O caso da Tá Tri, um site de busca de imóveis focado no Rio Grande do Sul, precisa ser contado porque representa a realidade de boa parte dos empreendedores brasileiros. Eles não tiveram investimento anjo, nem o famoso “paitrocínio”, mas superaram os obstáculos e estão completando cinco anos de vida com dois funcionários dedicados em tempo integral ao negócio. É uma história de persistência diante dos baldes d’água fria que vida muitas vezes traz para quem está criando algo novo.
A história da startup começou com uma aula de empreendedorismo na faculdade e um problema enfrentado pelos sócios fundadores. “Quatro dos cinco sócios estudavam na UFRGS [a federal do RS] e tiveram uma disciplina sobre empreendedorismo, que fez com que eles começassem a buscar uma ideia pra começar um negócio na área de TI”, conta Lígia Buchfink, a sócia que conversou comigo sobre a startup.
Com o diálogo aberto, faltava um problema a ser solucionado e foi neste momento que um dos sócios começou a procurar um apartamento em Porto Alegre e encontrou dificuldades, conta Lígia. “Dava muito trabalho entrar nos sites das imobiliárias, então ele pensou na criação de robôs para monitorar os sites das empresas e ter esse processo centralizado.” Com a ideia na cabeça, foi montado um protótipo e o feedback inicial veio de conhecidos –segundo Lígia, eles receberam apoio e tiveram força para seguir em frente.
“O site foi construído nas horas vagas, nos fins de semana, porque todos tinham outros trabalhos”, lembra a sócia. Segundo ela, o produto foi construído com foco no usuário e com prioridade para a quantidade de imóveis disponíveis. “Esse foi o nosso principal critério de expansão: só partíamos para uma nova cidade se conseguíssemos ter uma quantidade significativa de imóveis lá.”
Hoje, a startup atua em seis regiões do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Canoas, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Santa Maria e litoral.
O primeiro balde d´água fria veio quando eles não conseguiram o investimento inicial. O segundo veio quando eles não foram aprovados para participar de um programa de subvenção econômica para pequenas empresas chamado Prime (o Finep não realiza mais esse programa). “Ficamos um ano trabalhando no plano de negócios, o que nos ajudou a vê-lo de maneira mais ampla. Fomos selecionados na primeira fase, mas acabamos não sendo aprovados”, explica Lígia. Segundo ela, a decepção foi grande, já que a aprovação no programa traria a possibilidade de dedicar um sócio em tempo integral ao projeto. Ao mesmo tempo, eles receberam a boa notícia de aprovação da incubadora da Unisinos, chamada Unitec –mas não participaram do processo.
“Depois de passada a decepção, refizemos os cálculos, planejamos novamente e decidimos que um dos sócios ia se dedicar exclusivamente ao Tá Tri”, conta Lígia. “Pegamos nossas economias e vimos que elas custeariam o trabalho de um de nós no projeto, por um ano. E foi o que fizemos.”
Os anos de experiência trouxeram conhecimento à Tá Tri. “Fomos entendendo mais a dinâmica do mercado imobiliário, vendo as necessidades e chegamos a esse primeiro ano com um funcionário no positivo. Continuamos naquela direção e, por mais um ano, conseguimos manter um sócio dedicado exclusivamente à empresa”, afirma a sócia. Agora, em 2013, outro sócio passará a se dedicar em tempo integral ao projeto.
“Nosso principal desafio sempre foi criar um negócio de forma sustentável, visto que tínhamos pouco capital inicial. Então, fomos construindo tudo aos poucos, na medida que tínhamos condições, mas nunca deixamos de acreditar e investir”, diz Lígia. Agora, a Tá Tri pensa em um novo produto, focado em imobiliárias, e procura aumentar seu faturamento.
Na foto: A cidade de Porto Alegre, em imagem de pcscheid (acesse o original aqui)