Para a série de comentários sobre leituras recomendadas: entendendo o futuro no presente, por meio das palavras de co-fundadores da O’Reilly AlphaTech Ventures e da 37Signals.
Será que tudo vai ser reinventado?
Para Bryce Roberts, que co-fundou a investidor O’Reilly AlphaTech Ventures (com um dos caras mais importantes na reinvenção da web depois do estouro da bolha de 2000), nunca se viu tantos mercados a ponto de serem reinventados: “fundamental shifts in music, gaming, banking, education, government, automobiles, energy, coupons, payments, retail, rental cars, manufacturing, publishing, journalism, just to name a few”. “Sou fã do Facebook como empresa que reinventou o IPO”, explica em um post.
Ele segue exemplificando :
- telefone: “nem me lembro quando fiz uma ligação de um fixo”;
- comunicação: email, SMS, Twitter, Foursquare, tudo nativo;
- câmera: “não tenho mais nem das portáteis” (agora só no celular?);
- câmera de vídeo: “tchau Flip”.
- toca-música: “iPod + Pandora, não preciso muito mais que isso”;
- máquina de facsmile (ok, pegado na tradução de fax): “nunca mais precisei usar”;
- lanterna: “aquele pequeno flash no iPhone 4 funciona tão bem”;
- console de jogos: “não jogo Xbox ou Wii, mas amo Angry Birds”.
Mais importante: lembre-se de Jason Fried, co-fundador da 37Signals, que escreveu que “estar no negócio de software não nos dá licença para falar em código” ao explicar como cuidou do relacionamento com clientes durante um período de problemas no produto Campfire. Tudo bem que às vezes, a sua solução não é problema do cliente, mas sempre que o cliente tiver problema com seu produto ou serviço, isso é um problema seu sim. Parece básico dizer isso, mas vale a pena ler o que aconteceu na “Hora H” e compreender a profundidade das frases “o cliente está em primeiro lugar” e “zelamos pelo bom atendimento”.
Penso que esta nova abordagem de atendimento, se atrelada ao processo de “customer development” das lean startups, pode proporcionar à sociedade uma nova fase de negócios realmente dedicados a servir bem. O arcabouço defendido por Philip Kotler, Hermawan Kartajaya e Iwan Setiawan em “Marketing 3.0” também facilita no entendimento e aplicação das forças que estão definindo um novo marketing centrado no ser humano.
Resumindo, a segmentação de mercado e o desenvolvimento de produto, que eram centrais nas fases anteriores da evolução do marketing no mundo, não devem ser relegados (especialmente em startups), e sim revistos a partir das práticas centradas no (que é) ser humano. Vale ler o livro também pelas diferenças que explica entre pools, webs, hubs, plataformas…
Se quiser ter certeza de que tudo isso não é só “perfumaria”, “decoração” ou “bulshitagem” (como diz @pedrosorren), leia “Lords of Strategy: the secret intellectual history of the new corporate world”, que conta o surgimento das empresas de consultoria e as mudanças nas grandes questões desafiadoras de cada época. Leia ainda “Program or be programmed”, e entenda porque a digitalização dos negócios, agora desterritorializados, possibilita escala de demanda e uma abstração propícia para camadas de simplificação que costumam ser criadas para se gerar valor longe de onde realmente “se produz algo”.
No Brasil, já tem até gente no Ministério da Cultura promovendo uma nova forma de governo, concebido como plataforma de dados! Quer algo mais simples, curto e objetivo? Leia essas 11 tendências cruciais de consumo para 2011.
Vai, imagina, modela, aplica, valida – podemos ajudar 😉