O professor que tem que competir com Facebook, Twitter e Instagram precisa de apoio do material didático e a equipe da EvoBooks quer trazer para o jogo um livro didático digital que seja mais do que um PDF para ser lido no tablet. A startup juntou designers de game com professores para criar uma série de aplicativos que se adequam ao conteúdo ensinado nas escolas brasileiras.
“Pegamos o currículo das escolas e adicionamos recursos 3D, de interatividade e gamificação”, conta Felipe Rezende, cofundador da empresa, que chegou ao mercado no início do ano escolar de 2013, mas está em pesquisa e desenvolvimento desde 2011.
O período incubando ideias e desenvolvendo projetos já gerou oito aplicativos, disponíveis, por enquanto, para Windows e Google Play. Eles funcionam como apoio para pedaços da grade curricular tradicional. “Priorizamos conteúdos de impacto no currículo e cobrimos o ensino fundamental 2 e o Ensino Médio”, explica o sócio. Segundo ele, essas matérias foram escolhidas porque trazem um grau maior de maturidade e não têm tanto conteúdo digital disponível atualmente–geralmente, diz Felipe, os aplicativos estão concentrados na fase de alfabetização das crianças.
Já usado em escolas particulares e em um projeto do governo do Rio na Rocinha, os aplicativos têm trazido um aumento da curiosidade e do engajamento dos alunos, segundo Felipe. Ele dá destaque para o fato de que o mesmo aplicativo é usado na escola particular e na Rocinha, dando as mesmas oportunidades para os alunos de diferentes realidades sociais.
Felipe também se orgulha ao contar do uso dos EvoBooks em uma escola para surdos. Segundo ele, a equipe da startup ganhou uma motivação extra quando recebeu uma carta da diretora da escola, agradecendo pela novidade e dizendo que ela ajuda no aprendizado de quem não pode ouvir.
Atualmente, a equipe da EvoBooks tem 13 pessoas em tempo integral, além de professores e os quatro cofundadores Felipe, Carlos Grieco, Gustavo Rahmilevitz e Guilherme Otranto. A empresa foi aberta com aporte dos fundadores e primeiros investidores do Buscapé, mas não divulga o valor do seed.
Segundo Felipe, um dos grandes desafios da startup é estar alinhada ao ciclo de venda e fluxo de caixa do sistema escolar. Ele explica que os valores dos contratos são maiores, mas os gastos são feitos com antecedência de, no mínimo, um ano. “Compensa economicamente o investimento, mas ao levantar o capital precisamos deixar claro que o ciclo é longo. Já estamos em oito colégios particulares e duas parcerias no setor público.”
Para o futuro, a EvoBooks planeja um aumento da cobertura curricular e um aumento do grau de gamificação dos aplicativos disponíveis.