Há 12 anos, o casal Tatiana Leite e Murilo Farah, ex-executivos de uma multinacional, fundaram a Benfeitoria, plataforma de financiamento coletivo. Só pela plataforma a organização já ajudou a movimentar mais de R$ 200 milhões para quase 12 mil projetos no Brasil, com o apoio de mais de meio milhão de benfeitores e já faturou mais de R$ 15 milhões.
Até o momento a plataforma não recebeu investimento, mas conquistou outras formas de fomento, e “é por isso que somos tão entusiastas desses modelos”, afirma Tatiana. A Benfeitoria foi incubada pela Incubadora Rio Criativo, do governo do estado do Rio de Janeiro. Foram acelerados pelo BNDES Garagem e receberam prêmios no começo da sua trajetória que garantiram um financiamento, como o prêmio IG Startups 2011, que os contemplou com R$ 60 mil.
“Empreender no Brasil não é fácil, especialmente quando se mistura inovação, negócios e causas com muitas camadas de complexidade. Mas tem sido emocionante: são 12 anos desbravando diferentes modelos colaborativos e testemunhando uma verdadeira revolução, que engaja, conecta e amplifica o impacto prático e simbólico de pessoas e instituições que querem fazer diferente para fazer diferença”, diz Tatiana Leite, cofundadora e CEO da Benfeitoria.
“Isso vale de agentes de fomento gigantes, como o BNDES – que já destinou mais de R$ 100 milhões em Matchfunding através de parcerias com a plataforma -, até micro organizações, coletivos e empreendedores individuais, que atuam na ponta e fazem milagres com muito pouco recurso. Mais que desenvolver ferramentas para empoderar mudanças de baixo para cima, queremos incentivar novos fluxos de poder, de cima para baixo”.
Entre as inovações trazidas pela Benfeitoria para o ecossistema de impacto, estão o modelo de comissão livre (quem capta escolhe quanto quer pagar, se quiser pagar) e o lançamento de editais dematchfunding (quando o parceiro multiplica a arrecadação e o público se torna o curador final). A última é o recém-lançado ChaPix, a primeira ferramenta de arrecadação com taxas totalmente zeradas do Brasil.
Após anos promovendo a cultura de doação no país através do crowdfunding, a organização dá um passo importante na missão de alavancar o impacto de clientes institucionais e lança o Benfeitoria STUDIO e o edital Fomentaê.
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O que é o STUDIO da Benfeitoria?
O STUDIO surge como uma agência de impacto full service, que mescla escopos de consultoria e produtora e vai muito além do crowd e matchfunding.
A empresa percebeu o crescente impacto e influência da plataforma no B2B ao longo da última década, e viu a necessidade de se lançar a Benfeitoria STUDIO. A agência atua através de um menu flexível de serviços pontuais e contínuos para parceiros institucionais de diferentes portes.
“Queremos ajudar os times enxutos de organizações que têm recursos para investir em impacto a levarem suas ações para outro patamar. Com mais de uma década de experiência, nossa equipe domina as tecnologias digitais, sociais (e emocionais) necessárias para turbinar ações com a agilidade, criatividade, flexibilidade – e cuidado, nosso valor base”, diz Tati.
A Benfeitoria espera se aproximar de clientes institucionais que tenham verba para investir em impacto e queiram ajuda para criar algo mais relevante, tanto em termos de formato, como em termos de comunicação – independente de envolver crowd e matchfunding. Para isso, criaram um menu que funciona em formato de pequenos “sprints” (para ajuda em jobs pontuais) ou “plugs” (para programas grandes ou desafios contínuos).
O que é o Fomentaê?
Contudo, ações de fomento através do crowd e matchfunding seguem sendo um dos carros chefes do grupo por conta dos resultados extraordinários já demonstrados. E para tornar esses modelos acessíveis também a organizações sem fins lucrativos – que muitas vezes têm recurso para investir na ponta, mas não tem verba, cultura, time e/ou expertise para desenvolver ações de fomento que envolvam toda a potência do coletivo – o STUDIO é lançado junto com o Fomentaê, um edital voltado para quem faz editais. A ação vai mapear e selecionar organizações de direito público ou privado sem fins lucrativos, que atuem em rede, impulsionando projetos de terceiros em temas estratégicos para a sociedade, sejam eles de impacto social, cultural, econômico ou ambiental.
Os parceiros selecionados terão acesso aos serviços da agência de forma gratuita e uma (co)criação, com a equipe do STUDIO, de um programa de fomento para impulsionar projetos da rede em que já atuam, através do financiamento coletivo. Esse pacote envolve serviços de planejamento, capacitação (tanto do parceiro, como dos projetos a serem beneficiados pela ação) e acesso gratuito às demais tecnologias da plataforma – que, para além dos diferentes sistemas de arrecadação, contam com customização de páginas online, formulários inteligentes para editais, ferramentas de leilões para projetos especiais, produção de toolkit de comunicação, entre outros.
“Precisamos nos unir para tornar a colaboração tão fácil e sexy quanto o hábito de compra. Unir ética à estética e romper com a lógica de que, por que algo é importante, não precisa ser bem comunicado. Esse edital é para quem quer fazer o bem e tem paixão por fazer bem feito”, explica a CEO da Benfeitoria.
A empresa quer levar a potência dos modelos de fomento via financiamento coletivo, como o matchfunding, para organizações sem fins lucrativos, como fundações, institutos e prefeituras – que já atuam impulsionando projetos, mas somente de forma tradicional. “Oferecendo nossas tecnologias de graça para este público, acreditamos que podemos construir novos cases, inspirar outros e, principalmente, aumentar o impacto do recurso na ponta. Em um edital via financiamento coletivo, o público é o curador final e os beneficiários, além da verba, aprendem a mobilizar suas redes – o que hoje em dia é fundamental”.
Qual a expectativa do lançamento?
Segundo Tatiana, a empresa quer influenciar os diversos agentes de fomento, públicos e privados, a atuarem com modelos mais humanos, inovadores e ousados, elevando o patamar de impacto e influência de seus programas e ações.
“Há muito investimento neste ecossistema, mas muitas vezes são regidos pelo que chamo de ‘lei do máximo compliance e mínimo esforço’ – o que é muito ruim para o setor. Primeiro porque as pequenas iniciativas, que fazem verdadeiros milagres na ponta, ficam sem acesso a este capital; segundo porque a lógica que rege a relações de doação não muda e só mantém as estruturas, em vez de mudá-las e, por último, porque os bons exemplos não circulam o suficiente, deixando de inspirar outros agentes de mudança”.
Mercado de financiamento coletivo
Segundo Tati, o mercado de financiamento coletivo, assim como todo o ecossistema de doações, passou por um “boom” durante a pandemia – que não se sustentou depois. Isso acontece porque a sensação de urgência é reduzida, porque existe uma fadiga entre doadores individuais e institucionais que estavam mais engajados durante a pandemia e, claro, porque o contexto Brasil pós-pandemia é um contexto de profunda crise econômica, social, cultural e política. Então, o mercado de financiamento coletivo, assim como todo o ecossistema de doações, reduziu de forma relevante, o que torna tudo muito desafiador para os empreendedores – e, principalmente, para os projetos que atuam na ponta.
Além disso, o Pix mexeu muito com o mercado. Muitas pessoas e organizações que antes faziam vaquinhas nas plataformas, passaram a usar o Pix – o que trouxe muitas vantagens, como a facilidade e gratuidade, como desvantagens e novos desafios, como a dificuldade de relacionamento e fraudes. “Foi neste contexto, inclusive, que lançamos o ChaPix recentemente, ferramenta de arrecadação com taxas totalmente zeradas do Brasil, para mobilizações feitas exclusivamente via pix”.
Mas esse ano, Tatiana explica o mercado voltou a crescer – não só na quantidade e valor das doações, como no número e qualidade de projetos. Foi percebido um outro ânimo dos produtores de projetos culturais, com quem temos um trabalho muito relevante também, positivamente alterados – o impacta diretamente toda a engrenagem.
“Olhando para o futuro, mesmo considerando a velocidade com que as tecnologias mudam, vejo crescimento. Enquanto houver desafios e criatividade no mudo, vai ter projeto de interesse coletivo e pessoas se juntando para mobilizar. Se essa mobilização será via Pix, via plataforma ou uma nova tecnologia que vai tornar todas as plataforma atuais obsoletas, não sabemos”, afirma.
“A nossa leitura é de que, em 10 anos, a Benfeitoria não estará atuando como hoje. Mas nós nunca nos definimos só como uma plataforma de financiamento coletivo, então isso não nos assusta. Pelo contrário, nos estimula, pois nascemos para desbravar futuros benfeitores. Nos interessa inventar novos modelos de gerar impacto. Temos muita tranquilidade de que o know-how de fazer projeto tem vida longa, que o financiamento coletivo tem vida longa, mas a consciência de que tecnologia A, B ou C vai mudar. E, quando isso acontecer, estaremos prontos. Ou melhor, preparados”, completa Tati.
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