O desenvolvimento de novas tecnologias impõe um desafio às empresas que querem adotá-las, mas operam em um país de dimensões continentais: a conectividade. O Brasil, segundo ranking do Global Connectivity Index, calculado pela Huawei, é o 44º nesse quesito, entre os 79 países considerados. A internet móvel, que amplia as possibilidades de comunicação, já chegou em algum grau a todos os 5.570 municípios, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Muitos deles, no entanto, ainda estão nos anos 1990 em qualidade do serviço. As redes 4G, por exemplo, chegam hoje a 4.997 cidades.
Para alguns tipos de negócios, que se desenvolvem em áreas distantes dos grandes centros, a comunicação é um fator crítico. Mas como assegurá-la onde a conectividade é restrita? Conheça três iniciativas que estão facilitando a comunicação em regiões remotas do país:
Comunicação para equipes e centros de operação no setor elétrico
Empresas do setor elétrico, como as distribuidoras de energia, precisam manter equipes de manutenção da rede circulando em todos os cantos do país – dos mais acessíveis aos mais ermos. “Em regiões distantes, que normalmente possuem pouca cobertura de celular e de rádio, as equipes de campo podem encontrar dificuldades para obter uma comunicação limpa, sem interrupções”, diz André Nazário, responsável pela área de produtos da Byne, que desenvolve soluções de comunicação para ambientes críticos.
Diante dessa dificuldade, a Byne firmou uma parceria com a multinacional americana Globalsat, provedora de serviço móvel por satélite. Com o acordo, a opção de telecomunicação via satélite passará a ser oferecida no ControlONE, plataforma que une telefonia, rádio, vídeo e mensagens, usado em centros de controle operacional para manter contato com equipes de campo. As empresas do setor elétrico – como Itaipu, Eletrosul, Taesa, StateGrid, Neoenergia, Eletrosul, Copel – estão entre os principais usuários do ControlONE da Byne, mesmo antes do lançamento da opção satelital. “A parceria nos permite oferecer comunicação rápida e direta entre equipes de campo e centros de operação, de qualquer lugar, sem necessidade de uma infraestrutura, como ocorre com sistemas tradicionais de radiocomunicação”, afirma Nazário.
Telemetria no agronegócio
No agronegócio, que tem usado cada vez mais a tecnologia como aliada, a conectividade nos campos possui um leque que compreende: 3G/4G, rádio, satélite e híbrido (que combina duas ou mais tecnologias). A partir disso, o país caminha para solucionar os desafios da telemetria (transmissão remota de dados) para, por exemplo, o rastreamento de matéria-prima e acompanhar processos de aplicações de insumos (fertilizantes, defensivos, sementes etc), itens que correspondem por mais da metade dos custos de produção em praticamente qualquer cultura.
“Com a informação em tempo real, a correção de eventuais desvios pode ser feita antes que o talhão/fazenda termine, evitando o excesso ou falta de material, reduzindo custos e melhorando o volume da produção”, explica o presidente da divisão de Agricultura da Hexagon, Bernardo de Castro. A empresa, líder global em sensores, software e soluções autônomas, desenvolve e fornece soluções de tecnologia da informação que desencadeiam todo o potencial da produção agrícola.
Castro explica, ainda, que também é possível aumentar a confiabilidade no apontamento de dados de máquinas, podendo ser configuradas para identificação automática das atividades executadas, resultando na possibilidade de automação dos fluxos de trabalho e não somente das máquinas individualmente. “Acreditamos que a telemetria vai trazer cada vez mais ganhos ao agronegócio brasileiro, como o aumento da eficiência logística pela adoção dessa tecnologia combinada com softwares de otimização (ao invés de simples rastreadores)”, encerra o presidente.
Plataforma de integração para áreas sem conexão
Fazer a integração de diferentes sistemas que envolvem um negócio, como softwares e aplicativos, gera economia de tempo e dinheiro para as empresas. Por esse motivo, cada vez mais as empresas estão buscando plataformas de integração como serviço (iPaaS, na sigla em inglês). A empresa de consultoria especializada Gartner prevê que até 2022, empresas vão investir US$ 3 bilhões em soluções iPaaS na busca por maior eficiência operacional.
No entanto, estas soluções comumente funcionam na nuvem, o que pode gerar dificuldades para empresas localizadas em locais remotos, com baixa ou nenhuma conectividade. A plataforma APIPASS desenvolvida pela catarinense Supero Tecnologia tem justamente esse diferencial. “Além de ter opção 100% cloud, a plataforma tem o formato híbrido, que permite que as empresas façam integrações de sistemas que estão alocados em servidores internos, por exemplo, sem depender de internet. Temos clientes em cidades do interior com internet fraca, outros com projetos em áreas remotas sem internet, mas que conseguem utilizar a solução de modo offline”, explica Valdemir Silveira, executivo de operações e negócios responsável pela plataforma.