Criada em 2016 com o objetivo de levar as tecnologias de testagem desenvolvidas nas universidades para o mercado, a startup Safetest aproveitou seus conhecimentos no assunto e criou um teste especialmente formulado para a detecção do novo coronavírus.
A startup mineira, que está em vias de aprovar, junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), um teste para a Leishmaniose Canina – doença que pode ser transmitida de animais para humanos e vice-versa, criado em parceria com a UFMG, aproveitou o know-how e adaptou sua infraestrutura em biotecnologia para, em dois meses, criar uma versão de testagem capaz de atender às necessidades criadas pela pandemia de covid-19 com prazos e custos menores.
“Com o nosso primeiro desenvolvimento, entendemos que o método que criamos poderia ser utilizado para qualquer doença infecciosa e, então, decidimos dedicar nossos esforços e energias no teste do COVID-19”, afirma Janayna Bhering, CMO da Safetest Diagnósticos.
Com tecnologia 100% nacional, o teste desenvolvido pela startup é um teste sorológico rápido para detecção dos anticorpos IgG e IgM contra o Sars-CoV-2 semelhantes ao teste de dosagem de glicose, feito com uma gota de sangue. Porém, existe uma diferença em comparação com os outros testes do mercado, que é o uso de partículas virais sintéticas de base proteica, ou seja, criadas em laboratório, o que traz o grande diferencial de ser um teste universal, detectando o vírus em qualquer lugar do mundo.
Enquanto aguardava a aprovação da ANVISA, a CMO buscou programas que viabilizassem os testes em grandes centros de saúde e encontrou o desafio “Testes acessíveis e replicáveis de diagnóstico da covid-19” do IdeiaGov, Hub de Inovação que traz soluções de mercado e da sociedade para desafios do Governo do Estado de São Paulo.
Após se inscrever e passar por todas as etapas, Janayna acredita que o IdeiaGov surgiu para facilitar o contato com o governo. “A maioria das empresas estava focando nos testes produzidos fora do Brasil, mas nós tínhamos o que eles precisavam, por um preço menor do que os estrangeiros e mais eficazes. Aproveitamos a oportunidade para validar que nosso teste, 100% nacional, iria ajudar os centros de saúde de São Paulo e, também, do Brasil”, comenta a CMO.
O uso da abordagem apresentada pela startup resultou em um teste sorológico contra a covid-19 de alta acurácia, ou seja, 100% de sensibilidade e 99,5% especificidade. Os diferenciais apresentados foram potenciais de detecção precoce, baixo custo, replicabilidade, resultados confiáveis, facilidade e simplicidade de utilização.
Além disso, outro grande diferencial da Safetest Diagnósticos é o fato de o teste ser universal, ou seja, ele é capaz de detectar qualquer variação já identificada do vírus, em qualquer parte do mundo. “Para chegarmos nesse nível de precisão, analisamos mais de 3 mil genomas”, explica Janayna.
Agora, com a aprovação da ANVISA para o teste Elisa e com o processo do IdeiaGov correndo bem, a CMO acredita que o próximo passo é começar a testar os pacientes junto aos hospitais e instituições parceiras do programa e conseguir provar a eficácia do teste. “Sabemos que o Brasil ainda testa pouco e temos como objetivo mudar esse número. Conseguimos produzir cerca de 3 milhões de testes rápidos e 1 milhão de testes Elisa para covid-19 por mês e, com as parcerias que estão surgindo, podemos aumentar esse volume para 5 milhões”, finaliza Janayna.