Muito se brinca e se fala do Acre como a terra que não existe! Tenho que admitir que esse
“jargão” vem nos ajudando no campo da inovação muito mais do que atrapalhando. Toda vez
que tem um mentor, investidor ou consultor de renome que cruza com algum líder de
comunidade e ouve falar do Acre e pergunta: o Acre existe? A Resposta afiada é sempre a
mesma: talvez você tenha que ir pra comprovar, eu não tenho certeza. Essa brincadeira já
nos gerou os melhores frutos do ecossistema, conseguimos trazer para o Acre de forma
gratuita muitas pessoas que ajudaram a amadurecer nossa comunidade e os negócios nela
envolvidos.
No Acre temos uma comunidade única chamada Aquiri Valley, na linguagem indígena Aquiri
significa “Rios de Jacarés”. Nossa comunidade faz 10 anos nesse mês de outubro de 2022, em 2012 foi iniciado no Acre um movimento das empresas digitais que estavam tentando entrar em mercado e não conseguiam apoio pra se conectar com o resto do país e com outros ecossistemas pelo mundo. Nessa época era uma fase ainda de poucos empreendedores no estado e que buscavam saber como desenvolviam melhor seus produtos, como conseguiriam acessar novos mercados e principalmente como envolveriam novos empreendedores para levantar essa bandeira, numa cidade ao extremo ocidente da Amazonia Brasileira. Foi nessa levada que vários empreendedores das áreas de economia criativa e
digital se uniram pra cobrar das instituições e governo estadual uma ajuda para trazer um novo viés para economia do estado, o da inovação.
Depois de muitas reuniões e algumas promessas, em 2013 iniciou no Acre um movimento em
prol das startups e empresas inovadoras, liderados pelo Sebrae em parceria com governo do
estado e prefeitura de Rio Branco, este movimento que tinha como foco ouvir os
empreendedores sobre suas principais dores, rendeu a criação de um projeto para o estado
que reunia ações compartilhadas que tinham como foco atingir um objetivo único “colocar o
Acre dentro do cenário de inovação pelo Brasil”. O que se viu depois disso foi um salto
qualificado no estado em produção e geração de startups e modelos de negócios inovadores,
mas nem tudo são flores e essa transição não foi de uma hora para a outra, nadamos muito e
de forma compassada para evoluir. Como estávamos num cenário remoto, pequeno e sazonal
o primeiro passo foi medir todos os pontos fortes e fracos visando construir um passo a passo
que se encadeou pelos anos a seguir:
1 – Informação
2 – Formação
3 – Protoripação
4 – Mercado
5 – Internacionalização
Em 2013 e 2014, como não tínhamos nenhum processo iniciado no estado criamos ações
voltadas a informação e entendimento desse mundo novo dentro da revolução 4.0 para isso
foi montado uma sequencia de atividades de ativação com palestras, cursos, workshops e fóruns de debates, esse foi o inicio da compreensão desse novo modelo de “empresas” que vinha despertando por aqui, as Startups. Em 2014/2015 com os projetos iniciados e muitas duvidas no ar todas as ações e
investimentos do projeto foram focados em formação dessas iniciativas durante o ano (meetups, bootcamps, ocupação de espaços públicos com evntos como startup weekend e e os primeiros hackathons).
No período de 2016 e 2017, mesmo com as startups avançando em seus modelos de negócio e
iniciando sua busca por mercado ainda tínhamos produtos muito básicos (Código), quase MVP,
então concentramos todos os recursos e esforços em trazer para o Acre pessoas e processos
para ajudar os empreendedores a entender o mercado chave e a criar produtos mais maduros.
Bem já tínhamos informado, formado, prototipado, validado vários produtos mesmo assim,
mercado ainda era um desafio e uma barreira que precisávamos quebrar, então em 2017 e
2018 iniciamos a preparação desse turma visando oportunidades de networking, investimento
e conexões com vários ecossistemas pelo Brasil, foi um ano bem atípico e com vários
resultados de crescimento para as empresas que conseguiram investimento, ou expandir para
outras regiões do Brasil, muitos resultados surgiram e a comunidade estava de vento em
poupa.
Com todos os processos andando em 2019/2020 chegava a hora de pensar em quebrar as
barreiras do Brasil, nascia assim a busca pela tão sonhada “Internacionalização”, deixei a
palavra entre aspas por que quando se pensa em internacionalização de startups pensamos
em mercados mais consolidados como EUA, Europa e Asia, bem não foi o nosso caso, não
pensávamos assim, como estamos no Acre e temos a proximidade com o mercado Andino com
60 milhões de pessoas ao nosso lado, focamos em interconexões Brasil, Peru e Bolívia (eventos
de ativação – primeiro hackathon trinacional, eventos de formação – academia dos três países
e eventos de mercado – formação de investidores da região de fronteira para investir em
Agrotechs).
Nos anos seguintes vocês já saber o que aconteceu… 2020 e 2021 foram marcados pela onda
mais fora da curva que o mundo poderia passar (pandemia de covid-19), tivemos muitos
tropeços como comunidade e uma debandada de empresas e lideres de comunidades indo pra
outros estados e países visando novas oportunidades, que o mercado digital trouxe junto a
pandemia “home office”. Agora e 2022 estamos levantando aos poucos, batendo a poeira
para dar a volta por cima em 2023, muitas ações juntas, projetos encadeados com várias
instituições e empresas ancoras, estruturação dos ecossistemas de inovação pelo estado, etc…
Mas isso vai ficar como promessa de uma próxima matéria, até breve!!
Alex Lima de Sousa é um apaixonado por criatividade, empreendedorismo, tecnologia e inovação, atualmente atua como Head de inovação do Sebrae Acre. Coordenou o projeto estadual de Startups, participei da concepção metodológica e implantação do Sebrae Lab Acre (Laboratório para validação de modelos de negócios inovadores com o mercado), é co-criador dos programas de pré aceleração e aceleração para Startups que funciona dentro da Universidade Federal do Acre, atua como Product Owner nos projetos do Sebrae Acre.