Da mesma maneira que ninguém quer comprar uma casa aos pedaços, é difícil encontrar quem queria fazer aquisição de uma empresa que esteja uma bagunça. Existe uma série de práticas que podem inviabilizar a aquisição da sua startup, segundo o pessoal da consultoria Hirashima, que trabalha com diversos fundos de investimento e empresas brasileiras. E o ideal é começar fazendo tudo certo, porque o conserto pode sair caro depois.
“Quanto mais uma empresa amadurece e cresce, mais a avaliação dela depende do história que ela criou. Se você tem demonstrações financeiras que não refletem a realidade, o investidor vai acabar ou se baseando em fatos que não são verdade ou não sentindo segurança em fechar um negócio”, explica Rodolfo Zeidler, consultor da Hirashima. A dica aqui é: Trate seus números como se eles fossem um produto que você está vendendo junto com o produto da sua empresa. “Se você é uma startup que criou um aplicativo, os seus produtos de venda são o aplicativo e os seus números financeiros”, completa Ruy Luiz de Paula, também consultor.
Rodolfo explica que é preciso manter informações financeiras completas, incluindo o crescimento da receita, os custos e o desenvolvimento do negócio. “Muitos empreendedores usam a empresa como uma extensão da sua pessoa física. Então, acabam contabilizando despesas pessoais dentro da empresa e isso pode gerar um problema na hora da avaliação”, conta o consultor. “Com o desconto dos gastos pessoais, o seu lucro fica menor, e como você vai comprovar que a sua empresa vale mais que aquilo?” É preciso evitar receitas contabilizadas de maneira errada e custos distorcidos.
Por isso, é importante manter a organização e separar gastos pessoais do da empresa desde o começo. “No Brasil, a gente vê muita empresa familiar onde as práticas contábeis não são levadas tão a sério, porque não havia uma ambição de captar dinheiro. Hoje, eles estão tendo que lidar com dores de cabeça para colocar a casa em ordem”, explica Ruy. Segundo ele, é importante que quem está começando se preocupe com a governança corporativa que adotará em sua companhia.
“A gente já viu projetos não decolarem porque foram aparecendo ‘surpresas’ nos dados históricos da empresa. Já houve casos em que os analistas não conseguiam saber se a empresa estava dando lucro ou prejuízo”, diz o consultor. É, gente, é muito mais barato começar com a casa em ordem.
Minha visita à Hirashima rendeu outra matéria, sobre a avaliação dos valores das startups. Leia aqui
Foto: Ken Teegardin