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O empreendedor Allan Panossian trabalha com tecnologia para restaurantes há mais de uma década. Mesmo assim, diz que nunca viu um crescimento na digitalização de empreendimentos e no número de pedidos como agora, com a pandemia do novo coronavírus.
Em 2010, Panossian foi um dos cofundadores do Kekanto, guia online de lugares e serviços. Há cerca de quatro anos, percebeu que o delivery para restaurantes estava começando a se consolidar como tendência. Foi quando criou a Delivery Direto, empresa voltada a criar aplicativos próprios para os restaurantes, como uma alternativa a grandes plataformas como iFood, Uber Eats e Rappi.
No lugar de cobrar uma taxa sobre cada entrega, que pode chegar a até 30%, a empresa cobra uma mensalidade fixa. “Não somos sócios do restaurante para ganhar parte da receita para sempre”, diz o cofundador, hoje presidente da startup. No último mês, o volume de pedidos transacionado pela plataforma cresceu 3,5 vezes.
São 1.800 lojas cadastradas na plataforma, como o restaurante Gero, bistrô do grupo Fasano, um dos mais conhecidos – e caros – restaurantes italianos em São Paulo. Também estão na plataforma o Mineiro Delivery, Armazém da Cerveja, Home Sushi Home, Cabana Burger, Frutaria São Paulo e Empório Frutaria. Muitos restaurantes, principalmente os de alta gastronomia, não viam o delivery como prioridade até então. Com a pandemia, precisaram acelerar sua digitalização.
A empresa também criou um aplicativo para a Cacau Show na Páscoa, para permitir o delivery de mais de 2.300 lojas da rede de franquias em menos de uma semana. “Os franqueados aprenderam a fazer delivery durante a madrugada, de um dia para o outro”, diz Panossian. Para dar conta do crescimento de clientes, o quadro de funcionários da startup cresceu em 57%.
Competição com os gigantes
Panossian não indica que seus clientes saiam das grandes plataformas, que são relevantes para tornar suas marcas conhecidas. Cerca de 30% dos pedidos para os restaurantes vêm de novos clientes, diz.
Mesmo assim, os restaurantes precisam ter controle do relacionamento com os seus clientes, principalmente para conquistar e recompensar os clientes mais fiéis. “O negócio precisa ser dono do canal de comunicação com os clientes. A marca é sua, o relacionamento e a fidelização também precisam ser”, diz Panossian. Entre os serviços da plataforma, está a opção de realizar campanhas de fidelidade e promoções.
O cofundador estima que 25% de todas as transações virtuais dos restaurantes aconteçam por meio de um aplicativo próprio. “Claro, o usuário médio não vai ter dez aplicativos de restaurantes no celular. Mas nosso público é aquele que já é cliente do restaurante e já gosta da marca”, diz Panossian.
Com o aumento do número de restaurantes iniciando operação de delivery, também aumenta a competição por um lugar ao sol, ou no aplicativo. O cliente não irá navegar por centenas de restaurantes até escolher uma opção, diz ele, por isso o aplicativo próprio se torna uma opção para fidelizar o consumidor.
Aquisição pela Locaweb
No ano passado, a startup foi adquirida pela Locaweb, líder no setor de hospedagem de sites. A empresa Locaweb surgiu em 1998, ainda antes da bolha das empresas ponto com. O negócio de hospedagem ainda é responsável por 39% do faturamento da companhia, mas para se manter relevante nas últimas duas décadas a empresa ampliou sua atuação.
Hoje oferece 28 serviços para seus mais de 350 mil clientes, de e-mail marketing a suporte para comércio eletrônico e meios de pagamentos. Para chegar aos novos mercados, investiu na aquisição de diversas startups – como é o caso da Delivery Direto.
A Locaweb abriu capital em fevereiro na bolsa e levantou mais de R$ 1 bilhão. Com o crescimento do delivery, comércio eletrônico e digitalização de meios de pagamentos, a empresa, uma das mais antigas da internet brasileira, tem novo impulso para se reinventar.
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