* Por Henrique Volpi
Hoje, coletar dados é relativamente fácil. Na verdade, tornou-se tão simples que existe o perigo de ter uma ‘overdose’. Uma pesquisa feita pela Deloitte com startups observou que 49% dos entrevistados disseram que a análise os ajuda a tomar melhores decisões.
Mas, para aproveitar ao máximo os dados e análises, em primeiro lugar é necessário saber como obter valor desse ‘diamante bruto’. Qualquer empresa com um site, presença em mídia social e que aceite pagamentos eletrônicos coleta os mais diversos dados: clientes, hábitos de usuários, onde eles estão, tráfego na web e muito mais. E todos estão cheios de potencial se você aprender a usá-los.
Embora haja muitas influências ao tomar uma decisão – o que está acontecendo na empresa, notícias globais, seu instinto – não há nada tão persuasivo quanto ter dados concretos.
Mesmo que as startups gerem menos dados que as médias e grandes empresas, isso não significa que utilizar tecnologias de análises do big data esteja fora dos limites. Na verdade, de muitas maneiras, esse tipo de ferramenta é mais adequado para pequenas empresas, porque elas geralmente são capazes de agir mais rapidamente com insights orientados por dados.
Por exemplo: depois de ter um mês de vendas lento ou lançar uma campanha de marketing e registrar um baixo desempenho, como saber quais os erros cometidos? Usar uma tecnologia que permita o rastreamento e a revisão de dados dos processos de negócios ajuda a descobrir falhas de desempenho, entendendo melhor cada parte do processo: as etapas que precisam ser corrigidas e quais tiveram um bom desempenho.
Você já se perguntou como os times financeiro, de vendas, de marketing e customer success estão se saindo? Coletar e analisar dados mostra o desempenho de cada um deles, sendo uma excelente maneira de comparar os investimentos realizados com o retorno trazido.
Tornar-se centrado em dados é uma estratégia de tecnologia crítica. E não é coincidência que as empresas mais valiosas sejam predominantemente organizações que usam dados como uma mina de conhecimento de negócios.
Não consigo imaginar o setor de seguros, principalmente as insurtechs, atuarem sem o apoio das tecnologias de dados. O processo de underwriting (risco de subscrição), seria impossível, por exemplo. O underwriting é a maneira como se avalia o risco e a precificação de uma apólice.
Essa análise se aplica ao seguro de uma casa, um carro, a saúde de uma pessoa ou até mesmo sua vida. Depois de analisar o risco envolvido, é definido o prêmio que será cobrado em troca de assumir esse risco.
Mas como decidir o que é um nível aceitável de risco? Aí entra a tecnologia. As seguradoras levam em conta uma série de informações como histórico de saúde, familiar, financeiro (para avaliar a capacidade do cliente de arcar com o seguro), profissão e até hobbies. Na prática, é traçado um perfil completo combinando fatores tanto internos como externos.
Algumas seguradoras vão além, realizando análises preditivas com a ajuda de ferramentas de ponta de inteligência artificial, robótica, automação cognitiva e Internet das Coisas. São tecnologias disruptivas que automatizam processos até então manuais, gerando muito mais assertividade e confiança.
Entrar em 2022 sem suporte a dados é como correr nas ruas com os olhos vendados. Dominar as tecnologias e inseri-las em insights de negócios será uma estrada que levará a sua startup ao sucesso. Não há dúvida de que é o que torna o Google e o Meta tão bem sucedidos.
Essas empresas possuem uma enorme quantidade de dados sobre o comportamento online das pessoas, especialmente a pesquisa na web, o que implica diretamente em seus interesses e desejos. A tendência para o uso de dados existe há décadas e não há dúvida de que continuará sendo tão influente neste ano que começa.
Henrique Volpi é sócio-fundador da Kakau Seguros, formado em Administração pela PUC-SP, com especializações em fintech pelo MIT e em liderança do futuro pela Singularity University. Trabalhou em empresas como BMC, EMC Dell e Servicenow. Foi co-autor do livro “The INSURTECH Book: The Insurance Technology Handbook for Investors, Entrepreneurs and FinTECH Visionaries”.