Estou sonhando com a possibilidade da abertura do grafo social há mais de um ano, quando escrevi um artigo sobre isso no webinsider: O que é grafo social e quem pode controlá-lo?
A princípio havia apenas este sonho de que eu pudesse colaborar e me relacionar com os meus amigos, com a minha rede de contatos que criei no orkut, ou no twitter, em qualquer outro lugar além destes sem precisar convidar todos eles novamente. Ou seja, poder entrar em um site fora do orkut e estando lá poder compartilhar com meus amigos do orkut.
A idéia se resume em um manifesto:
- Você deveria ser dono da sua rede social
- Privacidade deve ser levada a sério, deixando o controle nas suas mãos.
- É bom ser capaz de encontrar aquilo que já é público sobre você na internet.
- Todo mundo tem várias redes sociais, e elas não precisam estar sempre conectadas.
- Tecnologias abertas são os melhores meios para se resolver estes problemas.
A primeira iniciativa interessante neste sentido foi o Dataportability.org, cuja missão é juntar essas tecnologias já existentes – como apml, openID, microformats, RDF, RSS, OPML, Oauth – para criar uma referência de design e melhores práticas para a portabilidade de dados.
Desta iniciativa já participam gigantes do mercado de redes sociais como Google, Facebook, SixApart, Flickr e Twitter. Cada um enviou um representante oficial para ajudar. Quem está representando o Google no projeto será o próprio Brad Fitzpatrick, criador do OpenID.
Várias iniciativas concretas se seguiram a esta. A primeira foi o OpenSocial, um padrão para criação de aplicativos para redes sociais adotado pelo orkut, myspace, bebo, linkedin, entre outros, mas não pelo facebook que já tinha seu padrão próprio.
Depois do google e do facebook, MySpace lança hoje o MySpaceID
Nos últimos dias temos visto uma corrida de novos lançamentos neste mesmo sentido. Primeiro Google abriu a versão beta do Friend Connect, depois o Facebook abriu o seu Connect também e hoje o MySpace lançou o seu MySpaceID, substituindo o anterior Data Availability.
Todas estas iniciativas vão no sentido de permitir aos usuários, desenvolvedores e editores aproveitarem o grafo social, cada uma com suas características peculiares.
Como funcionam os “connects”?
É simples. Vamos imaginar um caso. O dono de um site sobre futebol se cadastra no serviço Google Friend Connect e então instala um aplicativo no seu site. Os usuários podem então se logar neste aplicativo com seus logins do orkut, fazendo então parte do site como se este fosse em si mesmo uma comunidade. Imediatamente os usuários já vêm seus amigos que também participam deste site.
Até aí nada muito novo, o (excelente!) blogblogs já faz isso há muito tempo. A novidade é que o dono do site poderá adicionar outros aplicativos sociais, que usam o OpenSocial, como por exemplo um bolão de futebol. Os usuários do site poderão usar o bolão de futebol que foi criado para o orkut, jogando com seus amigos fora do orkut.
A mágica é libertar (ou pulverizar?) as redes sociais, fazendo-as aparecerem em qualquer lugar.
Tecnologias abertas são a melhor solução.
Enquanto tanto google quanto myspace estão apostando em tecnologias livres e abertas como oAuth, OpenSocial e OpenID para implementar seus connects, Facebook insiste que a bola é sua e todo mundo tem que jogar do seu jeito, mantendo suas soluções proprietárias.
Aqui é bom lembrar uma das regras (segundo o Tim O’Reilly) da Web 2.0, com base na Lei da Conservação de Lucros, de Clayton Christensen: “lembre-se de que em um ambiente de rede, APIs abertas e protocolos padrões vencem, mas isso não significa que a idéia de vantagem competitiva vá embora”.
Ou seja, a abertura não é uma boa ação feita com o intuito de ganhar whuffies, aliás, até por isso mesmo, esses connects não significam ainda uma abertura completa do grafo, apenas abertura para que pessoas fora de uma rede aproveitem o grafo e a identidade criados na rede.
No futuro toda a web será social.
Como estes serviços acabam de serem lançados, ainda não estamos vendo nenhuma utilização muito interessante deles. Mas o futuro promete. Logo veremos aplicativos sociais muito interessantes sendo criados, que qualquer dono de site poderá utilizar e então não saberemos mais onde começa e onde terminam as mídias sociais.
Se cumprirá então a profecia em forma de design que fez Tim Berners Lee ao criar a web, que até hoje soa estranha aos nossos ouvidos: “A Web é mais uma criação social que técnica. Eu a projetei para um efeito social – ajudar as pessoas a trabalharem juntas – não como um brinquedo tecnológico”.