O Silicon Valley Bank acaba de entrar em processo de intervenção e foi fechado pelo Department of Financial Protection and Innovation do estado Califórnia. As ações do SVB despencaram cerca de 60% nesta quinta-feira (9), na Nasdaq e recuaram mais de 20% nas negociações do after hours – momento após o horário normal de negociações na bolsa de valores onde investidores ainda realizam algumas movimentações.
O SVB é um dos grandes destaques no Vale do Silício e nos serviços financeiros para empresas de base tecnológica, o que resultou no desespero de muitos fundadores de startups, uma vez que essa situação pode afetar companhias em todo o mundo.
De acordo com Alfredo Cunha, especialista em investimentos, o mercado será afetado conforme a reação dos reguladores. “Mas a queda gera instabilidade no sistema e por consequência insegurança para os fundadores e colaboradores. Nos Estados Unidos, o ecossistema de startups será afetado por completo, já no Brasil, algumas startups brasileiras utilizavam o SVB e podem ter problema de caixa”, explica.
A reação dos fundadores de startups brasileiras foi sacar centenas de milhões de dólares do SVB, segundo a Bloomberg Línea. O movimento aconteceu depois que o banco lançou uma venda de ações de US$ 2,25 bilhões para reforçar seu balanço – que sofreu uma grande perda em sua carteira de títulos do Tesouro dos EUA – e acalmar os efeitos das quedas dos investimentos.
“As empresas precisam honrar seus compromissos financeiros. Diferente de um investidor que vende o ativo na baixa e assume o prejuízo, aqui temos a situação da correntista solicitando a transferência do dinheiro, portanto, em teoria, a empresa possui 100, retira 100, sem qualquer desconto”, afirma o especialista.
“Mas as coisas são complexas quando você tem todos os clientes pedindo resgate ao mesmo tempo. O banco não tem essa liquidez e ainda cometeu equívocos na gestão dos depósitos, principalmente por não ter o devido implementado uma estratégia de proteção dos ativos conforme o FED foi subindo a taxa de juros. Sim, a origem do problema é alocação dos ativos do banco e o impacto da marcação à mercado nos títulos de renda fixa. Infelizmente é só nessas horas que lembramos da necessidade da gestão de riscos, tanto pelo banco, quanto pelos empreendedores”.
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Próximos passos do Silicon Valley Bank
O plano do SBV é oferecer US$ 1,25 bilhão de uma oferta pública de ações e mais US$ 500 milhões em ações preferenciais conversíveis obrigatórias – tipo de ação preferencial que, além de conferir um privilégio extra ao seu titular, pode ser convertida em ações ordinárias no futuro, podendo assim o investidor participar das decisões do negócio.
Segundo Alfredo, essa decisão do SBV vem do objetivo de ser transparente com a SEC (Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos) e alinhar uma estratégia para acalmar os ânimos e reduzir o prejuízo para correntistas e acionistas.
O ano de 2022 registrou uma queda nos investimentos de venture capital de 55% em relação ao ano anterior, segundo a plataforma Distrito. Para o especialista, a tendência é que os investimentos fiquem ainda mais escassos e caros nesse primeiro momento de 2023.
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