Uma ideia inovadora é só o ponto de partida para a criação de uma startup. Da ideação à realização do primeiro MVP, são vários os desafios que os fundadores, ou founders, encontram para pivotar e escalar o negócio. Segundo Priscilla Erthal, sócia-fundadora da Organica Evolução Exponencial, aceleradora de pessoas e negócios que já impactou 100 empresas pelo país, founders geralmente são pessoas com um tipo de liderança que “faz chover”, ou seja, que buscam alternativas para realizar o que é necessário.
Abaixo, a Organica, que já acelerou startups como Méliuz, Modal Mais, Mercado Bitcoin, Gupy, Beep e Rocket.Chat, elenca as principais dores que os founders têm a partir do momento que decidem empreender no meio de startups.
Sócios e parceiros
No início tudo parece um sonho, mas conforme os desafios aparecem, é normal haver conflitos entre os sócios ou parceiros das startups, e não faltam motivos para isso: o negócio tomou rumos diferentes, os planos de vida já não são mais afins, outras oportunidades surgiram. Por isso, é bastante comum o rompimento de sociedades e parcerias conforme a startup cresce. A dica aqui é buscar perfis de sócios que se complementem (de áreas técnicas diferentes, por exemplo) e criar regras claras desde o início da parceria.
Encontrar o modelo de negócio certo
Transformar uma ideia em negócio pode ter muitos caminhos e saber qual o melhor deles é uma grande dificuldade encontrada em novos negócios; é o que se chama de Product Market Fit.
Gestão de pessoas
Liderar, gerenciar as atividades do time e as necessidades de cada um é um desafio em qualquer empresa. E nas startups não é diferente, embora talvez seja ainda mais difícil pelo time reduzido e acúmulo de funções que o founder tem, principalmente no estágio inicial;
Encontrar as pessoas certas
Além dos sócios, que já mencionamos acima, outro desafio é encontrar investidores, prestadores de serviços e/ou os colaboradores certos. Afinal, nem todos os profissionais compartilham dos mesmos objetivos e valores que você e nem todo investidor vai se interessar pelo seu negócio. Por isso, é muito importante as startups saberem seu DNA, o conjunto de comportamentos mais desejados, e contratar por esse fit, o famoso fit cultural, e não contratar por uma questão puramente técnica.
Escalabilidade e crescimento
Ganhar em escala é, sem dúvidas, o principal objetivo de uma startup e é justamente uma dor de quem está fundando uma marca no meio de inovação, já que não existe uma fórmula mágica ou uma receita única para isso; A grande dor aqui é tentar diversos caminhos e acabar não encontrando seu modelo escalável.
Máquina (ineficiente) de vendas
Para escalar e crescer, é preciso uma máquina de vendas que funcione bem em todas as etapas do funil de vendas – e até mesmo antes dele. Ter a jornada do cliente mapeada e funcionando é, com certeza, um ponto crítico para o sucesso; O erro mais comum que encontramos, no entanto, é não ser efetivamente user centric, ou seja, não ter uma persona-alavanca clara.
Falta de planejamento financeiro
Ter pouco capital para crescer ou ter capital demais e não saber como investir para garantir a sustentabilidade do negócio pode ser um problema. Às vezes, nem toda startup bem-sucedida precisa ambicionar ser um unicórnio e ter um valuation de bilhão, basta ter o mindset de uma startup zebra, ou seja, voltada para o crescimento sustentável; Em geral, founders têm diversas competências, mas a menos comum é de ser um bom administrador financeiro.
Falta de coragem para lidar com as incertezas
Certeza mesmo, quase ninguém tem – sobre nada. Mas, no que tange às startups, elas são ainda maiores. Lidar com mudanças muito rápidas neste mercado de forma ágil e estratégica é essencial; Ser dominado pelo medo, e paralisar, ou não ter a coragem de tomar a decisão mesmo quando não se tem todas as informações necessárias são os casos mais comuns.
Burocracia
Essa provavelmente é a dor mais básica de quem tem uma ideia com grande potencial e quer tirá-la do papel. A burocracia pode estar relacionada com a formalização da empresa, a abertura de contas em bancos e, inclusive, o registro de patentes. Organização e bons direcionamentos nesta hora fazem toda a diferença;
Multitarefa
Muitas vezes, uma startup surge como um sonho individual. E aí o desafio é conciliar multitarefas e atuar desde o desenvolvimento do produto ou serviço até o atendimento, atividades financeiras e relacionamento com possíveis investidores. E tudo isso sem contar aqueles founders que ainda se dividem entre outras atividades profissionais ou outras startups, o que não é raro;
Roni Cunha Bueno, sócio-fundador e CEO da Organica, explica que à medida que a startup vai crescendo, o número de tomada de decisões e a velocidade com que elas acontecem também aumenta. “Por isso, é muito importante ter um planejamento bem feito e uma liderança corajosa, que tenha coragem de abraçar a incerteza e falta de previsibilidade e encarar a gestão e o planejamento como processos criativos, fluídos e descentralizados”, finaliza ele.