No mundo das startups, se existem pessoas que devem ser ouvidas são os investidores. Afinal, são eles que podem dar o dinheiro que irá impulsionar o negócio e fazer que ele cresça muito em pouco tempo. Uma mesa da Campus Party 2014 reuniu aceleradoras e investidores para que eles falassem mais sobre o que buscam em startups e empresas iniciantes. Giuliano Bittencourt, da SEED (aceleradora do governo de Minas Gerais); Antonio Marcon, da Samsumg (que investe no Brasil desde julho do ano passado); Débora Basso , da Artemisia (aceleradora fundada em 2004 focada em empresas que tenham impacto social); Fernando Bresslau, da Aceleratech; Fábio Takabatake, da F2 investimentos e Anderson Thees, da Redpoint Investimentos estavam na mesa e comentaram o que buscam em startups.
Débora, da Artemisia, é bem clara no que busca nas startups que irá acelerar. A aceleradora apoia negócios de impacto social. “Queremos empresas que busquem acompanhar o momento de inserção das classes C, D e E no mercado”, define. O programa da Artemisia de aceleração dura três meses e visa trabalhar com estratégia.
Fábio Takabatake diz que a F2 Investimentos busca startups em períodos iniciais, mas afirma oferecer algo mais além do dinheiro. “A gente tem um espaço, mentores, uma rede de contatos muito rica e temos como propósito acompanhar as empresas nas quais investimos de perto”, diz.
Antonio Marcon, representa um grupo da Samsung que tem um programa de desenvolvimento de startups. “Esse programa já funciona em vários países. Na Coreia do Sul tem cerca de 70 empresas que receberam investimento do exterior e mais recentemente o programa foi também para o Vale do Silício”, afirma. Marcon diz que o investimento busca a prospecção tecnológica. “O Brasil tem 40 parques tecnológicos e até 2017 esse número deve subir para 95. O país está no mapa da inovação principalmente para investidores que querem converter pesquisa em tecnologia aplicada”, diz Marcon. A Samsung começa oferecendo processos de bolsa, depois processos de imersão e na sequência pode acontecer uma aquisição de capital.
Giuliano Bittencourt, da aceleradora SEED, oferece aos acelerados R$ 80 mil por seis meses de aceleração. “Procuramos empreendedores com boa equipe, que tenham uma boa ideia, mas que principalmente saibam utilizar essa ideia”, afirma Bittencourt.
Fernando Bresslau, da Aceleratech, afirma que a aceleradora tem duas turmas de acelerados já completas. “A gente procura startups digitais e gostamos bastante de startups que vendem pra empresas”, diz Bresslau.
Anderson Thees, da Redpoint e.ventures foi o mais incisivo. “Investimos em startups de internet que tenham visão diferencial. Nosso ticket típico vai de US$ 2 milhões a US$ 4 milhões”, disse. A Redpoint é uma joint venture de dois fundos do Vale do Silício. “Fomos criados para ter presença local no Brasil e trazer o espírito de trabalho de lá”, afirma. Thees fala que a barra para a seleção de startups é “altíssima”. “Quando selecionamos startups, pensamos em startups que não vão precisar de ajuda nenhuma. A gente busca o empreendedor mais completo possível, com a equipe mais completa”, diz. E dá uma dica preciosa aos interessados: “é super comum empreendedor que quer demonstrar apreço dizer pro investidor ‘estudei vocês, gosto do estilo de trabalho de vocês, tanto que só estou conversando com vocês como investidor’. Não há nada pior de ouvir”, diz. Para ele, a afirmação demonstra imaturidade.
De dicas para anotar, Marcon finaliza elogiando empresas com patentes. “Quando chega na minha mão um produto com patente significa que o empreendedor sabe escrever, é capaz de se organizar e de passar por um processo de burocratização com paciência. Dá sinais de que aquele empreendedor possui um nível de disciplina acima dos demais, um dos componentes necessários para fazer um bom negócio”, diz.