Renata Lino, CEO da Mommy Tech, é formada em programação e trabalha em marketing digital. Com 33 anos, ela decidiu que era o momento de planejar a maternidade. “Eu seria promovida a gerente em uma agência de publicidade e, apesar do meu marido estar desempregado, conseguiríamos viver muito bem com a minha renda antes dele se recolocar”, conta.
Porém, ao contrário do que ela previu, após engravidar e comunicar ao diretor da empresa na qual trabalhava, a reação dele não foi a esperada. “Fui informada por ele que, por causa da minha gestação, não poderia ser promovida, já que ficaria 4 meses fora da empresa e só havia uma vaga de gerente”, relembra Renata.
Apesar do trauma e das histórias vividas, em 2019, ao ter uma hérnia de disco, Renata começou a fazer uso de um medicamento que cortou o efeito do anticoncepcional, resultando em uma segunda gravidez. “Saí de licença maternidade e, após 2 meses, me chamaram para uma reunião remota e informaram que eu tinha sido realocada para um cargo operacional hierarquicamente mais baixo”, comenta.
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Como funciona a Mommy Tech
Renata decidiu usar a sua história para inspirar outras mulheres e, em 2021, criou a Mommy Tech, uma startup que fornece uma lista de currículos para empresas que buscam contratar mulheres e mães. Para ter acesso às candidatas, as corporações entram em contato com a startup e adquirem um plano de assinatura.
Já as candidatas precisam se cadastrar no site da Mommy e seguir as redes sociais da empresa para usufruir de todos os benefícios que a empresa oferece e divulga, como mentorias, cursos com flexibilidade de tempo para mulheres que são mães, busca de vagas online e outras iniciativas. Todo o serviço é gratuito. Atualmente, já são cerca de 20 mil mães cadastradas na plataforma, e mais de 600 mulheres foram realocadas no mercado de trabalho direta e indiretamente.
Mães no mercado de trabalho
Segundo a FGV, uma em cada duas mães é desligada da empresa em que trabalham 12 meses após a licença maternidade. “Um ponto que as empresas esquecem ao demitir essas mulheres é o benefício de acolher uma mãe. Isso ocorre porque o medo de ser demitida e a insegurança do mercado tornam essa colaboradora alguém com baixo índice de rotatividade, ou seja, propensa a permanecer na empresa por ter sido acolhida e não migrar para outra empresa em busca de melhores salários”, comenta Lino.
De acordo com Renata, a maior iniciativa que precisa ser implementada no Brasil é a licença parental igualitária entre homens e mulheres. “Isso resolveria não apenas o preconceito contra as mães, mas também contribuiria para a equidade de gênero no mercado de trabalho. Chile e Colômbia são as únicas economias da América Latina e do Caribe que oferecem licença parental remunerada”, comenta.
Um levantamento realizado pelo Banco Mundial aponta que o número de países que adotaram a licença parental mais do que dobrou nas últimas duas décadas. Em 2000, eram 20 países, e agora são 53, incluindo Alemanha, Canadá, China, Reino Unido e França.
Próximos passos da Mommy Tech
O time da Mommy é composto por 5 pessoas, mesmo assim a empresa atende todo o Brasil de forma remota. A startup já participou do programa de aceleração da Inovativa de Impacto e foi vencedora nacional do programa Ideiaz Powered by InovAtiva. Além disso, também participaram do ciclo Chicago do Startup OutReach Brasil, um programa gratuito de internacionalização de startups brasileiras.
Mesmo sem receber nenhum investimento, a startup teve um faturamento de R$ 48 mil em 2022 e prevê atingir R$ 100 mil em 2023. “Ainda não buscamos nem recebemos investimentos, pois sabemos que o mercado de diversidade interseccional no Brasil ainda é imaturo. Além disso, temos capital para manter a MommyTech por meio de Bootstrapping até que o mercado amadureça”, diz Renata.
Os próximos passos da empresa incluem o lançamento da ferramenta no mercado ainda em 2023, a criação de pautas para estimular a conscientização de mais empresas sobre a contratação interseccional de mães e gestantes. Além disso, a startup deseja incentivar o mercado de trabalho a conhecer o cenário das mães atípicas, que têm filhos com deficiência, por exemplo, e precisam de ainda mais flexibilidade. Para 2024, a Mommy tem o objetivo de se tornar o maior hub de recolocação de mães no Brasil.
Para concluir, Renata dá um conselho às mães que desejam se recolocar no mercado de trabalho. “Busquem se atualizar e adquirir habilidades tecnológicas que as diferenciem no mercado e, consequentemente, tenham menos concorrência por vaga. Existem empresas que vão enxergar além da maternidade, oferecendo melhores benefícios e, muitas vezes, a tão sonhada oportunidade de trabalho
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