* Por Paulo Justino
Diante de tantas transformações que ocorrem dia após dia no ambiente corporativo, a melhor resposta que uma empresa pode oferecer é justamente fazer algo diferente, alterar a forma como ela atua e se posicionar em seu segmento. Não à toa, hoje a inovação é considerada uma necessidade estratégica nas organizações – pior do que mudar e errar é simplesmente manter o que já não vem dando certo. Entretanto, a prática é bem mais difícil do que a teoria. Ter disposição para criar um ambiente de inovação é um passo importante, sem dúvida, mas é preciso ir além e adotar medidas que possibilitem essa virada na cultura e na operação do negócio.
Não faltam levantamentos que comprovem esse cenário desafiador dentro das corporações. Estudo realizado pelo Instituto FSB Pesquisa para a Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que 83% das empresas admitem que precisam de mais inovação para crescer ou até mesmo sobreviver em seus segmentos no cenário pós-pandêmico. O avanço do novo coronavírus, aliás, evidenciou a dificuldade que elas têm em lidar com mudanças. Praticamente dois terços (65%) das médias e grandes companhias tiveram a produção reduzida ou paralisada no período e 69% garantem que perderam faturamento.
Ser uma empresa inovadora é difícil, porque não depende apenas do investimento em tecnologia e da vontade de seus líderes – ainda que, evidentemente, sejam fatores importantes. Toda inovação começa com uma boa ideia e, para isso, todos os colaboradores precisam estar confortáveis para comunicar essas propostas a seus superiores. Dessa forma, antes mesmo de contratar as ferramentas necessárias, é preciso garantir que a cultura da organização ofereça essa oportunidade. Quando a pessoa tem confiança para pensar em soluções diferentes em seu dia a dia, naturalmente vai desenvolver algo inovador que pode impactar não só seus colegas, mas todo o mercado.
É nisso que surge o conceito de intraempreendedorismo, ou seja, o incentivo à prática empreendedora dentro de uma empresa. Com essa estratégia incorporada à rotina, os profissionais têm os meios e a liberdade de idealizarem ferramentas, modelos ou propostas que atendam aos objetivos do negócio em relação a seus produtos ou serviços. Mas a pergunta fundamental retorna: como fazer isso? Como escalar essa ideia e transformá-la em algo lucrativo e vantajoso? O cenário econômico incerto (dentro e fora das organizações) exige que a aposta seja certeira.
Assim, a melhor alternativa para estimular esse ecossistema de inovação dentro das empresas é implementar a proposta de spin-off. Isto é, transformar projetos internos em startups, com a possibilidade de criação de uma nova empresa com o apoio de investidores venture builder.
Essa tática representa um novo mindset dentro da organização e apresenta um conjunto de ferramentas, técnicas e métodos utilizados mundialmente. Mais do que encarar a proposta como um processo a mais em sua rotina produtiva, o profissional pode desenvolver algo que realmente vá mudar sua vida e trazer grandes frutos para sua carreira e seus parceiros.
A transformação digital colocou em evidência a necessidade de as empresas se reinventarem constantemente. Não faltam exemplos de grandes corporações que sucumbiram justamente por não inovarem e mudarem seus modelos de negócios. A busca por inovação, portanto, deve ser contínua e fazer parte dos objetivos de qualquer empresa. Dessa forma, cada projeto interno vai ser encarado por seus participantes como uma oportunidade de mudar e proporcionar vantagens para eles, a empresa, os clientes e o setor como um todo.
Paulo Justino é Fundador e CEO da FCJ Venture Builder, investidor e mentor de startups. Possui 36 anos de experiência na área de tecnologia. Atuou como CIO no Triângulo Mineiro e como diretor comercial por 15 anos. É formado em Administração pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e em Marketing pela Estácio de Sá.