* Por Marcelo Andrade
A adoção do home office como ambiente de trabalho já enfrentou resistência, mas a quarentena do covid-19 está acelerando a transformação digital e mudando o cenário. Ao experimentar essa modalidade flexível de operação, muitos empreendedores começaram a perceber que as condições para rodar um negócio remoto já existem, bem como a enxergar benefícios para o futuro.
A Lucalex, empresa que fundei em 2012, é remota desde seu primeiro dia. Por isso, eu gostaria de compartilhar alguns dos insights que desenvolvi e que podem ajudar você a superar os desafios de administrar um empreendimento digital.
Administrar equipes remotas pode ser mais fácil se você planejar a formação
Uma das primeiras preocupações de muitos empreendedores na hora de gerenciar um negócio virtual é o controle de produção da equipe. Na maioria das vezes, a ideia é de que os colaboradores serão improdutivos em casa ou que é impossível gerenciar os processos a distância. Esses cenários podem acontecer, mas cabe a você evitá-los. Para isso, você pode contar com uma vantagem subestimada do trabalho remoto: o acesso a talentos.
Na Lucalex, temos profissionais espalhados em 7 cidades de 3 países. Apesar de estarmos posicionados em Toronto, a quarta maior cidade da América do Norte, não limitamos nossa busca por talentos ao cenário local. Em plataformas como LinkedIn e Upwork, você pode encontrar candidatos com as habilidades que você precisa e que já tenham experiência com a colaboração virtual. Dependendo da atividade e da flexibilidade do seu negócio em adotar um ambiente bilíngue, esses profissionais podem ser até estrangeiros.
Entre os vários benefícios dessa estratégia, podemos destacar dois que são essenciais para garantir a produtividade do seu negócio:
– Profissionais habituados ao trabalho remoto não demandam uma supervisão rígida para entregar resultados;
– Contratar especialistas para pontos específicos da sua cadeia de produção reduz a necessidade de treinamento e otimiza o desempenho do seu negócio.
Caso você esteja convertendo uma empresa física em um negócio remoto, faz sentido que você queira manter sua equipe. Nesse caso, seu objetivo deve ser fornecer as condições para que esses profissionais se adaptem ao novo modelo e, a partir desse ponto, usar novos métodos de contratação de reforços.
Pensar na formação da sua equipe como etapa fundamental para a produtividade remota e para o gerenciamento de processos também vai facilitar a escolha das ferramentas de colaboração. E esse é o tema do nosso próximo tópico.
Existem muitas ferramentas de colaboração, mas você precisa de um padrão
Várias ferramentas estão disponíveis para cada necessidade de um negócio remoto, entre opções gratuitas e pagas. No primeiro momento, isso parece trazer apenas vantagens. Afinal, quanto mais instrumentos à disposição, melhor será o trabalho, certo? Bem, nem sempre.
Um erro frequente é unificar os sistemas de ERP, CRM e e-mail, mas usar sem critério plataformas para todas as outras necessidades, como armazenamento de arquivos, agenda, videoconferência, análise de dados, entre outras.
Imagine como é difícil acompanhar os processos se o colaborador A usa Google Drive, Apple Calendar, Zoom e Relefant, enquanto o colaborador B só trabalha com OneDrive, Google Calendar, Skype e Mode.
Sendo assim, é importante dedicar um tempo para definir quais serão as plataformas em que você e sua equipe vão concentrar os projetos. Seja através de um provedor central para todas as ferramentas ou integrando opções de desenvolvedores diferentes, vale a pena ouvir seu time de especialistas antes de fazer essas escolhas.
Rodar um negócio remoto é um passo em direção à internacionalização
Quando você perceber que tem uma empresa remota operando, com a equipe encaixada e ferramentas escolhidas de acordo com seu modelo de negócio, vai chegar a outras conclusões que podem fazer toda a diferença. Uma delas é a percepção de que sua ideia pode se encaixar em outros mercados.
Você já quis levar suas soluções para outros países? Já pensou em competir em um ambiente de negócios mais favorável? Então saiba que, assim como é possível vencer o mito da improdutividade no home office, você também pode tornar sua expansão internacional um objetivo real.
Quando o peso de uma operação física complexa deixa de existir, você ganha mobilidade suficiente para migrar sua empresa para outro país. Essa é uma meta possível para empresas de qualquer porte, inclusive micronegócios — que têm uma flexibilidade até maior para se adaptar ao mercado-alvo.
Nesse momento, é normal que você se pergunte “como vou saber se meu produto é relevante em outros mercados?”, mas a pergunta que você deve fazer é “como posso tornar meu produto relevante em outros mercados?”.
Em outros ambientes corporativos, ao contrário do Brasil, a forma de fazer negócios vai além da reputação ou de ter grandes clientes em sua carteira. A chave para conquistar boas oportunidades, a partir do momento em que você tem um negócio remoto em mãos e visualiza um projeto de internacionalização, está na adaptação das suas soluções às necessidades de cada cliente.
Na newsletter da Lucalex, compartilhamos uma série de dicas sobre internacionalização de negócios e ações positivas para empresas que estejam migrando para uma operação remota em virtude dos desafios impostos pelo covid-19.
Explore novas oportunidades
Empreender envolve uma dose de experimentação de possibilidades. Seja na formulação de um negócio remoto, na elaboração de um projeto de internacionalização ou em qualquer objetivo, considere as mais diversas possibilidades. Você vai descobrir que essa mentalidade compensa.
Bons negócios!
Marcelo Andrade é formado em Engenharia Mecânica no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e mestre em Economia pela Universidade de Toronto. É especialista em análise de risco-país e já trabalhou na Alcan, Volvo, Enbridge, Ryerson University, Royal Bank of Canada, HSBC e Nuveo. Atualmente, é CEO da Lucalex e presta consultoria para empresas que desejam expandir suas operações para o Canadá.