O Distrito Ventures, braço de venture capital da empresa de inovação aberta Distrito, acaba de anunciar um aporte de R$ 3 milhões em três fintechs brasileiras: a Atta, plataforma de crédito imobiliário, seguros e garantia locatícia para corretores de imóveis e incorporadoras; a BLU365, de recuperação de crédito; e a SuperSim, de microcrédito voltada a pessoas físicas. Ao Distrito Ventures, se juntam outros investidores estratégicos e fundos locais e estrangeiros – totalizando um montante de mais de R$ 12 milhões nas três empresas.
Com os novos investimentos, o Distrito Ventures já soma 21 startups em seu portfólio, em um volume que supera R$ 21 milhões. Entre os primeiros aportes, ainda em 2014, um na Neon Pagamentos, uma das principais contas digitais do País. De lá para cá, foram quatro saídas – movimento que marca a venda da participação para outros investidores ou players estratégicos e o retorno do capital investido.
“Buscamos empreendedores talentosos e resilientes, que tenham o mundo como objetivo. Para encontrá-los, utilizamos uma base de dados proprietária construída ao longo de quatro anos. Com dados, é possível tomar decisões mais assertivas e com maior potencial de retorno”, afirma Gustavo Gierun, cofundador do Distrito. A preferência do Distrito Ventures é por investimentos em empresas ainda em estágios iniciais – rodadas nomeadas como Semente, para o caso de startups com modelos de negócio ainda em validação, e Série A, para empresas já validadas e reconhecidas, mas ainda carentes de escala.
A aposta no segmento financeiro deve-se, principalmente, à maturidade dos empreendedores se dedicando a solucionar as ineficiências do mercado, à recente evolução da regulação brasileira nesse setor e, ainda, à liquidez disponível para esta indústria, tanto para novos investimentos quanto para fusões e aquisições. “Investimos majoritariamente em fintechs, mas varejo, agronegócios e saúde são outras áreas nas quais enxergamos bastante potencial”, afirma Gierun. “Mais do que áreas específicas, entretanto, priorizamos startups que fazem uso intenso de análise de dados, inteligência artificial e visão computacional”, completa.
Os aportes não se limitam ao capital do grupo. Quando enxerga uma boa oportunidade, o Distrito aciona investidores de sua rede para coinvestir na rodada. Ainda assim, a empresa mantém-se responsável pela gestão e pelo acompanhamento da investida. Em média, os aportes são da ordem de R$ 1 milhão, mas podem variar de R$ 300 mil a R$ 2 milhões.
Sobre as startups
A Atta é uma plataforma criada para resolver gargalos importantes do mercado imobiliário e que usa inteligência artificial para facilitar o acesso ao crédito, além de tornar mais ágil e transparente o processo de compra, venda ou aluguel de um imóvel
A proptech, como são chamadas as startups voltadas para o mercado imobiliário, já é parceira de grandes imobiliárias, bancos e incorporadoras. Com a rodada, que contou ainda com outros fundos – entre os quais a Fisher Venture Builder, que ampliou sua participação –, a empresa se consolida como a maior proptech independente (não ligada a bancos) do mercado e pretende investir em tecnologia, marketing e na formação de mão de obra
“Até agora, temos crescido com foco no B2B, otimizando os processos típicos de transações imobiliárias. Conseguimos diminuir a cadeia de intermediários e, com isso, reduzir desde o tempo médio para a emissão de um contrato, até antecipar o fluxo de caixa para um vendedor. Estamos nos preparando para escalar o negócio e a ideia é atuar também no B2C”, afirma Renato Caporrino, CEO da Atta, se referindo ao consumidor final.
Já a BLU365 é uma fintech de recuperação de crédito, que surgiu tanto para auxiliar instituições financeiras e prestadoras de serviços a alcançar clientes inadimplentes quanto para ajudar o consumidor no planejamento para quitar dívidas e ficar no azul durante os 365 dias do ano.
Com atuação em diferentes segmentos e indústrias, a startup já auxiliou mais de 3 milhões de famílias a negociarem seus débitos em atraso. Por meio da análise de dados, consegue compreender o perfil de cada cliente antes de propor um acordo, garantindo assim maior eficiência operacional e efetividade em resultados.
O site da startup conta ainda com artigos e orientações financeiras gratuitos, além de indicações de serviços e plataformas que podem gerar uma renda extra ao usuário. “Nosso foco não é apenas o pagamento da dívida, mas, principalmente, devolver ao consumidor o poder de crédito”, afirma Alexandre Lara, CEO e cofundador da BLU365.
A fintech, que recebeu seu primeiro aporte em 2016, do conhecido fundo de venture capital Monashees, recebe uma nova rodada de investimentos, liderada pelo Distrito. Este conta ainda com a participação da Plug & Play, maior aceleradora de startups do Vale do Silício e que em 2019 anunciou a abertura de seu primeiro escritório da América Latina em São Paulo, no Brasil.
“Com o investimento total da rodada, iremos evoluir nosso modelo de negócio. Vamos acelerar ainda mais nossos investimentos em data science e expandir para novos setores de atuação. Continuaremos a ser protagonistas e o parceiro de preferência das empresas que buscam ganhos de eficiência na gestão das dívidas vencidas em seus balanços”, comenta Lara.
Por fim, a SuperSim é uma fintech de crédito pessoal que atende, majoritariamente, o público das classes C e D, cidadãos com pouco acesso ou restrição ao crédito – negativados inclusive. “Por meio de uma robusta plataforma de dados e tecnologia, conseguimos aprovar clientes que não têm nenhuma alternativa de crédito no mercado. Nossa missão é promover inclusão financeira”, afirma Daniel Shteyn, presidente da SuperSim.
Da rodada de investimento, além do Distrito Ventures, participam também investidores-anjo e family offices, a maior parte deles estrangeiros. “Até então, o capital próprio financiou o desembolso dos empréstimos. Com o montante captado, além da carteira de crédito, vamos investir na equipe e em ferramentas que melhoram o produto e a experiência dos usuários”, comenta Antonio Brito, CEO da SuperSim.