Há trinta anos, a disparidade entre o pagamento de um CEO e o de um funcionário simples era de 42 vezes. Significa que, se o funcionário mais simples recebesse R$ 678,00 como pagamento, um CEO receberia até R$ 28.476,00. Já em 2012, se o funcionário mais simples recebesse R$ 678,00 como pagamento, um CEO chega a ganhar 354 vezes este valor: R$ 240.000,12.
Obviamente, cada empresa pague o quanto quiser e puder. Também obviamente, não basta você lançar uma página “em breve”, assinar seus emails como CEO e esperar um salário assim. Estes números são apenas o resultado de um estudo feito nos Estados Unidos pela revista Businessweek entre 1982 e 2002, depois continuado com dados de 327 companhias e de pesquisas salariais.
Quem quiser ficar boquiaberto com outras comparações, pode consultar o infográfico abaixo, republicado a partir do site da AFL-CIO, uma espécie de “federação de todos os sindicatos” nos Estados Unidos (reunindo 57 deles, que representam 12 milhões de trabalhadores). Vale notar que isso acontece em meio à falência de cidades antes poderosas, como Detroit, e à tentativas de governos como o da Filadélfia, de fecharem 70 escolas públicas, para cortarem gastos.
Não estou questionando o mérito, estou apenas imaginando se essa disparidade teria algo a ver com o fato de a economia ocidental ter praticamente quebrado inteira há pouco tempo. Culpa dos pobres, claro. Números brasileiros, alguém? Só lembro da musiquinha: “onde o rico fica mais rico, e o pobre fica mais pobre”.
A pergunta que fica é: estamos inovando tanto, entrando na era digital e do conhecimento, para realmente fazer um mundo melhor? Melhor para quem? A democratização é real, eu sei que sim, eu vejo – mas também vejo que certas vantagens competitivas vão se acumulando e reforçando diferenças.
Para mim, a esperança está no capitalismo da economia colaborativa, na peer-to-peer e nos negócios com impacto social. Sem isso, provavelmente não seremos Primeiro Mundo (e mesmo assim, ainda haveria chance de acontecerem distorções tão desproporcionalmente grotescas assim).