Os membros participantes da comunidade de startups e dos governos precisam entender que estão em universos diferentes e paralelos, segundo disse Brad Feld, um dos criadores da aceleradora TechStars, em uma passagem pelo Global Entrepreneurship Congress.
“É um alerta para que o governo e os empreendedores tentem respeitar que estão em dois universos paralelos. Os membros do governo devem apoiar os líderes da comunidade de startups, e não tentar controlá-los.”
Brad se posicionou de maneira forte sobre a relação entre esses dois universos. Segundo ele, a comunidade de startups funciona como uma rede – “você não precisa preencher um formulário e se inscrever para ter um papel de liderança, para participar de um evento” – enquanto o governo, frequentemente, está mais focado nos recursos a curto prazo – “eles trabalham em cadência de quatro anos, porque é quanto dura um governo, pelo menos nos EUA”. As dinâmicas entre os dois universos são diferentes e, para Brad, o erro está no momento em que o mundo empreendedor vê no governo uma liderança.
“Em muitos casos e lugares, o melhor que o governo pode fazer é ficar fora do caminho das startups”, disse. “Muitas pessoas se empolgam em medir coisas que não são importantes e o governo, especialmente, é muito focado nisso. Frequentemente, o governo também toma decisões ruins sobre onde destinar seu capital, sem grandes impactos. Enquanto isso, os empreendedores estão lutando para causar grande impacto.”
Ele citou como exemplo um caso em Kansas City, cidade nos Estados Unidos que recebeu o projeto da internet em alta velocidade do Google, o Google Fiber. Segundo o empresário, algumas pessoas se juntaram para comprar casas em uma região menos favorecida da cidade, para instalar lá startups e ver como elas produzem produtos com essa conexão tão boa de internet. “Aquele bairro estava tendo dificuldades econômicas e agora vê um renascimento por iniciativa de algumas pessoas, já que a comunidade ali começa a se movimentar”, disse.
Brad foi um dos empresários que comprou uma casa na cidade e forneceu o espaço para que empreendedores montassem seus projetos, sem precisar pagar aluguel. “É um experimento. Eu não pego participação nas empresas, só quero ajudar a comunidade”, conta. Segundo ele, a melhor coisa que alguém que quer ajudar pode fazer é investir dinheiro, tempo e recursos na próxima onda de startups. “É um jeito bom de ajudar quem te ajudou a ser bem sucedido.”
Brad finalizou sua participação no painel com uma declaração sobre a filosofia de vida de quem quer ajudar as startups:
“Acredito que é melhor tocar a vida usando a filosofia de dar antes de saber o que você tira do negócio. Tentar contribuir com energia, tempo e dinheiro para a sua comunidade local de startups, sem saber o que você ganhará com isso. Se você conseguir focar nisso, após um longo período de tempo – acredito – tirará muito mais do que colocou.”
Foto: Legal deixar claro que a foto acima não foi tirada durante o GEC, evento no Rio, e sim disponibilizada no Flickr de um evento anterior, e colocada sob licença CC. Acesse o perfil do fotógrafo