Observação: este artigo faz parte do meu novo livro “Dicas e Segredos para Empreendedores”.
Se levarmos em consideração que as estatísticas de sucesso de investimento anjo e venture capital (VC) são inferiores a 50%, o título correto deste artigo deveria ser “Os Investidores na Maioria das Vezes Não Têm Razão”, mas como hoje eu também sou um investidor, preferi amenizar para dar algum crédito para nós. Mas vamos falar do que interessa: por que estou fazendo esta provocação “contra nós”?
Pois percebo que muitos empreendedores ficam frustrados quando recebem um “não” do investidor, o que não deixa de ser natural, mas alguns chegam até a desistir do negócio logo nos primeiros nãos que recebem. Por isto, eu ressalvo, quando recuso uma oportunidade de investimento, que minha decisão não significa que o negocio não é bom – significa apenas que não se enquadra em meus objetivos.
O que me inspirou a escrever este artigo foi uma ótima conversa que tive com o empreendedor Juliano Primavesi, fundador e CEO da KingHost, uma bem sucedida empresa de hospedagem e serviços de Internet de Porto Alegre, fundada em 2006, com atualmente mais de 60 mil clientes e 260 mil sites hospedados, sendo uma das líderes deste mercado. Observando que, pela minha ótica atual de investidor, minha primeira avaliação é que se trata de um serviço comoditizado, isto é, em que a competição é puramente por preço, fiquei muito curioso sobre como ele conseguiu crescer tanto em tão pouco tempo e ter um negócio rentável.
É claro que a resposta óbvia é “pela sua competência”, mas empreendedores não fazem milagres e ao longo da conversa percebi que a minha ideia preconcebida não era uma verdade absoluta: haviam muitas oportunidades de agregar valor ao serviço ofertado, especialmente pelo atendimento ao cliente. Enfim, este é um caso típico que os investidores anjo e VCs recusam de imediato (como eu já fiz anteriormente), mas que mesmo assim pode ser um bom negócio para o empreendedor, se ele conseguir criar uma diferenciação. Assim, não desista ao ouvir os primeiros nãos; lembre-se que pelo grau de risco que estes investidores tomam, o potencial de retorno precisa ser muito superior a média, mesmo de bons negócios.
Apenas para ilustrar melhor este ponto: enquanto que um retorno de 20% a 30% ao ano sobre o patrimônio está muito bom para empreendedores e investidores de negócios tradicionais, quando falamos de investimento em startups, ou seja, negócios com alto grau de inovação, aonde a incerteza impera, para compensar o maior nível de risco, é necessário que se tenha potencial de ROI entre 40% a 50% a.a., daí a necessidade de diferenciação.
Concluindo: ao procurar um investidor, veja se o interesse/perfil dele se adequa ao seu tipo de negócio, pois o não dele na maior parte das vezes significa que não é o que ele procura, mas não que seu negócio deixe de ser bom.