Antes de começar a contar a história do Eduardo Sani e da UseLink, a startup dele, vale um preâmbulo: o “caipira” do título não tem nada de pejorativo. É uma autodescrição, bastante divertida, aliás, que o próprio Sani faz. Nascido em São Pedro, uma cidade de 20 mil habitantes a 191 km da capital paulista, o empreendedor veio para São Paulo aos 19 anos – hoje ele tem 31 – para estudar e crescer na vida.
Era para ser no jornal “Lance”. Quando Sani chegou no endereço e viu que havia uma Kombi estacionada na esquina com pilhas do diário esportivo, entendeu que não era exatamente na redação ou no comercial da publicação. Virou jornaleiro de farol por ocasião. “Bom, eu estava lá, não é?”, ri ele. “Então resolvi encarar.”
Foi ali que começou a despontar o tino publicitário: perguntava aos motoristas qual o time favorito de cada um deles. Bom, estamos em São Paulo, terra do Corinthians – não precisa nem contar o resultado, não é? Comprou uma camiseta alvinegra para vender os jornais que, se antes levavam três horas para serem vendidos, com o empurrão corintiano levavam 45 minutinhos.
Um dos motoristas clientes de Eduardo o chamou para ser promotor da marca Calvin Klein em um shopping center. Ele topou e, paralelamente, ingressou na faculdade de publicidade. Como a vida em São Paulo não é fácil financeiramente falando, ele saiu acumulando empregos: foi salva-vidas em dois clubes, segurança de casa noturna, operador de telemarketing e atendente do 156 da Prefeitura até, finalmente, ingressar no mercado publicitário.
Hoje, depois de circular por grandes players de publicidade, Sani oferece uma consultoria em marketing digital com foco em performance – e promete aumentar os resultados do cliente em 14 semanas, em um trabalho que costuma ocorrer em um tempo entre seis e oito meses.
Não se trata daqueles truques mágicos que a gente vê em anúncios esquisitos da internet. O resultado é obtido, contanto que esse contratante cumpra os passos e procedimentos recomendados pela startup do empreendedor, a UseLink.
“Eu vi essa lacuna há um bom tempo, desde quando eu trabalhava em uma agência de publicidade, e depois virei cliente gerente de marketing de outra empresa. Abri o serviço sem pretensão de ser uma empresa”, conta. “Abandonei a minha carreira em publicidade e investi na startup porque percebi que existiam poucas pessoas qualificadas que trabalhavam com performance digital.”
Últimos dois anos abandonei a carreira – percebi que existiam poucas pessoas qualificadas que trabalhavam com performance. Código do site, lugar, dia melhor horário de se fazer uma boa campanha de marketing não encontrava isso quando eu era cliente.
A startup trabalha dentro do conceito de business inteligence, ou seja, avaliando o site do cliente e entendendo o fluxo de usuários. Existe todo um planejamento de ações e de melhoramento de página, além de sugestão de melhoria de conteúdo onde existe mais acesso. Tudo isso, diz Sani, com o mesmo investimento e maior retorno capital.
Deu tão certo que ele tem aumentado o faturamento das empresas entre 20% e 40% em três meses, segundo me contou.
Caso o cliente ache o budget do serviço muito caro, é a hora de Sani mostrar as suas habilidades de equilibrista chinês nas negociações: vende por 50% do orçamento e uma porcentagem de 10% sobre o lucro obtido depois do trabalho (ou seja, o que o cliente ganha além do que já faturava antes).
Deu tão certo que alguns clientes têm pedido para voltar atrás depois do acordo percentual. “Mas claro que não dá para reverter no meio do caminho, né?”, diz ele. “Alguns clientes dizem que eu estou virando o sócio deles”, diverte-se.
Ele tem mais dois produtos na manga – mas nada a ver com B2B: um é um ecommerce de Vuvuzelas que ambiciona atender o público da Copa do Mundo; e outro é um aplicativo trilíngue de geolocalização para encontrar as baladas e casas noturnas dos arredores – também pensando no público internacional.
De jornaleiro a startupeiro, toda essa saga contribuiu para a visão nos negócios? Sani me garantiu que sim. “Isso contribuiu muito para a minha visão de empreendedor, porque quando você passa por diversas áreas e diversos segmentos, você analisa cada ponto, cada perspectiva, cada pensamento diverso”, declarou. “Eu me considero um caipira, né? Essa diferença entre o interior e a cidade grande também contou muito. Tudo isso criou um imenso valor para eu me relacionar.”