Biotecnologia, hardware, robótica, games: essas são áreas nas quais investe o Clarence Tan, quem entrevistei há alguns dias. Nascido na Malásia, Clarence fez carreira nos EUA, Ásia e Austrália, onde está baseado, na Costa Dourada (Golden Coast).
Empreendedor, professor universitário, investidor, mentor, evangelista de startups, Clarence tem uma trajetória que ainda não é comum por aqui: orienta alunos de doutorado em engenharia, mas tem a realização de investimentos em startups intensivas em tecnologia como sua principal atividade.
Ele investiu em mais de 10 empresas e lidera a rede de investidores anjos “Golden Coast Angels“. Para gerenciar seu portfólio de empresas investidas e realizar novos investimentos, criou a Austanco, uma ‘investment & holding company’.
A Austrália é um país em estágio de desenvolvimento posterior ao brasileiro, com um PIB per capita mais que quatro vezes maior que o nosso. Possui recursos humanos qualificados, grandes empresas, universidades conceituadas e forte lógica empreendedora – fica atras apenas dos EUA no ranking de empreendedorismo do GEM.
Esse ambiente pode parecer pródigo para florescer uma comunidade de startups globais de alto desempenho, certo? Pois é; na conversa que tive com o Clarence, ele apontou vários ‘limites’ do ecossistema australiano:
- Falta de venture capital;
- Dificuldades institucionais e dos modelos de pensar na relacao entre universidades e empresas;
- Inovadores e tecnologistas nao estao acostumados a empreender, apaixonam-se pelas suas ideias e nao conseguem ‘pivotar’ modelos;
- Investimentos concentrados em setores tradicionais, como produção de alimentos e mineração, com pouco foco em inovação.
Você conhece algum lugar parecido? (É uma pergunta retórica, mas pode responder nos comentários).
Uma consequência disso é que muito empreendedores australianos estariam buscando ir para os EUA. Mas a situação está mudando – seja pela necessidade econômica, investimento chinês que começa a olhar as oportunidades em startups e inovação e o próprio desenvolvimento do ecossistema local.
Conversamos também sobre Sudeste da Ásia, um gigantesto mercado, ávido por novos modelos e produtos. Lá como aqui as ‘barreiras culturais’ são importantes, ‘medo de fracassar’ é uma coisa importante.
Resumo da história: todos os ecossistemas de inovação e startups tem seus limites, mas estão todos olhando para os mais dinâmicos no mundo e ‘correndo’ para avançar. Quem souber aprender com os outros e se conectar globalmente tem o que ganhar (dinheiro, inclusive)!
Para fechar: existem possibilidades para empresas e startups brasileiras na Austrália e na Ásia. Quem tiver interesse pode contatar o Clarence para falar a respeito!