Todo mundo já passou pelo desespero de ver a sua bateria do celular chegar aos 5% bem no meio daquele dia que você mais precisa dele, certo? O empreendedor Raphael Cerqueira viu nessa situação uma oportunidade de negócio, voou pra China e trouxe de lá os materiais necessários para criar a Charge Point Brasil.
O que a Charge Point faz é instalar, em centros movimentados das cidades, máquinas que trazem carregadores de celulares e tablets. Inicialmente, eles estavam cobrando R$ 1 pela recarga, mas os patrocínios chegaram e agora quem paga as contas são as empresas.
Mas a história da startup começou lá em 2008, quando Raphael se meteu em uma roubada e teve que passar o Natal e um aeroporto. Ele tentou entrar nas salas VIP dos passageiros e percebeu um totem de madeira que trazia carregadores para gadgets. “Olhei para aquilo e vi como era útil para quem viaja e para por ali, fiquei com aquilo na cabeça”, conta ele. Na época, ele tentou produzir o totem com objetos comprados no Brasil mesmo, mas decidiu que não estava bom o suficiente para ser levado ao público.
Alguns anos se passaram até que Raphael se metesse em outra situação que ele considera uma “roubada”. Ele, que trabalhava na produção de um programa de TV, fraturou o tornozelo e teve que ficar três meses parado. “Eu estava meio inseguro no emprego e vi que meu pai estava meio mal. Um dia, fomos almoçar nos dois e fiz a proposta de começarmos um negócio juntos”, lembra. O pai de Raphael, que mal tinha comprado um apartamento em São Paulo, foi convencido a vender o imóvel para fazer o investimento inicial na empresa. “Ele ficou meio inseguro, mas vendeu.”
O empreendedor então iniciou uma série de buscas para encontrar o melhor fornecedor para sua empresa e descobriu que sua resposta estava na China. “Convenci meu pai a ir pra lá em março e passamos um mês percorrendo o país, falando com os chineses. Eu estudei a forma de lidar com os caras e convencê-los de que era uma boa vir para o Brasil”, diz. Nisso, sete fornecedores decidiram fechar negócio com exclusividade com o brasileiro –eles não se tornaram sócios, apenas fornecedores.
Inicialmente, as máquinas estão sendo posicionadas em bares da Vila Madalena, em São Paulo. “Já tenho uma máquina em testes na Mercearia São Pedro e está ‘bombando’. Vou muito lá e, quando vejo que o pessoal não está usando, faço um teatrinho mostrando o uso”, brinca Raphael. Segundo ele, os chineses calculam que o consumo de luz desse tipo de máquina custe apenas US$ 10 por ano.
A máquina da mercearia ainda cobra R$ 1 pela recarga, mas Raphael conta que mudou seu modelo de negócio e oferecerá o serviço de publicidade com o patrocínio de grandes empresas. Segundo ele, o objetivo é conseguir fechar acordos com bancos, redes de fast food, companhias telefônicas e companhias de bebida.
Para alguém que diz que “nunca se imaginou empreendendo”, Raphael está firme no negócio há um ano já. Agora, ele afirma que precisa de apoio de investidores para ir além do crescimento orgânico da ideia.