Quase 5 meses se passaram desde os primeiros casos de covid-19 no Brasil, e alguns dos impactos econômicos já estão sendo sentidos. Durante os primeiros meses, empresários tomaram uma série de medidas para amenizar os efeitos da pandemia que se desenhava no fluxo de caixa das empresas. Algumas dessas ações foram de grande valia para colocar o negócio novamente nos eixos. Agora é necessário organizar o fluxo para os próximos meses — mas como?
Os desafios do primeiro trimestre de pandemia estavam principalmente ligados à incerteza do momento e à falta de mensuração do real impacto nos negócios. Rodrigo Kratzer, CFO da Transfeera, fintech Open Banking de gestão e processamento de pagamentos, explica que neste primeiro momento a maioria das empresas optou por olhar para o que era realmente necessário e que a retenção de clientes foi uma ação chave. “Analisar o fluxo de caixa sempre é o primeiro passo, atualizar as projeções de faturamento com base nos contatos com clientes e entender o momento atual da empresa. Depois disso, fica mais fácil de tomar decisões assertivas”, comenta.
O especialista acredita que ainda há muito caminho pela frente, tendo em vista que o pico da pandemia ainda não foi atingido. Para ele, a primeira ação para os próximos meses é analisar se o planejamento anterior teve efeito e se as estratégias adotadas foram, de fato, efetivas. Uma prioridade deve ser verificar se está sendo possível prever a receita e os gastos, além de avaliar se o cenário atual da empresa se aproxima do que vinha sendo vivido pré-pandemia.
“O mais importante é o fluxo de caixa. Sabemos que ter receita para três meses não é suficiente para bancar a folha de pagamento dos funcionários, então é necessário pensar em captar o suficiente para manter a operação por pelo menos mais seis meses, imaginando que a pandemia se prolongue e que vamos precisar desse recurso para a empresa sobreviver”, explica Kratzer. Outra dica é investir em diferencial: “O mercado está estabilizando, investidores estão com menos receio. Não é ainda como no pré-pandemia, mas como um novo normal. Então, a empresa precisa saber o que ela melhor desenvolve e investir nisso”.
O CFO enfatiza que não é hora de tomar riscos, então os investimentos quando feitos devem ser em áreas que tenham rápido retorno como marketing, vendas e alguma frente de desenvolvimento de software específica para melhorias nos produtos — o objetivo é que o investimento gere o dobro de receita do que foi investido: “se invisto 50, preciso de 100 de retorno”. O caminho, para Kratzer, é investir no que se paga rápido e traz retornos para a empresa, porque é preciso preservar o caixa: “Neste momento, não podemos ter surpresas no caixa, estamos em uma crise e ainda não conseguimos entender quanto tempo ela vai durar. O resultado precisa ser sempre positivo quanto ao fluxo de caixa”, finaliza.