu amado Ceará queira fazer um Valley, favor não! Vamos Criar o Rapadura Criativa, Rapadura Digital, Chip Quente, CaranguejoTech, Rapadura Mother fucker hell yeah, But Valley, NO! Já fico de ressaca só de pensar!
*Carmelo Queiroz é CEO do Logovia