Nos últimos dois anos, o setor alimentício e de restaurantes teve que se adaptar com a chegada da pandemia da Covid-19. Com o isolamento social e as portas fechadas, a migração para o delivery teve que ser rápida e precisa, mas aqueles que não conseguiram acompanhar a digitalização sofreram grandes impactos.
Segundo uma pesquisa da Associação Brasileira de Franchising em parceria com a consultoria Galunion, no início da pandemia, o faturamento de delivery era de 18% e saltou para 36%. O estudo foi feito com 85 marcas que contam com 15 mil unidades espalhadas pelo Brasil, e detectou importantes movimentos no setor, como a criação de novos canais de venda, a implementação de dark kitchens e a digitalização da interação com o cliente.
O Burger King, por exemplo, vem investindo desde o início de 2021 em seu delivery próprio, tendo 45% dos seus restaurantes atuando no novo serviço e inaugurou um Hub logístico para focar nas demandas da área.
A marca está passando por uma transformação e mirando na direção das foodtechs, segundo o VP de Vendas, Marketing e Tecnologia do Burger King Brasil, Ariel Grunkraut. “O Hub logístico funciona como uma ferramenta estratégica para atender nossa demanda de delivery, de forma muito mais ágil e eficiente. Por meio desse sistema, conseguimos incluir diferentes fornecedores logísticos, alocando e selecionando o parceiro que poderá oferecer ainda mais agilidade nas entregas dos pedidos para o consumidor. Apostamos em plataformas próprias, como delivery próprio, para reforçar nossa aceleração e transformação digital em busca de nos tornarmos uma foodtech”.
O novo método também está atrelado à emancipação dos deliverys disponíveis no mercado. Com a entrega própria é possível alcançar novos consumidores, com uma malha logística mais ampla e ainda construir uma fidelização com eles, criar táticas únicas, como descontos exclusivos, fugir das taxas cobradas pelos aplicativos, que chegam a 30% do pedido e não depender das decisões repentinas das companhias de delivery, como o caso do Uber Eats, que irá encerrar sua operações no Brasil em abril.
De acordo com o Burger King, o delivery próprio permite uma experiência melhor para os fãs e heavy users da marca, com o acesso maior na monitoria das entregas. “Assim garantimos uma excelência desde o atendimento até a qualidade do produto que vai chegar na casa do consumidor. Os entregadores são contratados diretamente por nossas três empresas parceiras, parte de nosso Hub Logístico”, afirma Grunkraut.
Com o foco na digitalização e acesso direto ao cliente, o Burger King também lançou no ano passado o Clube BK, um programa de fidelidade gratuito para os consumidores que já soma mais de 3.8 milhões de usuários cadastrados. Os clientes acumulam pontos, através de suas compras pelos canais digitais, incluindo o app e totens, ou ao informar o CPF em lojas participantes, que podem ser trocados por produtos ou descontos.
A expectativa é que até o final do primeiro trimestre de 2022, o delivery próprio do Burger King cresça 40% em termos de território, com presença em 140 cidades.
Mesmo com a reabertura dos restaurantes, os clientes parecem preferir o consumo em casa. No terceiro trimestre de 2021, o Burger King registrou novo recorde de vendas digitais, totalizando R$ 231,1 milhões. “A pandemia mudou os hábitos de consumo das pessoas e vimos que o digital seria a grande fortaleza do nosso negócio. Conseguimos nos antecipar e acelerar projetos que estavam previstos para cinco anos em apenas cinco meses. A área de tecnologia segue sendo uma de nossas grandes apostas para o ano de 2022”, finaliza o VP de Vendas.
Burger King faz mudanças e aposta em delivery próprio para se tornar uma foodtech
Por Bruna GalatiLeia em 3 minutos
Bruna Galati
Jornalista formada pela PUC-SP, com experiência em jornalismo digital. Entusiasta da educação, inovação e tecnologia.