Por Bruna Galati
Em um cenário cada vez mais competitivo, as startups enfrentam o desafio de garantir investimentos para expandir seus negócios e alcançar seus objetivos. Uma das vozes influentes nesse campo é Monique Evelle, nova tubarão da oitava temporada de Shark Tank Brasil, maior reality show de empreendedorismo do país, que chega no Sony Channel dia 3 de outubro.
Durante seus investimentos, Monique Evelle não apenas fornece capital, mas também compartilha sua experiência e visão estratégica com startups. Para entender como os fundadores podem buscar investimentos e ao mesmo tempo preservar sua visão e cultura, o Startupi entrevistou a shark.
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Antes de mergulhar na busca por investimentos, Monique Evelle enfatiza a importância da preparação. É essencial que uma startup esteja bem estruturada, tenha seu modelo de negócio validado e demonstre potencial de crescimento. Segundo ela, “não vale pensar em rodada de investimento se a ideia não está validada, o modelo de negócio não foi testado, a empresa não está estruturada considerando métricas, organização financeira e jurídica.”
Uma startup deve buscar investimento quando souber exatamente como utilizar os recursos. Monique Evelle destaca que “é fundamental que a startup tenha uma visão clara de como o capital será utilizado”. Além disso, o investimento deve ser buscado após a validação significativa do negócio, seja por meio de tração com um Produto Mínimo Viável (MVP) ou feedback positivo do mercado.
“Esse momento de validação sugere que a startup não apenas identificou uma necessidade real no mercado, mas também começou a atender a essa demanda de forma eficaz. Eu como investidora não busco apenas uma boa ideia. Procuro equipes que possuam um plano estratégico bem definido e que demonstrem capacidade de executá-lo”, explica.
Tese de investimento de Monique Evelle
Monique Evelle tem uma tese de investimento clara. Ela prefere startups de base tecnológica em estágio Pré-Seed ou Seed, com clientes, faturamento e margem de lucro positiva. Além disso, busca startups com equipes diversificadas, com foco em modelos de negócios B2B e B2B2C Mid Market. Ela também prioriza negócios que estejam dentro das regulamentações estatais e que evitem riscos legais.
“Existe um ponto em comum entre as startups que investi: tive um relacionamento de médio e longo prazo e alguns vi surgir o MVP. Isso me traz mais confiança e consigo identificar onde consigo auxiliar os fundadores, além de fazer aporte financeiro” A investidora cita três investidas suas, a Afrosaúde, healthtech que oferece soluções em saúde mental com abordagem diversa e inclusiva, a Purple Metrics, software que ouve os consumidores todos os dias e entrega os melhores insights sobre o resultado das ações de branding e a Creators, plataforma de marketing de influência que conecta criadores com marcas que desejam escalar sua comunicação e criar conversas com suas comunidades.
Investir no impacto positivo
Monique Evelle destaca que investir em startups com abordagens inclusivas e diversas é vantajoso não apenas do ponto de vista social, mas também do ponto de vista financeiro. Ela observa que startups que integram aspectos ESG (Ambiental, Social e Governança) ao negócio são mais ágeis para propor soluções, mais inovadoras e envolvem mais o público interno. Isso resulta em maior crescimento de mercado e retorno de investimento.
As vantagens já estão registradas em pesquisas e tendências e a principal delas é o retorno de investimento. “Eu invisto em empresas ESG porque os dados apontam que as startups que integram o ESG ao negócio são 33% mais ágeis para propor soluções aos desafios apresentados ao negócio, são 43% mais inovadoras, envolvem 23% mais o público interno e são 20% mais diversas e inclusivas”.
A investidora explica que entre o top 5 dos setores que recebem mais investimentos no Brasil, dois estão relacionados a ESG. Estamos falando de healthtech (10,2%) e edtech (7,3%), ou seja, saúde e educação. Além disso, o público B2B é o mais escolhido pelas startups e também é a sua preferência nos investimentos. Em resumo, é sobre crescimento de mercado, oportunidades, maiores chances de retorno de investimento e impacto positivo real.
Dinâmica entre investidores e fundadores
Para Monique Evelle, a relação entre investidores e fundadores é, na melhor das hipóteses, uma parceria simbiótica. Os fundadores trazem paixão, visão e profundo entendimento de sua solução e mercado, enquanto investidores contribuem com capital, experiência e uma perspectiva externa valiosa. Mas para isso funcionar, os dois lados precisam estar alinhados quanto à missão e aos objetivos de longo prazo da startup.
Ela explica que desafios surgem quando as prioridades de curto prazo dos investidores, muitas vezes focadas em retornos rápidos, entram em conflito com a visão de longo prazo dos fundadores. “Para preservar a identidade e cultura da startup, é necessário que os fundadores estabeleçam uma comunicação clara e transparente desde o início, definindo expectativas e limites. Por isso, é importante que as startups escolham com atenção e cautela seus investidores para que possam compartilhar da sua visão e valores, e que entendam a importância da cultura organizacional”.
O futuro dos investimentos em startups no Brasil
Questionada sobre como empreendedores e investidores podem trabalhar juntos para superar obstáculos e promover um ambiente mais favorável ao crescimento das startups, Monique Evelle indica que para os empreendedores é importante não apenas desenvolver soluções que realmente resolvam um problema real, mas também investir tempo na compreensão do cenário de investimentos, se beneficiar formando redes, participando de incubadoras, aceleradoras e eventos de networking, para compartilhar aprendizados e recursos.
Para os investidores, é crucial reconhecer o potencial das startups brasileiras, oferecendo não apenas capital, mas também mentorias, introduções estratégicas e recursos educacionais. Além disso, é necessário sair da própria bolha para conhecer perfis e negócios diferentes do que estão acostumados a olhar no eixo São Paulo.
“Estamos recuperando o fôlego dos investimentos. Espero que o futuro do setor acompanhe a realidade do mundo: ser mais plural, diverso, inclusivo e sem esquecer dos impactos positivos que as empresas e os investimento devem gerar”, completa Monique Evelle.
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