É fato que o split payment terá implicações diretas no fluxo de caixa das empresas e exigirá uma nova abordagem para a gestão financeira. Trata-se de um sistema no qual, ao pagar uma compra de bens ou serviços, o tributo devido pelo fornecedor é pago diretamente ao fisco, e não à empresa vendedora. Ao pagar aquela aquisição realizada, haverá uma repartição na qual parte do tributo incidente na operação já será destinada ao governo. O método visa reduzir a sonegação fiscal, assegurando que o Estado receba imediatamente sua parte na transação.
Além de seu uso para arrecadação de tributos, o split payment já é amplamente utilizado em várias modalidades de negócios. No e-commerce, o sistema é aplicado para dividir automaticamente o pagamento entre o vendedor, a plataforma e outros intermediários. No setor de hospitalidade, é comum que plataformas de aluguel de imóveis utilizem o split payment para separar o valor do proprietário e as taxas de serviço.
A prática já é adotada em países como Itália e Polônia para controle da evasão fiscal, especialmente no setor de serviços e bens de alto valor agregado. Na União Europeia, o split payment tem sido uma ferramenta eficiente no combate ao chamado “gap do IVA”, diferença entre o imposto de valor agregado (IVA) devido e o efetivamente arrecadado. No Brasil, o mecanismo pode se tornar realidade como parte do novo modelo de tributação sobre o consumo, especialmente com a criação do Imposto sobre Bens e Serviços.
Apesar de parecer uma boa solução do ponto de vista da arrecadação, é preciso que os empresários estejam atentos às implicações para o caixa das empresas. O split payment altera significativamente o fluxo de recebimentos, já que parte do valor de cada serviço não será mais destinada à conta da empresa, mas diretamente ao governo. Pode gerar desafios na gestão do capital de giro, principalmente para negócios que dependem de recebíveis para financiar suas operações diárias. É crucial que os gestores preparem suas empresas.
A reforma tributária promete simplificação, mas cabe aos empresários se adaptarem às mudanças que estão por vir. Com o split payment, o impacto no caixa é real e um planejamento adequado será a chave para manter a saúde financeira das empresas em um ambiente tributário cada vez mais automatizado e rigoroso.
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