A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas, associação que agrega aproximadamente 1.300 Câmaras de Dirigentes Lojistas, anunciou que está construindo o CDL Shopping, um shopping virtual no qual seus mais de 1 milhão de lojistas associados poderão vender suas mercadorias. Veja abaixo minha visão sobre isso.
Sob responsabilidade da empresa catarinense Flexy Negócios Digitais, que atua no mercado de e-commerce há 10 anos, a plataforma pretende reunir vários lojistas de diferentes segmentos de atuação em um mesmo endereço da Internet.
Um dos objetivos do CDL Shopping Virtual é justamente aproximar o pequeno e médio varejista do comércio eletrônico, incluindo os mais reticentes. O comércio eletrônico no Brasil cresce a taxas bem superiores ao volume de vendas registrado nas lojas físicas. Dados da consultoria e-bit mostram que, em 2013, o e-commerce registrou um aumento de 41% na época que antecede o Natal em comparação com o mesmo período do ano anterior.
O volume comercializado pela web em 2013 chegou à marca dos R$ 30 bilhões – e deve crescer de forma consistente nos próximos anos. “O consumidor quer comprar com comodidade, pesquisar antes pela internet, aproveitar promoções e ter mais opções”, explica o diretor de Tecnologia da Flexy, Cristiano Chaussard.
Para Juarez Beltrão, Diretor Comercial da Flexy, muitos empresários têm dificuldades de ingressar no e-commerce devido aos custos de operação e a desconfiança. “O CDL Shopping Virtual será uma plataforma robusta e segura para os lojistas que pretendem dar o primeiro passo neste mercado. O varejo não pode mais ficar de fora do e-commerce”, afirma. A Flexy Negócios Digitais, sediada em Florianópolis (SC), responsável pelo projeto, oferece soluções para e-commerce no Sul do país, Chile, Argentina e Peru.
O varejista terá opções para customização da loja, como cores e posicionamento da marca, entre outras soluções. O sistema também conta com um manual online que ajuda o lojista na montagem de todos os passos do site. Quando estiver em operação, o consumidor terá como porta de entrada as lojas associadas à CDL da sua cidade, aproximando o cliente aos lojistas locais. Isso não impede que sejam realizadas compras em qualquer uma das lojas do shopping, com sede em cidades e Estados diferentes.
O consumidor poderá adquirir produtos em mais de uma loja, utilizando o mesmo “carrinho” de compras, e fazer um pagamento único, por cartão de crédito, débito ou outras formas disponíveis. As compras serão entregues no endereço que o consumidor determinar, pelos respectivos lojistas.
Para os comerciantes que optarem a aderir ao shopping virtual, o investimento pode ser feito em 48 vezes via Cartão BNDES (R$ 101,00/mês) ou em três parcelas de R$ 1.300,00 – a taxa de condomínio mensal de R$ 189,00 inclui a hospedagem, manutenção, segurança e atualizações do sistema. Este modelo isenta o lojista de dividir os lucros com a plataforma, ou seja, não há participação nos resultados do comerciante, diferente de outros shoppings virtuais.
Minha visão
Aparentemente, o alegado problema de desconfiança dos lojistas reticentes (que ainda não comercializam via web) pode ser resolvido mediante a chancela da CNDL. Quanto ao argumento de que o medo era dos cursos de operar um e-commerce, a solução pode acabar sendo apenas relativa, pois só para aderir ao sistema o lojista já vai pagar R$ 3.900,00 e ainda vai ter uma taxa mensal de manutenção de R$ 189,00.
Isso gera um custo de R$ 6.198,00 por lojista no primeiro ano e, a cada ano a mais que permanecerem utilizando o sistema, mais R$ 2.268. Isto não é exatamente caro (considerando que uma grande operação de e-commerce pode custar muito mais do que isso) nem exatamente barato (considerando que existem diversas plataformas gratuitas que também operam com segurança e atraem a atenção de possíveis compradores).
O mais interessante é que este novo negócio da CNDL pode significar um faturamento de quase R$ 620 milhões no primeiro ano, caso 10% da sua base de 1 milhão de lojistas resolva fazer parte. E, a cada ano a mais que permanecerem utilizando o sistema, essas mesmas 100 mil empresas trarão à entidade mais um valor total de aproximadamente R$ 227 milhões. Se a iniciativa tiver aderência de apenas 1% da sua base, bem, é só passar a vírgula uma casa pra esquerda: R$ 62 milhões pelo primeiro ano da adesão de 10 mil lojistas, R$ 22 milhões por cada ano consecutivo.
Pode ser um bom negócio para os lojistas, sim. Mas com certeza pode ser um negócio muito melhor ainda para a CNDL. Já era hora de uma organização deste porte se mexer, o e-commerce não foi inventado hoje, há muitos anos que muita gente ganha dinheiro na Internet e oferece oportunidade para outros ganharem também. Antes tarde, do que mais tarde!