O novo aplicativo chinês Zynn, que paga seus usuários para assistir a vídeos e já é um dos mais baixados nos Estados Unidos, visa ofuscar o popular TikTok.
A interface do Zynn, quase idêntica à do TikTok, oferece vídeos curtos para compartilhar, geralmente humorísticos ou que mostram os usuários dançando músicas animadas. Este mesmo conceito fez com que a chinesa TikTok se estabelecesse rapidamente no exterior como o aplicativo preferido dos adolescentes, com mais de 800 milhões de usuários.
O Zynn, atualmente disponível apenas nos Estados Unidos e Canadá, quer ir mais além também. Para conseguir, o aplicativo lançado no mês passado por Kuaishou, a segunda central de vídeos da China, remunera os usuários quando convidam seus amigos para baixar o aplicativo: até US$ 20 (17,6 euros) por cada nova pessoa e dependendo de sua atividade na plataforma. Assistir aos vídeos no Zynn também permite ganhar pontos, que podem ser convertidos em dinheiro.
Esse sistema de recompensas é comum na China, onde as empresas emergentes não hesitam em gastar milhões para arrebatar usuários de seus rivais, que geralmente oferecem serviços idênticos.
Qual é o valor agregado?
Mas o sucesso de Zynn “dependerá de seu valor agregado” e de se o fato de receber dinheiro é ou não “secundário”, afirma o analista Rui Ma, que apresenta o podcast Tech Buzz China, especializado em novas tecnologias.
Zynn terá de “atrair os melhores criadores de conteúdo, talentos e marcas para compartilhar vídeos” e, no médio prazo, gerar renda através da publicidade para ser rentável, alerta o analista Man-Chung Cheung do gabinete Insider Intelligence, especializado no mundo digital.
Zynn também terá de enfrentar as crescentes tensões entre a China e os Estados Unidos, que já colocaram seu rival TikTok e outras empresas tecnológicas chinesas sob uma maior vigilância do governo americano.
Os Estados Unidos suspeitam que o TikTok seja uma ferramenta de espionagem para os serviços de inteligência chineses, o que a empresa nega.
Para evitar controvérsias, Zynn mantém um perfil baixo sobre suas origens: seu site menciona apenas um endereço físico nos Estados Unidos, em Palo Alto, Califórnia. “Zynn é um produto destinado ao mercado americano”, afirma à AFP um porta-voz do aplicativo.
Kuaishou, a empresa matriz, tem sua sede em Pequim e a startup conta com o apoio de Tencent, a gigante chinesa da internet conhecido pelo famoso aplicativo WeChat, com mais de 1 bilhão de usuários na China.