Maria Fernanda de Azevedo Antunes Junqueira, fundadora e CEO da CupoNation, tem tudo para se tornar um dos expoentes femininos do empreendedorismo no Brasil. Depois de estudar o assunto por dois anos em Chicago e passar por três startups norte-americanas, ela lançou no Brasil a CupoNation, site que reúne cupons de desconto, com um aporte inicial de R$ 23 milhões da Rocket e já ajudou a levantar uma segunda rodada na casa dos “milhões de euros”, anunciada em março.
Depois de tanta injeção de dinheiro, vem o trabalho duro. Sentei com a Maria Fernanda, que é formada pela FGV e tem especialização pela Universidade de Chicago, para conversar sobre como estão sendo esses meses subsequentes ao anúncio do novo aporte. Ela falou sobre como o investimento está sendo aplicado, o canal que abriu com os varejistas, a análise de ir pro off-line e como ela nem pensa em vender a empresa agora.
Colocando o dinheiro na empresa
“Obviamente, nós temos um calendário de desembolso de capital, um plano de investimento pros próximos anos e já estamos investindo. Estamos com quase dez pessoas na equipe e estamos contratando. Temos pessoas na Alemanha, mas toda a estratégia e a execução ficam no Brasil.
Vamos usar o dinheiro para a nossa expansão, para melhorar a experiência do usuário no site e no marketing, claro, para divulgar o site e atrair o tráfego. Esses são os dois principais investimentos.”
Canal aberto com os varejistas
Atualmente, estamos em dez países, e o Brasil foi um dos três primeiros. Entrei no projeto em agosto de 2012, participei do desenvolvimento da ideia, da adaptação para os outros países. Minha experiência nos Estados Unidos me mostrou que as pessoas usam muito os cupons de desconto lá. Ele ajuda a atrair novos clientes, fidelizar os antigos e a imagem da empresa com o consumidor melhora.
Em agosto, eles estavam estudando o setor de descontos e entraram em contato comigo. O nosso site brasileiro é feito por brasileiro e pra brasileiro. Toda a dinâmica é diferente aqui, como no relacionamento com os varejistas.
A gente também percebeu que tinha que fazer um processo de mostrar para as empresas que o cupom não é a compra coletiva, apesar de às vezes os dois usarem o mesmo nome. Percebi que tinha uma certa resistência, mas fomos mostrando dados do mercado lá fora. Também estamos num processo de educar o público e mostrar que é diferente. Nós queremos ser um elo entre o varejista e o consumidor final.
Pelo modelo da CupoNation, o usuário não paga nada. Quem paga as contas da empresa é o varejista e os modelos de repasse de dinheiro podem variar. A gente também cobra, por exemplo, por espaço publicitário no site, e-mail marketing.
Esse relacionamento criou um canal aberto com os varejistas. Eles estão dispostos a dar descontos para campanhas específicas e já temos 400 parceiros no site. Temos uma proposta democrática: são descontos para qualquer tipo de pessoa e idade. Tem chocolate, vinho, cosméticos, eletrodoméstico, academia, etc.
Pro futuro
Nós analisamos se vale a pena expandir pro off-line, mas o nosso mercado online é o foco. Também pensamos na expansão pra América Latina, mas não posso adiantar nada sobre isso ainda.
Sobre possíveis fusões ou aquisições, estamos sempre abertos a conversar, mas vender a empresa 100% agora não. Temos um comprometimento de longo prazo com os varejistas. Conseguimos construir uma empresa que pode ser considerada sólida em pouco tempo, de forma acelerada.
Aprendizados de Chicago
Foram dois anos em Chicago, onde participei como voluntária da criação de três startups e várias competições de negócios. A primeira coisa que você aprende é que é importante planejar, mas que sempre haverá surpresas. Só na prática você vê como as coisas funcionam e isso não é uma coisa ruim.
Também percebi que pra empreender tem que ter sangue frio, saber que vai errar e não desanimar. É muito planejamento, muito estudo, para amenizar a possibilidade de erros, mas você vai errar e ele não vai te fazer cair.”