O mercado das startups nunca esteve tão em alta no Brasil. É o que mostram os dados divulgados pelo Inside Venture Capital Report, relatório produzido pelo Distrito Dataminer. Segundo o levantamento, as startups brasileiras receberam cerca de US$ 6,6 bilhões em investimentos entre os meses de janeiro e agosto de 2021, valor que ultrapassa a captação alcançada no ano de 2020, que foi de US$ 3,55 bilhões.
Bruno Drummond, VC Advisor e sócio da Drummond Ventures – braço de investimentos do grupo Drummond Advisors , que atua como uma venture builder americana para empresas do Brasil e dos Estados Unidos -, afirma que hoje no Brasil existem dois ambientes favoráveis para o movimento das startups: “Em primeiro lugar, fazer negócios no Brasil, por natureza, é moroso. Nesse contexto, aqueles que pensam lateralmente e criam soluções para fazer processos mais rápidos, em todos os segmentos, alcançam mais oportunidades. Em segundo lugar, existem poucos players no ambiente de negócios. Por exemplo, poucos bancos dominam o mercado, são poucos grupos financeiros, poucos investment brokers. Enfim, são poucos grandes players que fazem aquilo há muito tempo. E as startups têm por objetivo quebrar o paradigma de como as coisas são feitas e tentar ver de uma maneira diferente, sempre tendo o cliente como referência para crescer. Esse é o grande diferencial”.
Drummond explica que os investidores estão em busca de diversificar os investimentos, o consumidor procura novos produtos e serviços, e o mercado por si só precisa ser mais eficiente para fazer as transações. Ao mesmo tempo, os jovens estão cheios de ideias. Essa conjuntura reflete no que pode ser visto hoje dentro do Brasil. “Esses jovens questionam o status quo, a maneira como as coisas são feitas. E esse questionamento é primordial, pois aliado aos outros fatores que eu citei anteriormente, cria esse momento muito bom de se ver no Brasil, onde novas startups estão crescendo e saindo do chão, conseguindo tração no mercado, tanto no financeiro quanto no de clientes. A partir do momento em que essas novas startups chegam a um ponto no qual já possuem um Produto Viável Mínimo (MVP) e esse produto pode ser comercializado, os investidores só precisam colocar dinheiro para trazer mais pessoas para expandir, prestar serviço, adquirir novos clientes e nova musculatura para crescer. No Venture Capital brasileiro temos um ambiente financeiro onde o pessoal está investindo bastante dinheiro e alcançando respostas positivas com cada vez mais startups que conseguem escalar”, comenta.
Internacionalização para startups
Nesse contexto, a internacionalização ajuda em todos os aspectos, segundo o empresário. Para o executivo, uma startup que pensa em nascer e servir somente ao Brasil está assinando sua própria carta de falecimento, já que a competitividade hoje em dia é grande e a nível global. “Startups de outros lugares do mundo estão vindo para o Brasil e confrontando as empresas brasileiras, disputando espaço. O investidor que procura startups brasileiras para investir já assume que as empresas estão pensando global e não somente a nível nacional. Se uma startup for um player regional, por consequência, o seu valor de mercado também ficará limitado pela área geográfica em questão com transações apenas em reais. E isso dificulta as chances de capitalização para venda deste produto no exterior, por exemplo.”
O especialista ainda dá uma dica para quem está no início da jornada por esse vasto universo: fique de olho no mercado de Israel. “Para aqueles que estão começando, eu diria que existem bastante empresas que podem ser fontes de inspiração, mas eu acho que seria interessante dedicar um tempo ao estudo do ecossistema de Israel. Trata-se de um ambiente de negócios pequeno, em termos de fronteiras, então as empresas que surgem por lá já nascem com o pensamento global”, explica.
Drummond destaca que as startups israelenses fazem uma análise diretamente focada em quais são os serviços e soluções que podem entregar no âmbito global. “É importante observar onde existe uma necessidade, validar aquela necessidade diante do mercado, validar o produto, e pensar simples. Reunir um, dois, três, quatro, cinco inputs no máximo para encontrar a resposta que estiver precisando sobre o seu produto. No momento em que você conseguir fazer isso, será suficiente. E isso vale para fazer negócios em qualquer lugar no mundo”, finaliza.