Essa matéria fala sobre bitcoins, criptomoedas e câmbios digitais. Se você não está acostumado com o tema, sugerimos que leia essa matéria e outras aqui neste link.
Bitcoins continuam sendo um tema quente para empreendedores brasileiros. Só neste ano apresentamos três câmbios respeitáveis de criptomoedas aqui no Brasil: Mercado Bitcoin, Bitcoin To You e BitInvest. Recentemente conhecemos mais um, com uma proposta interessante, a Bleutrade, que trabalha não só com a bitcoin, como também com várias criptomoedas.
As promessas da Bleutrade são as mesmas que já ouvimos muitas vezes antes: segurança, interface amigável, sistema eficiente e flexibilidade. No entanto, após converser com os cofundadores da startup, Rodrigo Henrik e Felipe McMont, que se disponibilizaram a explicar detalhes de sua empresa, ficou claro que eles não ficam só na promessa – há um trabalhado pesado para, de fato, oferecer tudo isso.
Para resumir, é possível apontar três características principais que diferenciam a Bleutrade de outras exchanges de criptomoedas: valor das taxas, abertura a várias altcoins, e todo o sistema ser dividido em vários servidores separados ao redor do mundo, que se interligam e interconectam através de diversas camadas de criptografia, dificultando invasões.
A nossa conversa aconteceu poucos dias depois das polêmicas com a Mt.Gox, uma das maiores exchanges do mundo que faliu e sumiu com o dinheiro de muita gente. Para Rodrigo, episódios como esse abalam muito a confiança dos usuários na tecnologia e é por isso que ele optou “dar às caras” nas redes sociais e se disponibilizar a conversar pessoalmente com qualquer cliente – seja pelo Facebook, Skype ou chat do serviço.
Felipe, co-fundador e o lado desenvolvedor da Bleutrade, também explica algumas das medidas técnicas de segurança que diferenciam sua exchange de outras. Além de utilizar criptografia SSL de 128 bits, verificação em 2 passos e outras medidas básicas, também contam com um recurso chamado “cold wallet”, que deixa a maior parte do dinheiro offline. Segundo Felipe, essa prática faz com que apenas 5% das moedas do usuário estejam ligadas à internet, eliminando completamente o risco de roubarem os outros 95%. “E se alguém conseguisse roubar só esses 5%, nós reembolsaríamos o usuário”, garante Rodrigo. Além disso, todo o sistema é dividido em vários servidores separados, que se interligam e interconectam, dificultando invasões.
Algo que pode incomodar algumas pessoas é o fato de eles não terem um CNPJ e não serem registrados. Rodrigo justifica: “Gostaria muito de ser uma empresa formalizada hoje, mas não vou atrás disso porque não encontro aparato legal que se enquadre de verdade em nosso negócio. O governo ainda está discutindo se legaliza ou não as criptomoedas. Não acho justo nos registrarmos como ‘serviços de internet’ ou algo do tipo”.
Apesar disso, os outros exchanges, como Mercado Bitcoin e Bitcoin To You, estão registrados. Há outra questão que colabora para a Bleutrade não querer abrir um CNPJ: eles só trabalham com criptomoedas. Não há “fiat Money” (dinheiro regulado pelo governo) circulando no serviço – apenas moedas virtuais, que são trocadas entre si.
Por isso eles apostam na variedade. Até o momento, já trabalham com 33 altcoins, que fazem pares entre si. Isso quer dizer que uma bitcoin, por exemplo, pode ser vendida por litecoins, dogecoins ou qualquer outra moeda virtual cadastrada no sistema.
Com esse tipo de posicionamento, a Bleutrade foca em dois mercados um pouco diferentes de seus concorrentes aqui no Brasil. Primeiro, eles almejam o público internacional – segundo Rodrigo, 70% dos seus mais de 700 usuários ativos são estrangeiros. E em segundo lugar, eles atraem muito com mineradores, que ao minerar suas moedas e vão ao exchange para trocá-las ou especulá-las.
O modelo de cobrança deles é basicamente o mesmo de outras exchanges: cobram uma taxa entre as transações. No entanto, é válido notar como eles cobram menos. Na Bleutrade, os valores variam entre 0,25% e 0,4% dependendo da moeda; nos outros câmbios brasileiros, os valores variam entre 0,3% a 0,6%.
Há muitos desafios para a Bleutrade e os outros câmbios de bitcoin brasileiros e internacionais enfrentarem. No ano passado foi publicado um estudo mostrando que 45% dos exchanges fecham. No entanto, também há um mercado potencial enorme a ser explorado a cada dia que as criptomoedas se popularizam. Por enquanto, a Bleutrade conta com os investimentos apenas de seus co-fundadores, que apostam em um crescimento orgânico e não procuram investidores.