Por Bruna Galati
Na estreia da oitava temporada de Shark Tank Brasil, as águas do empreendedorismo fervem com novos tubarões. Mas o que exatamente os investidores estão procurando? Para desvendar os segredos por trás do tanque, o Startupi mergulhou em uma conversa exclusiva com Carol Paiffer, CEO da ATOM S/A.
A nova temporada, que estreou esta terça-feira (3) no Sony Channel, traz novos rostos. A empresária, investidora-anjo e escritora Monique Evelle faz sua entrada triunfal, ao lado de Sergio Zimerman, CEO e fundador da renomada rede Petz e Joel Jota, ex-nadador da Seleção Brasileira, empresário e autor de best-sellers, também assume seu lugar na poltrona dos investidores.
Eles se juntam aos já conhecidos tubarões João Appolinário, fundador da gigante Polishop, e José Carlos Semenzato, fundador e presidente do Conselho da SMZTO e Carol Paiffer.
O que fazer antes de buscar captação
Carol enfatiza a importância de os empreendedores, tanto de startups quanto de pequenas e médias empresas, definirem com precisão o tipo de investimento que procuram. Ela aponta duas vertentes distintas: a captação de recursos focada no aspecto financeiro, feita por fundos de investimento, e o investimento de pessoas físicas que buscam oportunidades de negócios, não apenas para aportar recursos, mas também para fornecer orientação e mentoria.
No que diz respeito à segunda abordagem, é essencial que o empreendedor tenha uma visão clara do motivo pelo qual um investidor deve se envolver em seu negócio. Para Carol, a resposta não está só no aspecto monetário, mas também na identificação com o propósito da startup. “Não é só pelo dinheiro, mas pelo propósito, como ele agregaria, porque ele irá participar do dia a dia do seu negócio.”
Além disso, validar e preparar-se adequadamente são etapas cruciais ao buscar captação. Como destaca Carol, é fundamental que a startup tenha sua documentação e sua gestão financeira organizadas. Convencer um investidor é apenas o primeiro passo, pois após essa etapa, segue-se a análise minuciosa dos documentos, um processo conhecido como “due diligence.”
Nesse estágio, os investidores farão uma profunda investigação para confirmar se todas as informações apresentadas são precisas e se a documentação está em ordem. Isso inclui verificar se não há confusão entre assuntos financeiros pessoais e empresariais, algo que é comum no cenário brasileiro, de acordo com Carol Paiffer.
Depois da preparação, está na hora de buscar investimento. Mas qual é o momento ideal para fazer esse movimento no mercado? A especialista diz que o momento ideal é quando o empreendedor não precisa de dinheiro. “O melhor momento é quando você já cresceu com as suas próprias pernas, já fez teste de mercado, o famoso MVP, já validou o negócio, já tem números na mão e quer expandir ou você já cresceu em um nível que não consegue crescer mais e precisa de novos contatos e novas visões. Esse é o melhor momento pra você fazer uma captação.”
A busca por financiamento não deve ser feita de forma precipitada. Para empreendedores, especialmente aqueles que estão no início de suas jornadas e podem não ter um histórico estabelecido, cumprir com os requisitos e exigências das instituições financeiras pode ser um desafio.
Carol incentiva os empreendedores a adotarem uma abordagem realista em relação ao crescimento de seus negócios. Ela sugere que busquem sócios investidores que não apenas forneçam capital, mas também agreguem valor ao negócio. Além disso, ela lembra da importância de parcerias estratégicas, onde startups podem se unir a outras empresas em situações semelhantes para reduzir custos, compartilhar recursos e, assim, diminuir o CAC (Custo de Aquisição de Cliente).
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Tese de investimentos de Carol Paiffer
Para Carol Paiffer, ter uma tese de investimento sólida é essencial para orientar suas decisões como investidora. Ao entrar no mundo do investimento, ela estava fortemente focada no setor educacional, impulsionada por sua paixão pela educação e o compromisso da ATOM S/A com a educação e tecnologia.
No entanto, sua participação no Shark Tank Brasil expandiu sua visão e ela criou uma tese de investimento baseada no impacto que as startups e empresas podem gerar na sociedade. “Primeiro de tudo eu não estou só preocupada em fazer dinheiro. Eu costumo dizer que na bolsa de valores eu posso comprar e vender as ações, ganhar dinheiro sem precisar falar com ninguém e ser sócia de ninguém. Então a minha tese de investimentos está muito ligada ao impacto que o fundador pode ter na nossa sociedade”, explica.
Carol Paiffer também destaca sua preferência por modelos de negócios escaláveis, como franquias ou sistemas de afiliados, que permitem a expansão e a multiplicação de oportunidades. “Eu fui aprendendo ao longo da minha jornada que toda empresa educa, educa seus clientes, seus colaboradores e o mercado. Então empresas que tenham impacto na sociedade, que possam expandir o seu negócio e ajudar outras pessoas a crescerem junto. É isso que me cativa.”
Além disso, ela valoriza empresas com margens de lucro sólidas, evitando negócios com margens estreitas que possam aumentar o risco de investimento. Para Carol Paiffer, essa abordagem estratégica e focada é essencial para mitigar riscos e maximizar o potencial do investimento.
Como preparar o pitch
Na visão de Carol Paiffer, o pitch é uma arte de chamar a atenção, seja no mundo dos negócios ou nos relacionamentos interpessoais. Ela compara o pitch a um “chaveco”, enfatizando que o primeiro passo para conquistar qualquer pessoa, incluindo investidores, é conhecer profundamente o outro lado da negociação.
Uma das lições essenciais que Carol Paiffer compartilha é que o pitch não é uma fórmula única que se aplica igualmente a todos os investidores. Pelo contrário, ele deve ser adaptado ao perfil e às preferências de cada investidor em potencial. Alguns investidores podem se interessar mais por números concretos, enquanto outros podem valorizar o impacto social ou a sinergia com seus negócios existentes.
A preparação é a chave para um pitch eficaz, e isso inclui alinhar a apresentação com as perguntas que provavelmente surgirão durante a interação com os investidores. Criar expectativas que não podem ser atendidas pode ser prejudicial ao relacionamento com potenciais investidores, por isso é importante que o discurso seja congruente com os dados que serão apresentados posteriormente.
Carol Paiffer também enfatiza a importância de estar familiarizado com os números do negócio, mesmo que o empreendedor não seja um especialista em finanças. Ter uma compreensão sólida dos principais indicadores, como tamanho de mercado, margens e projeções de crescimento, é fundamental para demonstrar conhecimento e confiança durante a apresentação.
Cenário dos investimentos no Brasil
Carol Paiffer enfatiza o perfil conservador do empresário brasileiro e sua tendência a buscar opções de investimento mais seguras, especialmente em um cenário de taxas de juros altas. Ela destaca que muitos empreendedores desejam proteger os aportes recebidos de maneira conservadora devido aos riscos envolvidos na jornada de sucesso. ” O empresário brasileiro já toma tanto risco pra poder empreender e crescer o negócio que quando ele ganha dinheiro ele quer colocar da forma mais conservadora possível.”
No entanto, a CEO da ATOM S/A destaca uma tendência interessante no mercado atual, na qual grandes empresas estão criando áreas dedicadas à busca de investimentos em negócios que se relacionam com seus próprios. Isso significa que empresas, ao invés de simplesmente acumularem capital de forma conservadora, estão buscando investir em startups e empresas que tenham sinergia com suas operações – a famosa inovação aberta.
Carol Paiffer aconselha investidores a buscarem oportunidades que estejam alinhadas com suas experiências e conhecimentos. Isso evita que se tornem reféns de investimentos nos quais não compreendem o negócio. A CEO acredita que essa abordagem é benéfica tanto para as startups quanto para as grandes empresas, pois traz uma dinâmica e velocidade que são cruciais para a inovação nas organizações maiores.
Por fim, Carol Paiffer observa que há um aumento no número pessoas físicas que buscam desafios e aprendizado através do investimento, junto com o interesse crescente das grandes empresas em parcerias com startups. Isso promete um futuro promissor para o ecossistema empreendedor no Brasil. No entanto, ela ressalta a importância de que as startups mantenham um senso de realismo em relação ao valor de suas startups. “O brasileiro gosta de riscos, mas ele precisa entender o risco que está tomando, então é isso que precisa cada vez mais um educacional no mercado”, completa.
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