A Zero Esgoto, startup fundada em 2016 no Espírito Santo, está revolucionando o setor de saneamento básico no Brasil com uma solução inovadora e sustentável. Por meio de um sistema modular e acessível, a empresa transforma esgoto em água limpa, classe II, própria para uso em irrigação e aquicultura. A tecnologia já foi implementada em 6 mil estações de tratamento no país, destacando-se como alternativa eficiente e econômica frente aos modelos tradicionais.
O método utiliza biomassa bacteriana para realizar o tratamento sem produtos químicos, energia elétrica ou geração de lodo, reduzindo custos e impactos ambientais. Em cerca de seis horas, o sistema entrega água com nível de pureza equivalente ao das chuvas ou rios, tornando possível o reuso sustentável. “Nossa tecnologia foi pensada para atender desde residências individuais até cidades inteiras, especialmente em locais remotos ou sem infraestrutura planejada”, explica Célio Sathler, CMO da Zero Esgoto.
Impacto social e ambiental no Brasil
Atualmente, o Brasil enfrenta graves desafios relacionados ao saneamento básico. Dados do Instituto Trata Brasil revelam que 32 milhões de pessoas não têm acesso à água potável, enquanto mais de 90 milhões vivem sem coleta de esgoto. Desses, apenas metade do esgoto coletado passa por tratamento. Neste contexto, a Zero Esgoto se posiciona como agente de transformação, integrando soluções tecnológicas para ampliar o acesso ao saneamento e recuperar áreas degradadas.
Entre os projetos em destaque está a recuperação da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, realizada em parceria com a concessionária Águas do Rio. Na região, o sistema da startup está sendo instalado para tratar o esgoto de comunidades locais, como a Favela Tavares Bastos. “A universalização do saneamento é um catalisador de mudanças sociais e econômicas. Melhorar a qualidade de vida nessas comunidades reflete diretamente na saúde e na educação”, afirma Sathler.
Outro projeto relevante é a recuperação da Bacia do Rio Doce, em Minas Gerais. Após o rompimento da barragem de Fundão, a região sofre com a contaminação de seus recursos hídricos. Em colaboração com a Fundação Renova, a Zero Esgoto está instalando seus sistemas em residências próximas aos rios que compõem a bacia hidrográfica, auxiliando na revitalização ambiental e no suporte às comunidades afetadas.
A startup também atua em outras iniciativas estratégicas, como no Porto do Açu, maior complexo de porto-indústria privado da América Latina, e no programa de inovação aberta da Sabesp, em São Paulo. Além disso, sistemas foram recentemente instalados em regiões emblemáticas como o Quilombo Kalunga, na Chapada dos Veadeiros (GO), beneficiando populações tradicionais.
Expansão internacional e reconhecimento global
Com planos ambiciosos de expansão, a Zero Esgoto busca internacionalizar sua operação em 2025. Negociações para um projeto piloto em Braga, Portugal, e parcerias com a Universidade Nacional de Singapura indicam os primeiros passos da startup no cenário global. “Singapura é uma referência mundial em tratamento de esgoto, e o interesse deles por nossa tecnologia valida o potencial da nossa solução”, celebra Sathler.
O apoio de instituições como o Sebrae tem sido fundamental para impulsionar a visibilidade da startup no exterior. A participação em eventos internacionais, como o Web Summit 2023, em Lisboa, e a Semana de Inovação e Tecnologia de Singapura, em 2022, ajudou a inserir a empresa no radar de investidores e parceiros estratégicos.
A Zero Esgoto também ganhou destaque em competições globais. Finalista do Capital Empreendedor 2024 e vencedora do Desafio Like a Boss, a startup figura entre as Top 250 da Entrepreneurship World Cup, na Arábia Saudita, e é finalista do Get in the Ring, na Holanda. Esses reconhecimentos consolidam sua posição como líder em inovação e impacto social.
Com um mercado promissor pela frente, a Zero Esgoto estima triplicar sua operação no Brasil e atrair novos investimentos. A meta para 2025 é ampliar o número de sistemas instalados, atingir novos mercados e fortalecer sua presença em regiões vulneráveis. O objetivo é salvar mais de 100 mil quilos de alimentos e tratar volumes crescentes de esgoto, contribuindo para a sustentabilidade e o desenvolvimento social.
A startup demonstra que inovação e propósito podem caminhar juntos, promovendo mudanças estruturais em um dos setores mais desafiadores do país. “Queremos provar que saneamento básico é viável, acessível e transformador, seja em comunidades locais ou no mercado internacional”, conclui Sathler.
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